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Trabalho híbrido ganha força com a pandemia

11 de outubro de 2021 / Consultoria / por Comunicação Krypton BPO

Medo, surpresas, descobertas. Em meio ao indesejável cenário pandêmico, a realidade do trabalho no Brasil mudou. As partilhas sobre o “novo normal” no mercado passaram a ser constantes e revelaram as mais distintas realidades: o sonho de acompanhar o crescimento dos filhos, a percepção de que o trânsito até o trabalho causa efeitos negativos na produtividade e, mais recentemente, a estafa pela falta de convívio social decorrente do trabalho remoto. 

E a busca pelo equilíbrio entre as relações de trabalho acelerada pelo período mais rígido de isolamento social aponta, cada vez mais, para o modelo de trabalho híbrido como solução. Conforme aponta pesquisa da Thomas Case & Associados realizada em maio deste ano, 61,9% das pessoas respondentes relataram estafa emocional em algum momento do trabalho remoto

Com a escuta de 100 profissionais a partir do nível pleno, de segmentos como transporte, logística, meio ambiente e saúde, o levantamento revelou também que 68,6% dos entrevistados sentem falta da troca de informações com os colegas de trabalho. Além disso, os dados demonstram que 70,3% dos profissionais estão preparados para o retorno ao regime presencial e outros 23,7% ainda preferem o remoto. Vale destacar, todavia, que 76,3% apontam o modelo híbrido de trabalho como o ideal

Conforme avalia a reitora da Skema Business School, Geneviève Poulingue, instituição privada de ensino superior, o trabalho híbrido é um contrapeso àquele realizado 100% em casa e que, em muitas casos, pode deteriorar a saúde mental das pessoas que suportam cargas pessoais e profissionais mais duras e, até mesmo, caso essa pessoa esteja isolada. 

“O retorno ao trabalho presencial pode ser um caminho de reeducação para retomar as relações sociais no trabalho e criar fronteiras entre o trabalho e a vida privada. Todos sabemos como é importante ‘desligar’ digitalmente tanto de nossas vidas profissionais quanto de nossas aplicações privadas. Estamos diante de dilemas de dependência de ferramentas digitais que muitas vezes resultam na perda da capacidade de experimentar plenamente o momento presente ao estarmos conectados a vários sistemas em paralelo”, avalia a reitora. 

De tendência à realidade 

De acordo com a gerente de relações empresariais da Skema Business School, Ana Cristina Gazzola, em meio às diversas tendências que foram aceleradas a partir da pandemia da Covid-19, o mercado de trabalho reflete o modelo híbrido como uma direção que veio para ficar. No entanto, para Gazzola, o número de pessoas que farão parte dessa realidade irá depender das atividades desempenhadas, do setor e da cultura organizacional.

Ainda de acordo com Ana Gazzola, entre as indicações que explicam a manutenção do regime estão a busca pelo melhor equilíbrio entre a vida profissional e pessoal, redução de custos por parte das empresas e menos tempo gasto na mobilidade, no caso dos trabalhadores. “Vários fatores deverão ser avaliados no processo decisório, mas as empresas terão que alinhar seus objetivos e propósito com os dos colaboradores”, afirma a gerente da Skema Business School.  

Em relação às desvantagens, ela lembra que no caso das empresas a integração de novos colaboradores e a adaptação dos líderes ao regime são desafios que devem ser considerados. Para os trabalhadores, a gerente chama a atenção para a redução do conhecimento sobre novos projetos dos quais os profissionais poderiam participar como candidatos, por exemplo. 

Para a analista de combate à lavagem de dinheiro da Hotmart, Cibelle Alves Rodrigues, que sempre trabalhou presencialmente e durante a pandemia passou a trabalhar remotamente, essa relação entre o deslocamento e o convívio social determinam a preferência pelo modelo híbrido

“No começo eu achei muito estranho adaptar à nova rotina. A eficiência foi praticamente a mesma que tinha antes, mas o que fazia falta era trabalhar com pessoas ao meu lado. Com o tempo do trânsito você pode fazer outras coisas, acordar mais tarde, mas eu gosto de ir à empresa para ter o contato com as pessoas”, conta a analista, que atualmente atua no regime híbrido. 

Condições de trabalho e custos têm de ser considerados

Em meio à novidade que o regime representa para muitos negócios brasileiros, o advogado trabalhista membro da Comissão de Apoio Jurídico às Micro e Pequenas Empresas da Ordem dos Advogados Brasil em Minas Gerais, Eduardo Sousa Lima Cerqueira, aponta que as empresas devem observar, principalmente, a questão de ergonomia e segurança do trabalhador

“É necessário verificar se as condições do teletrabalho atendem aos critérios de saúde assim como atendiam na empresa. É preciso também observar a vontade do trabalhador e ter um acordo já que o local de trabalho está sendo alterado, sendo importante também a celebração de um aditivo de contrato de trabalho estabelecendo o novo regime”, explica Cerqueira.  

Segundo o professor da Faculdade de Ciências Econômicas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Ivan Beck Ckagnazaroff, é importante avaliar as condições de trabalho em casa e também a divisão dos custos com energia elétrica e compra de computadores e o abismo digital, por exemplo.

“Esses custos precisam ser divididos. Se não, obviamente, o empregado assume os custos da empresa, ele traz para casa. Em relação às condições de trabalho, temos que levar em conta que muitas pessoas não têm internet, porque exige uma diferença de acesso à internet que precisa ser considerada também. Às vezes o trabalhador utiliza a internet no trabalho, mas não tem em casa”, avalia o professor.

Fonte: Diário do Comércio

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