Seja rápido para errar e mais rápido para se recuperar. Duas décadas atrás, uma frase assim jamais seria sussurrada nos corredores das empresas, amigas da previsibilidade e das projeções anuais de lucro. Hoje, a inovação é um imperativo. A velocidade de transformação das tecnologias implica em maior necessidade de adaptação dos negócios. A questão não é mais errar, mas como superar o erro de maneira rápida e decisiva.
Em janeiro de 2015, quando o protótipo de foguete desenvolvido pela SpaceX explodiu na tentativa de aterrisagem, o empresário Elon Musk definiu aquele dia como “excitante”. A reutilização de foguetes é uma etapa crucial para as viagens comerciais interplanetárias, propósito que ainda parece distante e utópico. Um erro dessa magnitude seria suficiente para desacreditar investidores e atirar o projeto às gavetas.
Um ano depois, a aterrisagem foi concluída com sucesso. O sonho de ter um foguete 100% reutilizável ainda não foi alcançado, porém Musk prometeu atingir esse objetivo até 2018. A questão é que, se o erro não fosse visto como uma etapa crucial do processo de inovação, poucos engenheiros e designers da SpaceX estariam dispostos a apostar a própria carreira em uma ideia megalomaníaca.
O limite entre o pensamento criativo “fora da caixa” e o acidente que gera inovação é bem confuso. Antes da Penicilina, doenças como a Tuberculose eram tratadas como morte certa. A descoberta acidental do antibiótico por Alexander Fleming — ele esqueceu placas com culturas de bactérias no laboratório ao sair de férias — deu início a uma nova era no tratamento de doenças.
É importante enfatizar que a tolerância ao erro nas empresas refere-se ao risco de apostar em novas ideias, e não à ociosidade, baixa performance e incompetência. Como já afirmava Louis Pasteur, “nos campos da observação, o acaso favorece apenas as mentes preparadas”. Confira abaixo quatro dicas para implementar uma culturade tolerância ao erro sem ser complacente com a incompetência.
1. Tenha equipes diversificadas
Em geral, o perfil procurado por recrutadores dificilmente envolve qualidades como “cautelosa”, “conservador” ou “pessimista”. Empresas querem profissionais entusiasmados, criativos, cheios de energias e com ideias novas a cada xícara de café.
No entanto, pouca inovação irá se desenvolver em um ambiente monocromático. As equipes devem ser compostas por pessoas com diferentes backgrounds – o que inclui diversidade sexual, étnica e social. Dessa maneira, um erro desnecessário pode ser neutralizado antes de ser cometido e diferentes soluções para um mesmo problema são apresentadas.
2. Reconheça os esforços
A melhor maneira para um profissional saber que está no caminho certo é quando seu trabalho é reconhecido. Quando se trata de um erro, essa atitude assume uma importância ainda maior. Ao reconhecer que o erro foi parte de uma atitude desejável e estimulada, a liderança manda um recado claro para os demais funcionários: sejam ousados.
O reforço negativo, por sua vez, fará com que a equipe permaneça cada vez mais inibida. Novas ideias vão surgir, porém permanecerão circunscritas aos protestos silenciosos dos funcionários e dificilmente serão compartilhadas com a liderança indisposta a assumir o risco.
3. Estimule o pensamento criativo
A inovação só nasce em solo fertilizado pela criatividade. Embora essa seja uma característica individual, a organização tem um papel fundamental no estímulo do pensamento crítico e criativo.
O pensamento criativo envolve incertezas, contradições, visões de mundo distintas e conflitos. Salvador Dalí, conhecido pintor surrealista, defendia que “é preciso provocar sistematicamente confusão. Tudo aquilo que é contraditório gera vida”.
Confusão em um ambiente controlado e tolerante pode ser a fonte para novas soluções.
4. Planeje e saiba alterar o curso
Erros acontecem no melhor ou pior dos cenários. E quando acontecem, não adianta procurar culpados ou chorar no canto do escritório: é necessário saber o que será feito dali em diante. A equipe precisa de uma orientação e os líderes precisam ser resilientes.
Com o tempo, a empresa poderá ter tomado um rumo diferente daquele que foi imaginado no início. Porém não haverá traço de remorso ou arrependimento. Se o planejamento tivesse permanecido fixo, em determinada altura o negócio iria perder sua relevância.
Fonte: Administradores