Colunista Mundo RH, Fabiana Galetol, diretora executiva de Pessoas e Responsabilidade Social Corporativa da Pluxee Brasil
Há um movimento mundial no mercado corporativo por transformações, modernização de culturas e mais tecnologia para facilitar o dia a dia. Na mesma velocidade, surgem novas funções e formações que melhoram o fluxo de gestão de pessoas. O desafio é identificar, no momento certo, a necessidade de adequações e fazer as movimentações corretas dentro da organização.
Uma das ferramentas que facilitam muito nesse processo é a educação corporativa que, quando bem aproveitada, impulsiona o desempenho dos profissionais e identifica a possibilidade de ajustes, como realocar o colaborador em um novo posto dentro da companhia. Estamos falando aqui dos conceitos conhecidos como upskilling e reskilling, cada vez mais usados para aproveitar talentos ao mesmo tempo em que atende demandas internas da organização.
Trocando em miúdos, o upskilling é o investimento direcionado à melhora do conhecimento e das habilidades em áreas nas quais o profissional já atua. É uma ferramenta importante para atrair e reter talentos em processos de seleção, além de trazer muitas vantagens para a equipe. Como, por exemplo, garantir a atualização sobre as novidades do segmento; oferecer especialização em determinadas áreas; preparar o colaborador para posições mais altas na empresa e qualificá-lo para cargo de liderança. Para os gestores, o conceito promove o estreitamento na relação com o funcionário, estrutura melhor planos de carreira, melhora a agilidade, eficiência e qualidade das entregas.
Já o reskilling é a busca por um novo conjunto de habilidades ou a oportunidade de acesso a uma área diferente da ocupada até então. O conceito caminha lado a lado com a constante movimentação do mercado e com o surgimento de novas profissões e posições. Para a equipe, traz vantagens como uma melhor adaptação às demandas; experiência diversificada na carreira; preparo para assumir novas funções e muito crescimento profissional. A companhia ganha na melhora do vínculo com o colaborador, na retenção e otimização de talentos e no fortalecimento de equipes multidisciplinares qualificadas, com habilidades competentes para atender às demandas.
Com tantas vantagens nesses conceitos, por que ainda há corporações que não investem no desenvolvimento do seu público interno? A resposta é complexa e leva em conta muitas variáveis. No entanto, ainda vejo que falta uma percepção mais apurada sobre as vantagens em valorizar e empoderar o colaborador. Um estudo feito pela McKinsey & Company revelou que 9 em cada 10 gerentes sofrem com a falta de habilidades em determinadas profissões e que 87% das companhias não têm os talentos que vão precisar no futuro. O levantamento ainda indica que 40% das habilidades centrais dos trabalhadores atuais devem mudar nos próximos 5 anos e 50% dos profissionais precisarão de reskilling até 2025.
Um fator muito latente que, por si só, justifica o investimento em treinamentos e implementação de conceitos é a motivação provocada nos profissionais. A Geração Z, por exemplo, tem como forte característica a crença de que aprender é a chave para alcançar uma carreira de sucesso. Ou seja, os programas de upskilling e reskilling reforçam a sensação de pertencimento ao trabalharem habilidades como liderança, influência social, pensamento analítico e crítico, inovação, aprendizagem ativa, design e programação de tecnologias. Ao mesmo tempo em que são aplicados, os conceitos geram lucro para a companhia e contribuem para sua imagem positiva de marca empregadora. Com uma menor rotatividade de profissionais, há menos gastos com processos seletivos e desligamento de pessoas.
Um olhar humano e atento para as equipes é a melhor forma de identificar qual caminho seguir. O time de RH pode aplicar esses tipos de programas começando pelo mapeamento das habilidades disponíveis na sua força de trabalho, além de verificar quais são os gaps profissionais e como preenchê-los. Ouvir os colaboradores para entender o que buscam para suas carreiras e elencar todas as capacidades necessárias para atingir os objetivos pré-definidos da corporação são outros pontos importantes.
Neste ponto, a presença de um gestor preparado para ajudar a equipe a definir estratégias e próximos passos se torna essencial. Quando falo em gestor preparado, me refiro àquele líder eficiente, com valores alinhados aos objetivos corporativos e que busca incessantemente a excelência no trabalho que entrega. O gestor é o elo forte entre o colaborador e a empresa e é quem direciona o clima da equipe, para o bem ou para o mal. Ou seja, como espelho da companhia para a equipe, consegue identificar e direcionar melhor os talentos e apoiar o RH na aplicação de treinamentos e realocações, se for o caso.
Além do olhar humano, também vale investir em soluções tecnológicas para encontrar mais rapidamente os talentos com perfis para as oportunidades disponíveis e criar um programa de desenvolvimento profissional contínuo, que englobe o aperfeiçoamento de habilidades para atuação nas áreas atuais, bem como o aprendizado de novas técnicas.
Quando oferecemos um ambiente de trabalho motivador e uma cultura organizacional que estimula o crescimento e a evolução do profissional, minimizamos os prejuízos intelectuais e financeiros, ao mesmo tempo em que fortalecemos o time com talentos diversos e habilidades para superar os desafios. Pense nisso.
Fonte: Mundo RH