A pandemia de Covid-19 transformou o mundo radicalmente. Além do caos sanitário global e da crise econômica sem precedentes, acelerou tendências de consumo e comportamento e alterou o mercado de trabalho, impondo novos tipos de relações para responder ao advento do trabalho remoto para carreiras e atividades antes impensadas.
Nesse quadro em que a transformação virou a regra, antigos códigos de disciplina, hierarquia e controle já não servem para organizar a rotina produtiva dentro das empresas e líderes e liderados precisam acelerar a adaptação à nova realidade, sob pena de não mais terem espaço em um mundo do trabalho desmaterializado e flexível.
De acordo com a diretora de RH da Luandre, Gabriela Mative, paradoxos como autonomia versus direção, cooperação versus competição e desenvolvimento versus manutenção da cultura organizacional estão ligados à estrutura das relações de poder. A Luandre é uma das maiores consultorias de RH do País, com mais de 50 anos de mercado.
“Em termos de gestão, as empresas brasileiras ainda têm muita necessidade de controle. Para esse novo momento vamos ter que ter a gestão de baixo pra cima, vindo da ponta. As empresas precisam de um olhar mais voltado para o resultado. Com isso, vão começar a recrutar pessoas que tenham esse olhar. O perfil comportamental terá mais peso em relação ao técnico”, explica Gabriela Mative.
Nesse contexto, as lideranças precisam ser maleáveis para construir novas formas de se relacionar com os comandados, dando autonomia e ao mesmo tempo servindo como um orientador, que ajuda o time a entender as metas e objetivos, se manter motivado e encontrar os melhores caminhos para a entrega e superação de resultados.
“O líder que não estiver pronto agora, não vai ficar mais. Tivemos dois anos de uma adaptação muito difícil, a fórceps. Quem não se adaptou, não vai sobreviver. Se esse líder não permitir que a decisão fique na ponta, ele vai perecer. Do outro lado, a ponta precisa ter um olhar de empreendedor. É uma mudança de comportamento para os dois lados”, pontua.
Para que tudo isso seja possível, os profissionais e departamentos de recursos humanos (RH) são fundamentais. A ordem é ser um setor voltado para o negócio e que entende que são as pessoas as responsáveis pelos resultados.
“Antes o RH funcionava muito como uma área de suporte. Mas a pandemia mostrou que as empresas que se sobressaíram são vinculadas à tecnologia da informação, que têm RHs voltados para o negócio. Teoricamente, o RH não dá lucro, mas precisa ser um parceiro do negócio. Nesse período também se fortaleceu um RH mais voltado para a saúde mental. Passamos a entrar em detalhes da vida das pessoas que antes não íamos. Essas obrigações vão seguir com o RH. A palavra é empatia: se colocar no lugar do outro. Se estou ali pra trabalhar, não vou agir de má-fé. Por outro lado, o gestor, ter confiança de entender o outro lado”, completa a diretora de RH da Luandre.
Fonte: Diário do Comércio