A liderança de uma empresa não se reflete apenas nas decisões estratégicas ou nos resultados financeiros. Ela também se manifesta na cultura organizacional, influenciando a maneira como os funcionários se comportam, se comunicam e colaboram.
Mas até que ponto a personalidade de um CEO pode influenciar a cultura de uma empresa? É esta a pergunta que o artigo “Follow the Leader: How a CEO’s Personality Is Reflected in Their Company’s Culture”, escrito por Audrey Kim para a Stanford Graduate School of Business Insights, com base nos estudos de Charles O’Reilly, procura responder.
Antes de se tornar um especialista em liderança corporativa, Charles O’Reilly passou cinco anos no Exército dos EUA. Lá, ele testemunhou a clara distinção entre bons e maus líderes e percebeu o impacto que eles tinham sobre seus subordinados. Agora, como professor de comportamento organizacional na Stanford Graduate School of Business, O’Reilly se dedica a estudar a influência da personalidade dos CEOs na cultura de suas empresas.
Em colaboração com Xubo Cao, estudante de doutorado em comportamento organizacional na Stanford GSB, e Donald Sull, professor sênior no MIT Sloan School of Management, O’Reilly explorou como a personalidade de um líder corporativo se reflete na cultura e no desempenho da empresa. O estudo analisou as personalidades de 460 CEOs em mais de 300 empresas e comparou-as com as culturas organizacionais dessas empresas, conforme percebido pelos funcionários.
Os resultados mostraram uma correlação significativa entre a personalidade do CEO e a cultura da empresa. Por exemplo, CEOs extrovertidos ou sociáveis estavam associados a culturas que valorizavam agilidade, colaboração e execução. Já CEOs detalhistas ou altamente conscientes lideravam empresas cujas culturas valorizavam menos a agilidade e a inovação.
O’Reilly destaca que a personalidade ideal de um CEO depende muito da empresa que ele lidera. Por exemplo, uma empresa de moda pode se beneficiar de um líder aberto à inovação, enquanto um banco pode preferir alguém mais tradicional.
Para O’Reilly, a cultura corporativa não é uma qualidade abstrata, mas um ativo totalmente controlável. Ele cita exemplos de empresas como Blockbuster e Borders, que falharam por não terem uma cultura de inovação. Em contraste, empresas como Walmart conseguiram se adaptar e inovar, graças a líderes que souberam equilibrar tradição e inovação.
A cultura de uma empresa é um reflexo direto de sua liderança. CEOs que reconhecem a importância da cultura e a alinham com a estratégia da empresa têm maior probabilidade de sucesso a longo prazo. No entanto, gerenciar a cultura exige mais do que apenas reconhecimento; exige ação, adaptação e, acima de tudo, autenticidade.
Fonte: Administradores