Uma crítica comum e uma crítica construtiva podem parecer enganosamente semelhantes, mas divergem significativamente em tom, intenção, foco, nível de detalhe e entrega.
Enquanto a crítica construtiva oferece orientação e oportunidades de melhoria, se concentrando no trabalho em questão, a crítica comum muitas vezes parece negativa e julgadora, podendo tornar-se pessoal e ofensiva.
Em artigo escrito para a Fast Company, Jeremie Kubicek e Steve Cockram, especialistas em desenvolvimento de liderança e co-autores do livro “The Communication Code: Unlock Every Relationship, One Conversation At a Time”, compartilharam duas histórias que exemplificam o poder da crítica construtiva.
A primeira delas faça de Sarah, uma talentosa designer gráfica que, em um movimentado estúdio de design, apresentou seu mais recente projeto aos colegas. A sala ficou em silêncio enquanto examinavam seu trabalho e, embora Sarah tivesse dedicado todo o seu coração ao trabalho, ela sabia que não era perfeito.
Os membros de sua equipe começaram a oferecer feedback, destacando os pontos fortes e as áreas que precisavam de melhorias. Em vez de se sentir atacada, Sarah aceitou a opinião deles. Ela ouviu atentamente, pediu esclarecimentos quando necessário e fez anotações.
As críticas da equipe foram minuciosas, focando não apenas no que estava errado, mas também no que estava certo. Eles ofereceram sugestões concretas de melhoria. Sarah saiu da reunião inspirada, munida de um roteiro claro para elevar seu design. Nas semanas seguintes, ela incorporou o feedback deles e o projeto evoluiu para uma obra-prima impressionante. A disposição de Sarah em receber críticas com o coração aberto e a capacidade de sua equipe em apresentá-las de forma construtiva transformaram um bom design em um projeto notável.
Já Alex, um engenheiro inventivo, foi encarregado de criar um produto inovador. Ao apresentar seu conceito inicial à equipe, ele se preparou para as críticas. Ele sabia que este era um momento crucial e aceitou o desafio com relutância. Seus colegas fizeram perguntas investigativas, buscando compreender seu processo de pensamento e as possíveis falhas no design.
Alex sentiu-se atacado pelas perguntas deles, recebendo as críticas como um ataque pessoal à sua competência. O momento se transformou em um impasse tenso, com todos criticando suas ideias sem oferecer feedback construtivo. O produto final foi um compromisso medíocre da visão inicial de Alex, prejudicado pela relutância dos seus colegas em colaborar de forma construtiva.
A arte de fazer críticas, de acordo Kubicek e Cockram, consiste em oferecer orientação, em vez de emitir julgamentos. Ao fazer críticas, é vital abordar o processo com empatia e respeito.
“Seja articulado em sua comunicação, concentrando-se em pontos fortes e fracos específicos e, ao mesmo tempo, fornecendo feedback prático. Lembre-se de que o objetivo é ajudar a outra pessoa a crescer e melhorar, e não desmantelar sua confiança”, orientam. Neste contexto, aqui estão, de acordo com os especialistas, cinco coisas que alguém pode fazer para entregar boas críticas:
Ao fornecer feedback, seja específico sobre o que você está criticando. Aponte aspectos específicos do trabalho que requerem melhorias ou áreas que se destacam. Um feedback vago ou generalizado pode ser inútil e parecer crítico.
Além de apontar os pontos fracos, forneça sugestões práticas para melhorias. Ajude o destinatário a compreender como ele pode aprimorar seu trabalho ou habilidades. A crítica construtiva deve ser voltada para o futuro, orientando a pessoa em direção a uma solução ou melhoria.
Aborde as críticas com empatia e compreensão. Evite linguagens ásperas, que possam colocar as pessoas na defensiva, e use palavras e tons que transmitam seu desejo de ajudá-las a crescer e melhorar.
Mantenha as críticas focadas no trabalho ou na tarefa específica em questão. Evite fazer ataques pessoais ou julgamentos sobre o caráter ou as habilidades do indivíduo. O objetivo é melhorar o resultado, não criticar a pessoa.
Crie um espaço aberto e respeitoso para discussão. Incentive o destinatário a fazer perguntas, buscar esclarecimentos e iniciar uma conversa produtiva sobre o feedback. Um diálogo bidirecional permite uma compreensão mais profunda e uma troca mais eficaz de ideias para melhorias.
Além disso, saber receber críticas é tão importante quanto saber criticar. Aqui estão três maneiras de receber bem as críticas, conforme escreveram Kubicek e Cockram:
Aborde as críticas com uma mentalidade construtiva, o que significa ver o feedback como uma oportunidade de aprendizado e melhoria, e não como um julgamento de suas habilidades.
Abrace a ideia de que receber críticas é uma chance de evoluir e aprimorar suas habilidades ou trabalho. Essa mudança de mentalidade ajuda você a se tornar mais aberto a comentários construtivos.
Quando alguém fizer críticas, ouça ativamente o que eles estão dizendo, sem formar imediatamente uma resposta defensiva. Faça perguntas esclarecedoras para garantir que você compreende totalmente a perspectiva deles e os pontos específicos que eles estão defendendo. Ao procurar compreender e não assumir intenções negativas, você pode criar um diálogo mais construtivo.
É crucial distinguir entre seu trabalho ou ações e sua autoestima como indivíduo. Lembre-se de que a crítica visa melhorar a tarefa ou habilidade, não avaliar o seu valor como pessoa. Ao separar mentalmente seu trabalho de sua identidade, você pode levar as críticas menos para o lado pessoal e se concentrar nas oportunidades de crescimento que elas oferecem.
Fonte: Administradores