Nas últimas semanas, quantas vezes você “deixou para amanhã” uma tarefa muito importante até que chegasse ao limite do prazo? E nas vezes em que ocupou o horário reservado para os estudos com alguma outra atividade? Olhar para esses fatos pode despertar um sentimento de culpa, mas o ato de procrastinar nada tem a ver com preguiça ou falta de planejamento. Etimologicamente, procrastinação deriva do latim procrastinare, que significa “postergar até amanhã”. Entretanto, esse quesito está além de uma ação voluntária. A segunda derivação da palavra vem do grego antigo akrasia, traduzido como “não ter comando sobre si mesmo”.
Apesar das escolhas serem conscientes, a procrastinação é irracional. Estudos da Universidade de Sheffielde, na Inglaterra, e da Universidade de Carleton, no Canadá, indicam a relação entre o hábito de procrastinar e o controle das emoções. De acordo com a pesquisa de Fuschia Sirois e Timothy Pychyl, o “deixar para depois” é a maneira que seu cérebro encontra para priorizar o “reparo do humor a curto prazo” e, assim, deixar os objetivos e ações planejadas para um prazo mais longo.
A procrastinação, podemos dizer, funciona como um ciclo vicioso: você tem consciência sobre prazos e obrigações, mas essas tarefas, de certa maneira, colocam-o em um estado de ânimo negativo, gerando ansiedade, insegurança, tédio, frustração, estresse. Buscando soluções imediatas a esses sentimentos, seu cérebro o direciona para outras atividades e relaciona a sua “obrigação” a algo que o faz mal.
Entretanto, se a tarefa precisa ser feita, em algum momento você terá que a encarar. E o seu cérebro, que já associou aquela realidade a sentimentos negativos, entrará em alerta. O embate entre “razão e emoção”, dessa forma, trará à tona, com mais intensidade, o estresse e a ansiedade. Frente a essa “incapacidade” de seu cérebro de lidar com a situação, surgem os pensamentos de culpa, angústia e baixa autoestima.
Como evitar a procrastinação?
Sair desse ciclo vicioso não é tão simples nem tão fácil. A pesquisadora Fuschia Sirois, em entrevista ao New York Times, explica que a consciência sobre a procrastinação, muitas vezes, causa o efeito contrário e só reforça as angústias sobre o estado de suas emoções. Além disso, o lado irracional conhece os benefícios desse “alívio temporário” de se afastar de tarefas ou atividades que despertam maus sentimentos, o que o faz querer sempre buscar a zona de bem-estar. Dessa maneira, explica Sirois, a procrastinação se converte em um “hábito crônico”.
Isso quer dizer que não há solução para esse comportamento? Não exatamente. O professor PhD em Biotecnologia e especialista em Self-learning, Vasco Patú, ressalta os benefícios cientificamente comprovados da meditação. “Meditar é você cortar qualquer tipo de pensamento externo e se concentrar na respiração. Inspirar o ar pelo nariz e soltar pela boca conscientemente vai ajuda a retirar você do looping da ansiedade em menos de um minuto”, explica.
Além disso, criar hábitos saudáveis estimula a produção de hormônios que geram felicidade, como a serotonina e a dopamina, e agem em oposição à adrenalina e ao cortisol, hormônios da ansiedade e do estresse, respectivamente. “Seu cérebro aprende quando você gera benefício para si próprio. Ao reduzir os níveis ansiedade, automaticamente sua mente estará mais disposta a aprender e desenvolver novas habilidades”, acrescenta.
Fonte: Administradores