Estamos vivenciando uma das eras de maior inquietude e transformações já experimentadas pela humanidade. Essa convicção já está bem pacificada entre todos e, a despeito das resistências tácitas que ainda pululam aqui e ali, passamos da fase de ter de provar que, de fato, vivemos em uma sociedade em ebulição.
Não seria plausível supor que essa revolução não atingisse o mundo empresarial. Por vezes, esquecemos que toda organização é uma entidade social cuja existência só se justifica pelo seu processo de criação de valor para a sociedade em que habita. Sendo assim, toda instituição, independentemente de sua natureza, está no olho do furacão das mudanças recebendo todos os impactos e estímulos oriundos de um mundo instável, imprevisível e incerto.
Como reação a essa verdadeira convulsão organizacional, sedimentou-se a visão da necessidade das empresas se reinventarem para estarem aptas a lidar com esses novos desafios e perspectivas.
Como a tecnologia é o principal vetor das mudanças, esse sistema foi promovido a principal protagonista de todo processo de transformação empresarial.
É aí que mora o perigo.
A transformação de uma organização em sua complexa jornada de adaptação ao novo não diz respeito a tecnologia. Ela diz respeito, sobretudo, a pessoas. É o modo como os indivíduos, que formam a essência de uma empresa, reagem a mudança que irá ditar a evolução, positiva ou negativa, de todo processo.
Não à toa que emerge com força nesse novo jogo de xadrez corporativo uma instância que, até então, foi relegada a um segundo plano no sistema de produção de conhecimento sobre gestão em todo o mundo: a Cultura Organizacional.
É a cultura de uma organização que dá o tom da transformação já que ela representa o conjunto das interpretações de todos os indivíduos da empresa. É o sistema de crenças da companhia que influencia todas as suas decisões e ações.
Estimulados pelo velho e bom efeito manada, organizações em geral correram para estar em linha com essa nova era. Com isso, e seguindo o receituário das novas e reluzentes empresas queridinhas da nova economia, companhias tradicionais não hesitaram em copiar suas práticas e seu informal way of life. A consequência se evidencia na explosão de escritórios moderninhos, de práticas como a oficialização de Happy Hours dentro da empresa, de novos códigos de vestimenta (dress code) e assim por diante.
Nas situações onde essas práticas não estão, genuinamente, alinhadas com o sistema de crenças da organização, o resultado é apenas cosmético ou como diz aquele termo popular tudo foi feito “para inglês ver”.
Para que a transformação aconteça de fato em uma empresa, é necessária uma intervenção clara e proativa em sua cultura organizacional com o desenvolvimento de iniciativas que estejam em sintonia com os valores e crenças da companhia.
Muitos líderes atônitos com essa constatação se perguntam sobre como iniciar essa jornada. A resposta a essa questão está dentro da própria organização: o primeiro passo para essa caminhada é reconhecer qual é o perfil da cultura organizacional do seu negócio.
E aqui temos um desafio importante. Apesar de causar estranheza, está claro que boa parte das empresas não tem uma visão clara de sua identidade.
A pressão por resultados de curto prazo, que tanto caracteriza o ambiente empresarial, enraizou um comportamento que fortalece o foco restrito em atividades táticas eclipsando reflexões estratégicas orientadas a sustentabilidade das organizações no futuro. Encontramos uma evidência dessa tese ao refletirmos sobre quanto tempo foi destinado a discussões sobre cultura organizacional em relação ao mesmo tempo destinado a conversas sobre os resultados da companhia?
É necessário virarmos esse jogo e colocar a temática da Cultura Organizacional no topo da agenda das organizações e seus líderes.
É imperativo reconhecer que qualquer processo de transformação é complexo e penoso – talvez por esse motivo foi tão subjugado nos últimos anos. Negligenciar essa intervenção, no entanto, pode ser a sentença de morte de uma organização que não consiga se adaptar com sucesso a todas as mudanças que acontecem de forma cada vez mais aceleradas em nossa sociedade.
É de livre arbítrio de cada empreendedor e líder empresarial a escolha sobre como irá se posicionar nesse novo contexto organizacional: irá se acomodar buscando a arriscada manutenção do status quo ou sair da zona de conforto e buscar o novo?
A escolha é sua.
Fonte: Blog RH
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