Inflação sob controle, taxa de juros em queda e uma economia que dá sinais relevantes de recuperação. Parte desse cenário, o mercado de veículos novos em Minas Gerais começa a observar em 2017 a desejada retomada. Apesar de ainda distante da pujança de outros anos, representantes do setor em Belo Horizonte são categóricos em afirmar que a melhora é consistente. Concessionárias da Capital relatam que, em agosto, o crescimento nas vendas foi em torno de 17% na comparação com igual período de 2016.
O gerente regional da Grande Minas, Creomar Santos, conta que, no último mês, a alta nas vendas de veículos novos ao varejo na concessionária chegou a 18% frente a agosto do ano passado. E o incremento não se limitou a essa base de comparação. No confronto com julho, o comércio de carros zero na autorizada Chevrolet subiu 13%, enquanto no acumulado do ano a elevação alcançou a marca de 11%.
Para Santos, a principal explicação para o reaquecimento do setor está na gradual redução da taxa básica de juros (Selic), iniciada no fim de 2016.
“Tem havido uma retomada sim, até em função das taxas de juros, que vêm caindo mês a mês, o que nos favorece pela questão do crédito. A confiança do consumidor também está crescendo e é outro fator. A melhora ainda não está nos níveis de anos anteriores, mas é uma retomada pequena e consistente”, analisa o gerente. Desde março, a Grande Minas vem registrando crescimento nas vendas de veículos novos.
No início da semana, a Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave) divulgou números da venda de veículos novos em geral – automóveis, comerciais leves, caminhões, ônibus e motos – do mês de agosto. Em Minas Gerais, houve um aumento de 25% – sendo 52 mil emplacamentos – em relação ao mesmo período do ano passado.
Indicadores – A Carbel, concessionária da Volkswagen em Belo Horizonte, também sente os efeitos da melhora dos indicadores macroeconômicos no País. No último mês, a empresa registrou aumento de 17% nas vendas de veículos novos frente a agosto de 2016 e de 20% no confronto com julho.
“O comércio está muito aquecido. Hoje, a maior parte das vendas tem sido à vista. A credibilidade aumentou demais, principalmente porque o cenário melhorou. A inflação caiu e a redução nas taxas de juros também ajudou”, pondera o gerente comercial de veículos novos do grupo, André Corrêa Nunes. De janeiro a agosto, no entanto, a empresa ainda acumula queda de 8,9%.
Pessoas jurídicas – Gerente de venda corporativa da Pisa, Marcelo Coimbra destaca que o momento não tem sido bom somente para o comércio junto à pessoa física. Segundo ele, o mercado de vendas para empresas também tem se beneficiado com a recuperação da economia. No acumulado do ano, a autorizada Ford relata uma alta de 7,4% nas vendas de automóveis leves zero quilômetro ao varejo.
“As vendas em 2017 estão melhores, mas ainda muito longe de chegarem no patamar de 2015, por exemplo. A queda foi grande. Em 2015, a Pisa vendia em média 140 carros no mês para pessoa física. Agora, vendemos na casa de 50 a 60 carros. No ano passado, porém, chegamos a vender em torno de 20 carros ao mês. Está melhorando, mas ainda está longe do patamar satisfatório”, afirma Coimbra.
Para garantir a continuidade do crescimento das vendas, as concessionárias têm apostado em diferentes estratégias, que vão desde a composição dos estoques até o investimento em taxas de financiamento diversificadas e ações de marketing para atrair o consumidor. Na Carbel, Nunes revela que o estoque está 15% maior e a empresa trabalha com condições especiais de negociação de preços.
“Estamos agora com fila para o modelo novo que vai sair do Polo, automático, com lançamento previsto para o fim de setembro. Hoje tenho em torno de 30 pedidos, já”, diz. Na Grande Minas, alguns clientes já têm esperado em torno de 30 dias para ter o carro zero desejado, dependendo do modelo.
Usados – O mercado de usados também tem apresentado evolução em 2017. No Portal Auto Shopping, na Capital, a venda de seminovos subiu 9% no acumulado do ano em julho. Frente a junho, a alta é de 5% e na comparação com julho do ano passado, o crescimento é de 3%. “Apesar da instabilidade econômica, conseguimos manter um patamar considerável em relação às vendas. Este ano, ainda tivemos liberação do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), que contribuiu muito para o acumulado de 2017”, pondera a gerente-geral do mall, Viviane Valadares.
Segundo a dirigente do Portal Auto Shopping, o tíquete médio hoje do empreendimento gira em torno de R$ 35 mil a R$ 40 mil, o que caracteriza seminovos intermediários.
Fonte: Diário do Comércio