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Vieses inconscientes: Entenda o que são, seus efeitos e como evitar na empresa

Vieses inconscientes: Entenda o que são, seus efeitos e como evitar na empresa

11 de agosto de 2021 / Carreira / por Comunicação Krypton BPO

Todos nós, em algum momento, já manifestamos vieses inconscientes como resultado de um pensamento tendencioso ou uma opinião equivocada. Da mesma forma, não é raro preterimos A ou B sem qualquer fundamentação.

Na maioria das vezes, as reações descritas acima são involuntárias e funcionam como mecanismos do cérebro humano. No entanto, o fato de serem instintivas não justifica sua propagação, principalmente no ambiente profissional.

Sabemos que julgamentos e generalizações impactam as relações, inclusive as profissionais, nas quais os efeitos são bastante negativos. Nesse sentido, a abertura das empresas para a diversidade faz com que comportamentos discriminatórios se manifestem com mais intensidade.

Neste conteúdo, falaremos sobre os vieses inconscientes e seus tipos principais. Ainda, a partir de exemplos, mostraremos como esses padrões se apresentam no cotidiano e, o mais importante, como combatê-los. Além disso, complementaremos o artigo trazendo os impactos negativos no relacionamento profissional e como o RH pode ajudar. Boa leitura!

O que são vieses inconscientes?

A Neurociência explica os vieses inconscientes como mecanismos do cérebro resultantes da organização da própria mente. Essa ordenação ocorre devido às experiências vividas, ambientes frequentados ou em consequência de nossas heranças ancestrais e/ou primitivas.

Esses fatores desencadeiam juízos antecipados, discriminações, estereótipos, generalizações, julgamentos sem conhecimento e exclusões sem justificativa. Apesar de não ser uma regra, na maioria das vezes, essas crenças ocorrem involuntariamente. Aliás, muitas delas não têm relação com o caráter do indivíduo e poderiam até ser evitadas.

Por isso, dizemos que uma crença adquirida ao longo da existência representa um viés inconsciente em ação. Esses mecanismos podem ser desencadeados por características como:

  • Gênero;
  • Raça;
  • Orientação sexual;
  • Deficiência;
  • Origem;
  • Religião;
  • Físicas (visíveis ou invisíveis).

O fato de manter ou propagar vieses inconscientes acaba ditando nosso comportamento no dia a dia, muitas vezes, de forma imperceptível. Além disso, tal atitude pode ser extremamente prejudicial, trazendo consequências.

Na vida pessoal, um viés inconsciente pode causar atrito em um grupo de amigos, por exemplo. Já no universo profissional, um pré-julgamento pode resultar na exclusão de um candidato em um processo seletivo.

Quais são os tipos de vieses inconscientes?

Não existe uma lista predefinida e exata de vieses inconscientes. Eles surgem de acordo com “padrões” desenvolvidos de acordo com a nossa visão de mundo. No entanto, é possível citar os tipos mais comuns nas relações interpessoais.

Viés de afinidade

Representado pela tendência em avaliar melhor as pessoas com as quais temos alguma identificação ou se parecem conosco. Também conhecido como viés de semelhança, trata-se de um dos tipos mais frequentes nas relações humanas. Nesse contexto, as pessoas buscam se conectar, escolher ou avaliar outros indivíduos que compartilham dos mesmos interesses.

Viés de percepção ou da aparência

Ocorre quando reforçamos estereótipos e padrões impostos pela influência social ou cultural no contexto onde estamos inseridos. Em geral, fazemos julgamentos a respeito de um indivíduo que pertence a outro grupo, sem considerar as qualidades desse sujeito, ou seja, a famosa “generalização”.

Viés confirmatório

Estabelece-se quando procuramos informações capazes de confirmar nossas teorias a respeito de algo ou alguém. Nesses casos, a tendência é rejeitarmos aquilo que não corrobora nossa hipótese inicial.

Nesse sentido, esse viés é muito danoso para o clima organizacional, pois ratifica um pensamento preconceituoso enraizado no subconsciente. Essa postura resulta em julgamentos rasos e deixa de considerar informações relevantes sobre uma terceira pessoa.

Efeito de halo/auréola ou Efeito Chifre

De forma involuntária, manifestamos preferência ou rechaçamos determinada pessoa considerando apenas uma informação sobre ela. Esse efeito confirma a propensão humana em avaliar positiva ou negativamente, mesmo sem conhecermos todo o contexto.

Efeito de grupo

É quando seguimos parâmetros e comportamentos de um grupo, geralmente, pela pressão que ele exerce. Essa tendência faz com que as pessoas busquem se enquadrar em determinado padrão social. Nesse caso, o objetivo é não destoar do modelo vigente. Ao fim, todos acabam convergindo na mesma opinião ou ideia.

Viés da maternidade

Ainda hoje, há um consenso sobre a maternidade como um fator negativo para a produtividade das mulheres. De maneira geral, ter um filho afetaria o comprometimento delas e suas responsabilidades no trabalho. Esse é o viés da maternidade, fator impeditivo para promoções e cargos de chefia entre as profissionais que são mães.

Como detectar exemplos no ambiente de trabalho?

A diversidade ganhou espaço nas empresas e, com ela, aumentaram os desafios na gestão de pessoas. Afinal, o analista de Recursos Humanos precisa lidar com uma infinidade de perfis, opiniões e visões de mundo. A seguir, veremos exemplos dos vieses inconscientes no mundo corporativo.

1ª situação: afinidade

Imagine um candidato ser escolhido para a vaga porque pratica o mesmo esporte que o recrutador. Isso acontece por conta da identificação entre as partes. Nesse caso, o responsável pelo recrutamento estabelece uma conexão mental com o recrutado, acreditando ser a opção mais adequada para a empresa.

Mas esse viés inconsciente é perigoso, pois pode levar gestores a promover ou privilegiar colaboradores com os quais se identificam, quando, na verdade, todos deveriam receber o mesmo tratamento baseado na razão.

2ª situação: percepção ou aparência

Recrutadores ou empresas que deixam de contratar pessoas com tatuagens, brincos ou piercings estão, de fato, exercendo o viés de percepção. Aqui, profissionais que não se enquadram no perfil “socialmente aceito” esbarram em preconceitos e julgamentos baseados na aparência. Um equívoco, pois o aspecto exterior não pode preponderar sobre a qualificação profissional ou o fit cultural com a empresa.

3ª situação: confirmatório

Conhece algum caso em que o recrutador ignorou resultados de um teste apenas para justificar seu favoritismo por um candidato? Ainda, distorceu informações coletadas em entrevista com o mesmo objetivo? Esses são exemplos clássicos do viés inconsciente confirmatório. Mas o contrário, ou seja, justificar uma antipatia para desclassificar alguém, também é um exemplo.

4ª situação: efeito de halo

O efeito halo entra em ação quando o RH observa que um candidato tem uma qualificação importante conquistada ao trabalhar em outra organização. Para o recrutador, esse fator será determinante nas habilidades do recrutado. A mesma percepção acontece quando um profissional é descartado pelo simples fato de estar fora do mercado, pois preferiu se dedicar a algum projeto pessoal.

5ª situação: efeito de grupo

Trata-se de uma situação muito recorrente e que exemplifica o efeito de grupo. Imagine uma reunião de trabalho composta, em sua maioria, por homens. Com poucas mulheres ou apenas uma presente. Assim, o grupo masculino é dominante e conduz as pautas, enquanto a mulher tem pouco — ou nenhum — espaço para falar ou opinar.

6ª situação: maternidade

O viés da maternidade tem como exemplo a dificuldade que mulheres encontram para conquistar projeção nas empresas. Afinal, a possibilidade de engravidar em algum momento da carreira pode afetar seu desempenho profissional, por exemplo, quando mães não são escaladas para viagens sob alegação de que os filhos seriam um impedimento.

Quais são os efeitos negativos dos vieses inconscientes?

Os vieses inconscientes são uma barreira no mundo corporativo, independentemente do nível hierárquico ou do setor. Inclusive, eles se manifestam nos processos de recrutamento e seleção. Nesse sentido, tendências a favor ou contra algo, pessoa e/ou grupo são prejudiciais e têm impactos negativos nas relações de trabalho.

Cultura organizacional tóxica

Discriminações ou julgamentos relacionados à etnia, raça, ideologia, idade, gênero, orientação sexual ou características físicas e comportamentais tornam o ambiente de trabalho hostil e desagradável.

Assim, cabe ao departamento de RH identificar atitudes preconceituosas e implementar medidas para combatê-las. Uma cultura organizacional tóxica impede que os colaboradores sejam tratados com isonomia, respeito e dignidade.

Falta de engajamento

A pluralidade de perfis em uma empresa não deve ser obstáculo para o engajamento das equipes. Pelo contrário, colaboradores comprometidos entendem, respeitam as diferenças e desenvolvem suas funções em harmonia. Nesse contexto, a comunicação também é importante e deve fluir com clareza.

Os vieses inconscientes desarmonizam as relações profissionais, impactando na produtividade. Para tanto, afetam a troca de experiências e a capacidade de empatia entre os pares. Esses mecanismos produzidos pelo cérebro provocam a falta de engajamento e de motivação.

Aumento do índice de turnover

Trabalhar em uma empresa com cultura organizacional tóxica afeta o engajamento dos profissionais. A consequência é o crescimento dos índices de rotatividade. Afinal, todos os fatores contribuem para o desligamento do colaborador afetado pelos vieses inconscientes.

Imagine conviver com pessoas que julgam, discriminam ou favorecem alguns em detrimento de outros. Com certeza, não é nada agradável. Em um cenário adverso, a sensação de insegurança aumenta e a insatisfação é recorrente.

Nesse contexto, a falta de acolhimento desencadeada por uma crença limitante aumenta o turnover nas empresas e afeta o employer branding.

Queda na produtividade

Como ser produtivo em um ambiente que discrimina, generaliza, julga e exclui? Muito difícil, não é mesmo? Mas de que maneira trabalhar com dedicação e alcançar resultados se os vieses inconscientes vêm dos colaboradores e dos gestores?

Nesses casos, os colaboradores afetados tendem à desmotivação, ao aparecimento de doenças laborais e, consequentemente, a produtividade diminui.

Por isso, identificar vieses inconscientes na organização evita problemas de produtividade, rotatividade, engajamento e satisfação no trabalho. Ainda, promover um ambiente saudável é um dever do RH.

Afinal, como identificar e combater?

Tão importante quanto conhecer os vieses inconscientes mais frequentes é saber identificar aqueles que, porventura, interferem no ambiente laboral. Isso após estabelecer estratégias para combater esses comportamentos. Confira algumas dicas.

Implemente programas de inclusão e diversidade

O setor de Recursos Humanos pode elaborar e implementar ações que promovam a inclusão e proporcionem a reflexão sobre diversidade e outros temas. Para tanto, é possível criar vagas inclusivas, incentivar a empatia e a aproximação entre as pessoas.

Entenda que, nem sempre é fácil derrubar barreiras e pode ser desafiador sair da zona de conforto. No entanto, os benefícios certamente virão.

Fale sobre o assunto

Desconstruir conceitos que estão enraizados no subconsciente significa mexer no status quo e toda mudança gera estranheza e resistência. Mas falar sobre padrões estabelecidos é a melhor maneira de avançar em direção às mudanças.

Assim, se existem vieses inconscientes prejudicando o grupo de trabalho, discutir pautas inclusivas é fundamental para evitar que crenças equivocadas se estabeleçam. Além disso, informação e reeducação sobre temas considerados tabus também é uma excelente oportunidade de conquistar conscientização e engajamento.

Desafie seus pensamentos

Como vimos até aqui, não é raro que os vieses inconscientes se perpetuem entre recrutadores, analistas e lideranças. Logo, não há setor isento da responsabilidade de mudar pensamentos equivocados.

Nesse sentido, as lideranças podem fazer uma autoavaliação. Ainda, o RH deve promover oportunidades para que todos os níveis hierárquicos — inclusive o próprio setor — possam dialogar e desmistificar conceitos.

Analise o passado e identifique padrões nas tomadas de decisão

Houve um tempo em que tatuagens visíveis eram malvistas nas empresas. Atualmente, grandes lojas de departamento fazem questão de manter em seus quadros colaboradores com essa arte no corpo.

Com esse exemplo, percebemos que os tempos mudam e alguns padrões deixam de fazer sentido. Assim, para abrir os horizontes na empresa, é necessário analisar o histórico das contratações e promoções, para avaliar o que pode ser mudado.

Da mesma forma, identificar padrões utilizados é fundamental para evitar que os vieses inconscientes interfiram nas tomadas de decisão. Uma avaliação realista vai fazer a diferença para um futuro mais democrático e inclusivo para a organização.

Reavalie a divisão de tarefas

Como estão divididas as responsabilidades das equipes? O trabalho é igualitário e bem distribuído? Essas questões precisam ser repensadas quando desejamos influenciar positivamente comportamentos e rotinas da empresa. Reavaliar é uma forma de questionar se o que fazemos é salutar para a organização. Dessa maneira, evita-se delegar atividades a um único grupo.

Por fim, para não cair em armadilhas causadas pelos vieses, convém:

  • sempre questionar a primeira impressão a respeito de algo ou alguém;
  • perguntar mais e supor menos;
  • conhecer melhor as pessoas por suas particularidades;
  • não se deixar levar pela aparência;
  • se libertar dos vieses inconscientes.

Nesse sentido, ao conseguir identificar e evitar os vieses inconscientes, os benefícios virão. Assim, a empresa terá resultados e será um lugar disputado pelos profissionais de alta performance. Já os colaboradores vão perceber mudanças no clima organizacional e poderão se desenvolver como seres humanos.

Qual o papel do RH?

Após compreender que os vieses inconscientes são tendências inatas e estão ligados à formação intelectual do indivíduo, vem a pergunta: qual o papel do RH para mitigar seus efeitos?

O profissional de RH pode ajudar na desconstrução de toda forma de preconceito, discriminação ou pré-julgamento. O primeiro passo para evoluir nesse sentido é admitir que o problema existe na organização e precisa ser resolvido.

Nesse sentido, os analistas de Recursos Humanos devem assessorar os gestores na condução do assunto. Ainda, a empresa precisa criar condições para que as minorias acessem postos de trabalho e se destaquem na carreira. Antes de tudo, é fundamental promover a equidade.

Para tanto, aposte em campanhas de conscientização, promova discussões com os colaboradores e informe-se sobre políticas inclusivas para o mercado de trabalho. Além disso, não encare a maternidade como um problema para a carreira das mulheres e não meça esforços para tornar o ambiente de trabalho o mais agradável possível e busque extinguir os vieses inconscientes.

Mas lembre-se de não deixar de lado o crescimento constante, realizando avaliações justas e contratações afirmativas, considerando a ampla pluralidade que nos cerca. Para fortalecer seu aprendizado, baixe o e-book e entenda a importância da diversidade nas empresas.

Fonte: Blog da Sólides

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