Os grandes pensadores não nutrem apenas dúvidas. Eles abraçam a incerteza — e o quão pouco eles realmente sabem.
Talvez, a pessoa mais inteligente que você possa ter conhecido não parecia, supostamente, ser tão inteligente. Ela pode ter usado, inclusive, palavras como “eu acho”, “parece”, “ao que tudo indica”. Quando questionada sobre sua opinião sobre determinado assunto, ela pode ter parecido insegura, frequentemente pedindo feedbacks e mudando a conversa para saber o que as outras pessoas pensam.
E mais: ela mudou rapidamente seu posicionamento. Novos fatos? Novas decisões. Novas situações? Novas estratégias. Novos prazos? Novas táticas. Ela parece mudar — muito — de ideia.
Com o tempo, percebemos que esses comportamentos estavam mascarando um grande intelecto. Essa pessoa era inteligente muito além de livros e conhecimentos técnicos — embora ela também fosse —, ela era realmente inteligente. Perspicaz, perceptiva e inteligente com as coisas — e com as pessoas. Com o tempo, vamos percebendo que este comportamento é, na verdade, um sinal de uma pessoa verdadeiramente inteligente.
O lado negativo raramente mencionado do efeito Dunning-Kruger, fenômeno que leva indivíduos que possuem pouco conhecimento sobre um assunto a acreditarem saber mais que outros mais bem preparados, é que as pessoas com alta capacidade acabem subestimando o quão bom eles realmente são.
Indivíduos com altas habilidades tendem a subestimar sua competência e, ao mesmo tempo, presumir que tarefas que são fáceis para eles também são fáceis para outras pessoas. Quanto mais inteligente você for, menos você acha que sabe – porque você percebe o quanto há para realmente saber e aprender.
Isso não significava que a pessoa sofra de síndrome do impostor, quando alguém acredita que é era inadequada e não-suficiente, apesar das evidências mostrarem que ela era altamente qualificada e bem-sucedida.
Segundo Adam Grant, em Think Again, “grandes pensadores não nutrem dúvidas porque são impostores. Eles têm dúvidas porque sabem que somos todos parcialmente cegos e estão empenhados em melhorar nossa visão de mundo. Eles não se gabam do quanto sabem — a maravilha de quão pouco eles entendem. Eles estão cientes de que cada resposta levanta novas questões, e a busca pelo conhecimento nunca termina. A marca dos alunos ao longo da vida é reconhecer que podem aprender algo com todas as pessoas que encontram”.
De acordo com Jeff Bezos, “as pessoas mais inteligentes estão constantemente revisando seu conhecimento, reconsiderando um problema que achavam que já haviam resolvido. Eles estão abertos a novos pontos de vista, novas informações, novas ideias, contradições e desafios à sua própria maneira de pensar”.
Para Bezos, consistência de pensamento e posicionamento não é um traço positivo. Bezos encoraja aqueles ao seu redor a buscarem novas informações, novas análises, novas perspectivas. Mas por qual motivo? Porque, segundo Jeff Haden, a sabedoria não se encontra na certeza. Sabedoria é saber que, embora você possa saber muito, também há muito para aprender. “O sábio está tentando descobrir o que é certo, em vez de tentar estar certo”, afirma.
Os grandes pensadores, segundo eles, não têm medo de estarem errados. “Grandes pensadores não têm medo de dizer ‘eu penso’ em vez de ‘eu sei’, conclui Haden.
Segundo o ex-presidente dos Estados Unidos Ulysses Grant, “a arrogância nos deixa cegos para nossas fraquezas. A humildade é uma lente reflexiva: ela nos ajuda a vê-las claramente. A humildade confiante é uma lente corretiva: ela nos permite superar essas fraquezas.”
Fonte: Exame