Declarações costumam ser usadas por “Exploradores Conectados”, que têm uma visão geralmente positiva de si mesmos e dos outros

Como neuropsicóloga clínica e forense, Judy Ho ajuda as pessoas a obter informações sobre sua saúde mental e suas lutas na vida e, de acordo com ela, muitos dos desafios e lutas enfrentados por elas enquanto adultas têm as suas raízes nos padrões que aprenderam na primeira infância e nos estilos de apego que desenvolveram como resultado. “Eles podem ser seguros, evitativos, ansiosos ou desorganizados”, conta em artigo escrito para a CNBC Make It.

Nos Estados Unidos, cerca de 38% das pessoas afirmam ter um estilo de apego seguro. “Gosto de chamá-los de ‘Exploradores Conectados’”, comenta a especialista. “Eles têm uma visão geralmente positiva de si mesmos e dos outros, e seu senso de identidade não depende excessivamente do que os outros pensam deles, do que acontece em um determinado dia ou do que realizam”.

“Eles geralmente podem formar relacionamentos saudáveis ​​e estáveis. E permanecem conectados com pessoas que são importantes para eles, mesmo enquanto exploram e perseguem seus objetivos individuais”, acrescenta.

Em suas pesquisas e ao longo da sua trajetória profissional, Judy descobriu que “Exploradores Conectados” tendem a incorporar quatro frases em suas vidas. Aqui estão elas:

1. “Eu acredito e gosto de mim mesmo”

“Os apegados com segurança tendem a ter um forte senso de identidade e uma autoestima mais elevada do que aqueles com apegos inseguros. É mais provável que tenham sentimentos consistentemente positivos sobre si mesmos, suas habilidades e sua percepção de aceitação pelos outros”, explica Judy.

De acordo com ela, eles tendem a carregar menos vergonha, o que, quando presente, pode desencadear sentimentos de inadequação e indignidade. “A confiança, o apoio e o carinho que os Exploradores Conectados receberam quando crianças fornecem uma espécie de proteção contra a sensação generalizada de que há algo profundamente falho ou fundamentalmente errado com eles”, comenta.

2.“Eu posso lidar com o que vier pela frente”

Os Exploradores Conectados são resilientes diante das adversidades, afirma Judy. Para ela, é mais provável que possuam flexibilidade psicológica do que os seus homólogos com apegos inseguros, o que significa que podem lidar melhor, aceitar e ajustar-se a situações difíceis.

“Eles são capazes de ajustar a maneira como pensam sobre essas situações. Os psicólogos chamam isso de ‘mudança de roteiro’. Depois que o fizerem, eles poderão agir de maneira alinhada com seus valores”, pontua.

A especialista conta, ainda, que eles podem abandonar a fixação em um determinado resultado, adaptar suas estratégias de enfrentamento e encontrar diferentes soluções e caminhos para atingir seus objetivos. “E eles podem fazer tudo isso mesmo quando seus pensamentos e sentimentos lhes dizem para fugir ou puxar as proverbiais cobertas sobre suas cabeças”, diz.

Em geral, declara ela, as pessoas com maior flexibilidade psicológica relatam níveis mais baixos de depressão, ansiedade e angústia, mesmo quando lidam com acontecimentos difíceis.

3. “Posso conseguir resultados positivos”

Segundo Judy, os Exploradores Conectados possuem um alto grau de capacitação pessoal. “Como os cuidadores estavam sempre disponíveis, eram sensíveis às suas necessidades e respondiam aos seus sinais emocionais, aprenderam a agir e a sentirem-se no controle do seu ambiente desde tenra idade”, analisa.

Além disso, eles não tendem a se sentir desamparados em situações estressantes, avalia a especialista: “Eles sabem que há coisas neste mundo que estão fora de seu controle, mas é menos provável que se preocupem com elas. Eles acreditam que, na maioria das vezes, se se esforçarem, serão capazes de alcançar aquilo que desejam”.

Acreditar que você pode influenciar o que acontece com você é muito importante para criar uma sensação de estabilidade e consistência na vida, afirma ela.

“Quando indivíduos com vínculos seguros enfrentam conflitos ou desafios, têm uma elevada tolerância à frustração, podem comunicar eficazmente e utilizar competências de resolução de problemas para chegar a uma resolução – em grande parte porque são optimistas quanto à sua capacidade de ultrapassar obstáculos e ser bem sucedidos. Eles acreditam que o mundo é geralmente previsível e que podem garantir a sua própria segurança”, explica.

4.“Posso ser independente e contar com os outros também”

“Todos nós temos necessidades de conexão e autossuficiência. Como sempre, a chave é o equilíbrio. Muitas vezes chamamos isso de interdependência”, comenta Judy. “Os Exploradores Conectados entendem onde terminam e os outros começam e, no caso de relacionamentos mais íntimos ou românticos, onde começa o ‘nós’, sem se tornarem subsumidos”.

Embora gostem de se conectar com outras pessoas, eles também adoram passar o tempo sozinhos. Eles:

• Mantém seus próprios interesses e incentivar seus parceiros a fazerem o mesmo
• Podem pedir ajuda, mas sentem-se confortáveis em lidar com os problemas por conta própria
• Não se sentem culpados por obter apoio, porque sabem que haverá uma oportunidade para retribuir
• Expressam afeto livremente e não se preocupam se isso não voltar para eles
• Sentem-se confortáveis ​​em ser vulneráveis ​​e em compartilhar suas emoções, experiências e medos, e provavelmente incentivam outros a fazer o mesmo, resultando em co-regulação que os ajuda a desestressar e a alcançar a calma
• Aceitam a realidade dos desentendimentos e sabem que, apesar do conflito, eles podem permanecer conectados
• Não sentem tanta ansiedade, medo ou dúvida em seus relacionamentos

“Adultos com apego seguro são mais propensos a liderar com a crença geral de que a maioria das pessoas tem boas intenções, em vez de serem excessivamente céticos ou desconfiados dos outros. Eles têm um forte senso de valores pessoais e agirão com relativa rapidez quando outros violarem esses valores para comunicar sua decepção ou frustração”, comenta Judy.

“Embora possam encontrar-se em situações que parecem ameaçar os seus modelos internos de trabalho (como estar brevemente numa relação emocionalmente abusiva), ainda conseguem avaliar objectivamente pessoas e acontecimentos, e geralmente recuperar a sua crença de que se pode confiar e confiar na maioria das pessoas”, finaliza.

Fonte: Administradores