A Governança da Inovação reorganiza os princípios da tradicional Governança Corporativa alinhando-os à gestão da inovação, ou seja, coloca a inovação como foco central da empresa. Essa organização faz com que a temática inovação se torne uma cultura, e os processos criativos passam a ter mais fluidez. Ao final, a empresa passa a entregar ao mercado produtos mais inovadores, tem processos mais ágeis e pessoas mais criativas e comprometidas com a essência da empresa.
Mas então, como implementar a Governança da Inovação dentro de uma empresa?
1º passo– Mapeamento de processos: pode parecer clichê, mas o mapeamento de processos é o passo principal para adotar qualquer modelo de gestão e, para implementar a Governança da Inovação não é diferente. Apenas após ter os processos mapeados que é possível identificar gaps de produção, falhas de comunicação e, o principal, o engessamento da criatividade. Não existe inovação sem criatividade, e por criatividade não estamos falando apenas de criar novas coisas, mas sim, de conseguirmos resolver os mesmos problemas com soluções diferentes. O mapeamento de processos basicamente é você ter um passo-a-passo das principais atividades da empresa, com as principais regras dessas atividades e com o tempo que elas demandam ou deveriam demandar. Hoje existem várias metodologias e ferramentas que podem auxiliar nessa atividade. É uma etapa mais burocrática, mas sem ter ela cumprida, as demais etapas não serão tão eficientes.
2º passo– Definição dos objetivos de curto e longo prazo: apenas dizer que a empresa quer ser mais inovadora, que quer ter produtos mais inovadores, sem pautar isso em objetivos de curto e longo prazo, deixa esses desejos apenas no mundo dos sonhos. É preciso definir aonde a empresa quer chegar e o que ela quer com a inovação de maneira muito clara. E, junto com os objetivos, é preciso também elencar os indicadores que irão medir se os objetivos estão ou não sendo alcançados. E, sim, as metas. É necessário conseguir enxergar onde a empresa está neste exato momento e aonde ela quer chegar em x tempo. É o que prega um planejamento estratégico tradicional. No entanto, a diferença aqui é que o prazo para esses objetivos deve ser de, no máximo, dois anos. Então vamos deixar de lado as metas de 5 e 10 anos do planejamento estratégico? Não! Nosso planejamento estratégico com nossas metas de longo prazo pode continuar em nosso horizonte, no entanto, para a implantação da Governança, precisamos de objetivos mais palpáveis, horizontes com menos incertezas e mais ação.
3º passo– Analisar as pessoas: com o mapeamento em mãos e os nossos objetivos traçados, precisamos verificar se as pessoas que trabalham conosco e se as lideranças dos setores estão, de fato, alocadas nos melhores lugares e, se elas se encaixam nesses novos objetivos. Se elas não estão alocadas no lugar certo, é só mudá-las de lugar, as encaminhando para atividades que façam mais sentido para elas. Mas, e se elas não se encaixam na nova cultura da empresa? Infelizmente é preciso desligá-las! É muito difícil demitir alguém que trabalha conosco há anos, que é confiável, etc, no entanto, o maior erro nesse processo todo é manter pessoas desalinhadas à cultura da empresa, pois, em algum momento elas acabarão se desmotivando e causando transtornos maiores. Este é o momento em que a razão precisa falar muito (mas muito) alto, afinal de contas são as pessoas que irão operacionalizar os processos e ir em busca dos objetivos da empresa, se elas não estiverem alocadas nos lugares certos ou se não se encaixarem na cultura, será a sua estratégia que estará sendo comprometida. Nesta etapa é preciso analisar também o estilo de liderança da organização: como você quer incentivar inovação se você mesmo gere sua empresa num estilo tradicional, sendo chefe e não líder? Existe a velha frase: sejamos nós a mudança que queremos ver no mundo. Neste caso, você precisa ser o exemplo principal desta mudança, está preparado?
4º passo– Incentivo à criatividade e inovação: apenas uma boa ideia não faz uma empresa inovadora, apenas uma pessoa trabalhando em prol da inovação também não. Nesta etapa, precisamos definir como será o incentivo para as pessoas pensarem fora da caixa, para buscarem novas soluções, para inventarem novos produtos. Não existe uma receita de bolo para isso, podem ser criados comitês de inovação para discutirem novas ideias, pintar as paredes da empresa com cores vibrantes para incentivar o pensamento criativo, flexibilizar as regras para as pessoas se sentirem mais livres para expressarem as suas ideias, criar departamentos de pesquisa e desenvolvimento para produzirem novos produtos. Enfim, as possibilidades são inúmeras! Precisamos analisar qual é o perfil da empresa e adotar as melhores práticas. E vale aquela velha prática do mercado: analisar empresas semelhantes a nossa e verificar o que elas estão fazendo para incentivar a inovação internamente. Não precisamos sempre reinventar a roda, podemos sim utilizar velhas práticas, mas de maneiras novas, afinal, o maior segredo da Governança da Inovação é saber se adaptar.
5º passo– Investimento: esse momento é crucial, e aqui estamos falando em investimento financeiro, dinheiro! Não adianta você cumprir todas as demais etapas, criar uma cultura muito boa, um produto muito inovador, se não tiver dinheiro para desenvolvê-lo e promove-lo no mercado. O investimento sim é muito importante! Se você ou sua empresa não tiver recursos financeiros disponíveis, busque um investidor externo. Hoje existem inúmeros editais, aceleradoras, investidores-anjo que estão dispostos a injetarem dinheiro na empresa para ela alavancar seu produto, sua ideia ou seu modelo de negócio. É só pesquisar no mercado e verificar os quesitos e valores que se encaixam com tudo o que você está construindo.
6º passo– Manter a estrutura: por último, mas não menos importante, é preciso manter sua estrutura de Governança. Não adianta ter uma ideia muito boa, fazer todo o processo da Governança da Inovação e depois de cumprido todos os passos, deixar eles pra lá. Existem concorrentes no mercado que podem te copiar ou desenvolver soluções similares e até melhores que a sua, e acredite, isso é muito bom! Ter concorrentes nos faz tentarmos sempre sermos melhores. Para se manter como uma empresa inovadora, você deve trabalhar com isso todos os dias, em todos os momentos do seu trabalho. Afinal, é uma cultura, não?
Fonte: Administradores
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