A lista é resultado de um estudo de dez anos conduzido no Center for the Future of Work (CFoW), trabalhado com a coleta de insights e análises.
Estética do trabalho
– Do terno para o capuz: Os ternos não combinam mais com essa nova era de disrupções. Os softwares comandam o mundo dos negócios agora, e os ternos caindo em desuso foi só dano colateral.
– Do cubículo para o sofá: Atualmente, conseguimos trabalhar de qualquer lugar com um computador, celular ou tablet: num café, no saguão de um aeroporto, num quarto de hotel e até mesmo em um escritório. Nossos cubículos serão extintos. Para Bárbara Vieira, coordenadora de Desenvolvimento Humano e Organizacional da Supero, as empresas estão cada vez mais compreendendo que é essencial investir em gestão de pessoas e em práticas que permitam equilíbrio entre a vida profissional e a pessoal: “Práticas como o home office atendem a necessidades de diferentes gerações, proporcionam conforto aos profissionais, qualidade de vida e também maior produtividade em muitos casos, já que não se perderá tempo em fila ou haverá desgaste no trânsito”.
– Do subúrbio para a cidade: Antes isolados tecnologicamente, os subúrbios urbanos agora estão florescendo. Procurando pela Quarta Revolução Industrial? Ela está lá.
– De vidro e aço para tijolos e madeira: Novas ideias vêm de prédios antigos. Ambientes legais não são apenas aqueles feitos de vidro e aço. Prédios antigos estão sendo rejuvenescidos para abrigar empresas desenvolvendo novas tecnologias.
– De “originals” para “digit-alls”: No mundo da TI, os “originals” cuidam da parte de infraestrutura, enquanto os “digit-alls” desenham os aplicativos e plataformas que dominarão o mundo. Os primeiros ficarão até toda a carga de trabalho de infraestrutura do mundo ser automatizada. Os segundos ficarão até saírem de moda.
Desafios
– De “wi-fi grátis” para “sem wi-fi”: Ficar conectado o tempo todo está deixando todos malucos. Por isso, espaços sem wi-fi vão restaurar a calma e a sanidade de nossos cérebros confusos. “Nós respiramos conectividade. A consequência de um contato tão intenso com a Internet, com infinitas informações que circulam a cada instante, com mensagens que não param de chegar, é um indivíduo mais ansioso, estressado, e que por vezes sente que perdeu o controle da própria vida. É crucial ter momento de afastamento das redes e dos aparelhos eletrônicos”, orienta a psicóloga e especialista em Recrutamento e Seleção, Bárbara Lima.
– De “ver” para “tome cuidado com o que vê”: A manipulação digital está fazendo com que questionemos o que é real e o que não é. Os deepfakes também são um perigo no mundo digital.
– De “somos todos um” para “todos somos um”: A personalização da tecnologia está acabando com a crença de que todos temos uma identidade em comum. Com a chegada da realidade virtual, a tendência é que cada um viva sua realidade de forma cada vez mais pessoal.
– De “a privacidade morreu” para “vida longa à privacidade”: Assinar newsletters e fazer testes on-line pode ser divertido, mas as pessoas estão começando a questionar se vale a pena trocar seus dados por isso. “O excesso de zelo pode ser desgastante. E hoje, ao navegar em grande parte dos sites ou aplicativos, é preciso ter um cuidado intenso. Não são incomuns casos de indivíduos que desenvolvem intensos complexos de perseguição por conta da invasão à privacidade que o ambiente virtual pode proporcionar”, diz Bárbara. As grandes empresas de tecnologia estão na mira da sociedade por conta de problemas com a privacidade do usuário. Não, a privacidade não morreu ainda.
– De humano para ciborgue: Hoje, nós acessamos as informações por meio de nossos gadgets. No futuro, todas as respostas serão enviadas diretamente para nossas mentes. Nossos avós acham que já somos super-humanos, mas seremos simplórios perto de nossos netos. Estamos nos transformando em ciborgues, e as gerações futuras terão curiosidade para saber como era ser um humano pré-tecnológico. De acordo com pesquisas recentes, em escala global, 65% dos jovens da Geração Z e Millennials preferem se comunicar digitalmente e não pessoalmente.
Significado do trabalho
– De “cuidado com a língua” para “desembucha!”: Estamos eliminando as formalidades. Prepare-se para ficar chocado. A necessidade de sermos cada vez mais autênticos causará o fim da conversa fiada.
– De #sextou para #segundou: Você saberá que o futuro do trabalho chegou quando se sentir motivado em uma segunda-feira. Esqueça o medo de os robôs tomarem todos os nossos trabalhos. Pode ser que o que nos torna humanos seja o trabalho em si. Luciana Amorim, especialista com experiência de 18 anos na área de gestão de pessoas, reforça que “medidas que trazem mais flexibilidade ao profissional e que dão a ele propósito, valorização e motivação são determinantes para a segunda-feira deixar de ser um trauma, mas sim um novo horizonte de crescimento e desenvolvimento.
– De serviços para experiências: A não ser que você seja um gamer ou um influencer, você se desenvolveu em uma carreira na área de serviços. Mas o que vem depois? Prepare-se para a era das experiências. Tecnologias como realidade aumentada, realidade virtual, inteligência artificial e cross reality vão abrir as portas para a criatividade e experiências imersivas.
– De uma carreira para várias: O mindset de ter apenas uma carreira está virando um problema. O crescimento da automação e da IA fará com que o modelo “educação-emprego-carreiras” fique obsoleto. Há mais de um caminho para o sucesso – você pode só precisar de mais de uma carreira para alcançá-lo.
– Do vermelho para o verde: Energias renováveis. Reciclagem. Transporte público. É o encontro do capitalismo com o conservacionismo. Ainda bem que várias tecnologias estão mudando a percepção do público em relação à sustentabilidade, fazendo com que ideias ecológicas de negócio sejam cada vez mais possíveis. A sustentabilidade finalmente faz sentido (e dinheiro). De acordo com o relatório “Better Business, Better World”, divulgado no Fórum Econômico Mundial de Davos, os negócios sustentáveis podem alavancar a economia em pelo menos US$ 12 trilhões. Além disso, estima-se que até 2030 mais de 380 milhões de empregos sejam gerados.
– Da produção privada à produção individual: Prototipações rápidas e produções velozes abrirão para bens personalizados feitos pelo próprio usuário. As produções individuais são a alternativa ecológica para a manufatura e o varejo.
– Da reciclagem para a economia circular: Há mil anos, os japoneses produziram o primeiro papel reciclado. Mas precisamos pensar em novas abordagens. A sustentabilidade está completando seu ciclo, e, na economia circular, todo dia é o Dia da Terra.
– De informação grátis para informação paga: A onda das informações públicas disponibilizadas na internet está acabando, mas serviços de assinatura podem ser uma salvação. Não há gratuidade – pelo menos não do ponto de vista da privacidade.
– Da aposentadoria à continuidade: Nosso ciclo de trabalho esteve bem definido no decorrer do último século. Os 65 anos eram a linha de chegada da carreira de muita gente. Mas agora precisamos dar umas voltas a mais. O jogo não acaba com a chegada da aposentadoria. “A maioria dos profissionais que hoje pertencem à turma dos 50+ vive uma fase profissional de alta produtividade em ambientes de inovação, dentro de grandes corporações ou em startups. A vida dessa geração nunca esteve tão agitada”, discorre Francisco Perez, cofundador e head de investimentos da Glebba Investimentos, em artigo.
– Do CEO para a SHEO: Ainda teremos uma era em que a chegada de uma mulher ao cargo de CEO de uma grande empresa não será notícia por si só. O mundo corporativo ainda é predominantemente masculino, mas isso está acabando.
– Do Ocidente para o Oriente: O domínio econômico do mundo ocidental está desaparecendo com a chegada da era da informação. O Ocidente levou a melhor nas três primeiras Revoluções Industriais, mas pode perder a Quarta para países como a China, os Emirados Árabes Unidos e a Índia.
– Da diversidade ao pertencimento: A diversidade é um conceito que está na ponta da língua. Mas a inclusão para minorias no ambiente de trabalho deve ser mais do que um representante no meio da maioria. Essa abordagem está chegando ao fim. Não importa nossa identidade, todos nós queremos sentir que pertencemos a algum lugar. “Não há mais dúvidas, o motivo não é mais ‘cota’. O objetivo é existência, continuidade, resistência, evolução, permanência. Vivemos uma grande oportunidade para esse tema. Também vivenciamos um grande desafio para as corporações, que precisam entender que apenas contratar pessoas que representam marcadores sociais da diversidade, ainda não é incluir”, ressalta Carolina Ignarra, sócia-fundadora da Talento Incluir.
Fonte: Rh pra você
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