Imagine-se em um cenário onde sua conta bancária está repleta, seu currículo é invejável, seu cargo é de dar orgulho à avó, mas, ainda assim, há uma pulga atrás da orelha que parece que não para de coçar. Você tem um bom emprego, talvez um ótimo emprego. Mas será que você está feliz?

Um estudo recente publicado pela Universidade de Harvard (2023) levantou uma questão preocupante: muitos indivíduos em posições de alta remuneração reportam insatisfação e infelicidade com a vida profissional. Parece uma contradição, não é? Como pode alguém ser infeliz ao nadar em um mar de cifrões?

Acontece que, enquanto dinheiro pode comprar um iate, uma mansão ou uma viagem à Marte, ele não compra, necessariamente, a satisfação com a vida profissional. Sim, aquele cargo sonhado que agora ocupa pode trazer uma lista interminável de responsabilidades, horas extras e um stress nível “puxar os cabelos”. Isso sem mencionar a sensação crescente de que o trabalho está se infiltrando em cada canto de sua vida, deixando pouco espaço para a família, amigos, hobbies e, talvez o mais importante, você mesmo.

Em outro estudo, a Organização Mundial da Saúde (2023) salientou um aumento expressivo nos casos de burnout, um esgotamento profissional que se traduz em cansaço extremo, baixa realização pessoal e despersonalização. E adivinhe quem lidera a lista dos mais afetados? Sim, aqueles em posições de alto desempenho e grande remuneração.

É um paradoxo enigmático. De um lado, temos a aparência de sucesso e prosperidade. De outro, a realidade oculta de insatisfação e desgosto.

E aí, como navegamos nesse mar revolto? Como encontramos a felicidade no trabalho? Infelizmente, não tenho uma resposta simples. O que temos são questões, muitas questões. Talvez o segredo esteja em buscar o equilíbrio, em encontrar a satisfação não apenas no que fazemos, mas também em quem somos. E talvez, apenas talvez, devamos parar de medir nosso sucesso apenas pela quantidade de zeros em nossa conta bancária.

Ah, e a pulga atrás da orelha? Talvez ela esteja tentando nos dizer algo. Talvez seja hora de coçá-la.

Cinco ótimos livros que abordam a felicidade e satisfação na vida profissional:

1. “Drive: The Surprising Truth About What Motivates Us” de Daniel H. Pink: Neste livro, Pink explora a motivação intrínseca e como ela pode levar a uma maior satisfação no trabalho. Ele desmistifica a noção de que a recompensa monetária é o principal motivador e propõe uma abordagem baseada em autonomia, maestria e propósito.
2. “The Happiness Advantage: How a Positive Brain Fuels Success in Work and Life” de Shawn Achor: Achor apresenta sete princípios de psicologia positiva que podem levar a um melhor desempenho no trabalho e a uma vida mais satisfatória.
3. “Daring Greatly: How the Courage to Be Vulnerable Transforms the Way We Live, Love, Parent, and Lead” de Brené Brown: Brown explora a importância da vulnerabilidade em todos os aspectos da vida, incluindo no trabalho. Ela argumenta que ser vulnerável nos permite ser autênticos e verdadeiros, o que leva a uma maior satisfação.
4. “Flow: The Psychology of Optimal Experience” de Mihaly Csikszentmihalyi: Csikszentmihalyi introduz a ideia de ‘fluxo’ – um estado mental em que estamos completamente absortos e envolvidos em uma atividade, levando a uma sensação de satisfação. O livro explora como encontrar esse ‘fluxo’ em nosso trabalho.
5. “Man’s Search for Meaning” de Viktor E. Frankl: Embora não seja especificamente sobre felicidade no trabalho, este livro oferece reflexões profundas sobre a busca por um propósito na vida. Frankl argumenta que encontrar um significado no que fazemos pode ser a chave para a satisfação.

Esses livros oferecem uma variedade de perspectivas sobre como encontrar a felicidade e a satisfação na vida profissional. Cada um traz suas próprias ideias únicas e podem ajudar a redefinir sua visão de trabalho e sucesso.

Fonte: Mundo RH