Presidente do BC, Campos Neto afirma que está olhando esse movimento para evitar prejuízos na economia real
Só nos últimos 30 dias, o dólar bateu nos R$ 5,40, caiu para R$ 4,82 e voltou para o patamar dos R$ 5,35. O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, reconheceu, então, que o câmbio ficou mais volátil nas últimas semanas. E disse que está acompanhando esse movimento para evitar prejuízos para a economia brasileira.
“Temos percebido nas últimas semanas, que a volatilidade do câmbio no Brasil está um pouco maior. […] Entendemos que a volatilidade no curto prazo de fato subiu”, afirmou Roberto Campos Neto, ao ser questionado sobre o assunto nesta quinta-feira (25/6).
O presidente do BC ressaltou, contudo, que isso “não significa que o câmbio está piorando consistentemente, mas sim que nos dias de melhora tem uma melhora maior e nos dias de piora tem uma piora maior”.
Para ele, a alta da volatilidade se dá pelo fato de o Brasil oferecer aos investidores estrangeiros mais liquidez que os seus pares emergentes nesse momento de crise e incertezas globais. “Parte dessa volatilidade é pelo fato de que o Brasil é uma moeda emergente que tem muita liquidez – os investidores procuram hedge quando têm algum tipo de problema – e que tem tido uma entrada e uma saída grande nesse sentido”, afirmou.
Campos Neto ainda destacou que, no entendimento do BC, a alta da volatilidade não é um sinal de que a política cambial brasileira não tem sido efetiva. Ele explicou que, de acordo com o regime de câmbio flutuante vigente no país, a autoridade monetária não deve intervir no mercado cambial para definir um limite para o câmbio, mas para evitar uma falta de liquidez que afete outros mercados. E garantiu que não ocorreram problemas como esse em meio à crise causada pela pandemia do novo coronavírus.
“A moeda que tem uma volatilidade muito alta acaba tendo consequências no operacional, principalmente no setor real. E estamos olhando isso. Mas consideramos que a atuação está sendo bem sucedida”, concluiu, indicando que o BC vai continuar monitorando essa questão de perto.
Projeções
Roberto Campos Neto foi questionado sobre a trajetória do câmbio ao apresentar o Relatório Trimestral de Inflação (RTI) do BC. No relatório, o BC reduziu de 0% para 6,4% a sua previsão de queda para o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil. Por outro lado, aumentou para R$ 4,95 o câmbio estimado para o fim deste ano.
“O valor da taxa de câmbio utilizado nos cenários que supõem trajetória constante para essa variável é de R$4,95/US$22, acima do valor de R$4,75/US$ do Relatório de Inflação de março de 2020”, diz o RTI.
Essa projeção, contudo, é menor que a cotação observada atualmente no mercado. Nesta quinta-feira (25/6), por sinal, a moeda opera em alta, cotada a R$ 5,35. Por isso, também está abaixo da projeção de mercado para o câmbio, que está em R$ 5,20, de acordo com o último Boletim Focus.
Fonte: Correio Braziliense
Imagem: Fundo foto criado por xb100 – br.freepik.com