Os reflexos da paralisação nacional dos caminhoneiros, que aconteceu em maio, com interrupções no abastecimento e, consequentemente, para o consumo das famílias no período, foram sentidos pelo comércio varejista em Minas Gerais. Segundo dados divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), houve queda de 1,6% no volume de vendas de maio em relação a abril deste ano.
Já na comparação com o mesmo mês do ano passado, a greve provocou um movimento contrário. O receio de desabastecimento fez com que os consumidores procurassem os supermercados e hipermercados para garantir produtos. O setor registrou aumento de 21,3% e puxou o crescimento de 2,8% registrado pelo comércio no Estado em maio. No acumulado de doze meses, foi o 13º resultado positivo depois de 23 meses de recuos.
A economista do IBGE, Cláudia Pinelli, ressaltou a continuidade dos resultados positivos na base comparativa com o mesmo mês de 2017. “As famílias estão conseguindo manter um aumento do consumo em supermercados, eletrodomésticos, artigos farmacêuticos e isso mantém o patamar positivo da variação do comércio”, afirmou.
O contexto do varejo nacional é semelhante ao de Minas. Em maio de 2018, o volume de vendas recuou 0,6% na comparação com abril e, no confronto com igual mês do ano anterior, o varejo mostrou crescimento de 2,7% no Brasil. No entanto, os impactos da greve dos caminhoneiros afetaram mais o comércio do Estado.
No comércio varejista ampliado, o setor de combustíveis e lubrificantes apresentou queda de -24,2% em Minas Gerais na comparação com o mesmo mês do ano anterior, enquanto no País a diminuição foi de -7,9%. O setor de veículos e motocicletas teve retração de -5,9% na mesma base comparativa no Estado e, no Brasil, registrou aumento de 2,2%.
“O maior destaque de diferença é o setor de combustíveis que, apesar de ser a segunda maior queda em nível nacional, não foi tão representativa quanto o impacto específico em Minas. O setor de veículos e motocicletas, que vinha muito bem no Estado, sofreu grande retração nesse mês, provavelmente pelo período sem transporte de produtos”, explicou Pinelli.
Belo Horizonte – Na Capital mineira, as vendas cresceram 2,02% em maio na comparação com o mesmo mês do ano anterior, como apontou levantamento da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL/BH). Apesar de ser o melhor resultado registrado desde 2012 nessa base comparativa, o desempenho ficou abaixo da previsão inicial de 2,76%.
A paralisação dos caminhoneiros, o atraso do pagamento dos servidores do Estado e a recuperação lenta do cenário econômico foram os principais fatores que contribuíram para que o resultado não alcançasse a meta, na avaliação da economista da CDL/BH, Ana Paula Bastos. Por outro lado, a melhoria de alguns indicadores econômicos no mês de maio, como crescimento do rendimento real e a inflação com decréscimo em relação ao mesmo período de 2017, podem justificar o crescimento apresentado, segundo Bastos.
“Além da crise no abastecimento, a greve gerou um esvaziamento dos pontos comerciais, principalmente pelas restrições na mobilidade urbana. Ainda não estamos no cenário econômico ideal, mas com certeza é muito melhor do que o dos dois últimos anos”, disse.
Na comparação com maio de 2017, todos os setores apresentaram crescimento nas vendas e o que teve a maior alta, de 5,16%, foi o de supermercados, seguido por artigos diversos, que incluem acessórios em couro, brinquedos, óticas, caça, pesca, material esportivo, material fotográfico, computadores e periféricos e artefatos de borracha (3,05%); móveis e eletrodomésticos (1,53%) e drogarias e cosméticos (1,29%).
O Dia das Mães registrou vendas positivas em Belo Horizonte, como apontou o índice real de vendas que, na comparação de maio com abril de 2018, alcançou crescimento de 1,44%, o maior para o mês nos últimos seis anos. “O crescimento anual tem melhorado gradualmente. A melhora dos indicadores macroeconômicos fez com que o comércio começasse a crescer novamente. Porém, ainda não é suficiente para recuperar as perdas passadas”, concluiu Bastos.
Fonte: Diário do Comércio