Às vésperas do Dia dos Pais, recuperação do prejuízo é tímida, mas traz esperanças a lojistas
A quatro dias do Dia dos Pais, cerca de 80% do comércio em Belo Horizonte voltou a abrir as portas nesta quinta-feira (6). A determinação, anunciada no início da semana pelo prefeito Alexandre Kalil (PSD), foi recebida com certo alívio pelo setor.
Um levantamento do Sindicato de Lojistas de Belo Horizonte (Sindilojas-BH), apontou que a média de faturamento no setor comercial durante esses três primeiros dias de retomada pode chegar a 70% do que era em um dia normal antes da pandemia. Em outros locais, as lojas já abertas têm faturado uma média de 50%.
“Podemos ter uma surpresa agradável nos próximos três dias. Primeiro porque acreditamos que existe uma demanda reprimida, já que estamos há 139 dias fechados, o que vai trazer quem precisa fazer compras para si próprio; e depois pela vontade dos filhos de presentear os pais, que estão longe nesse momento”, declarou o presidente do Sindilojas, Nadim Donato.
A expectativa de atrair clientes dessa demanda reprimida também é compartilhada por Rafael Rocha, proprietário de uma loja de calçados no Centro da capital. A de faturamento, no entanto, não é tão positiva. “Vamos precisar de uns 20 Dia dos Pais para compensar o prejuízo”, afirmou.
Para a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Minas Gerais (Fecomércio-MG), a ação traz alento a quem estava de portas fechadas, mas atitudes mais abrangentes ainda são necessárias. “É preciso avançar na busca por soluções definitivas para que, desta forma, haja uma retomada plena e integral de todas as atividades empresariais, e não de forma parcial como ocorre com a decisão anunciada”, pondera o economista-chefe da entidade, Guilherme Almeida.
“É um bom recomeço, só de ter a possibilidade de as lojas estarem abertas para os lojistas conseguirem um faturamento para minimizar os prejuízos passados, já é uma ponta de esperança”, considera o vice-presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL-BH), Fernando Cardoso.
Segundo Cardoso, um dos setores mais prejudicados pelo fechamento, o de vestuário, é, por outro lado, um dos mais beneficiados com as vendas na data, que é a quarta mais vantajosa do ano para o comércio. Pedro Paulo Drummond, dono de uma rede de lojas de ternos e roupas masculinas, é mais cauteloso nas expectativas e acredita que mesmo com a proximidade do Dia dos Pais, as vendas para a data devem representar apenas 35% do que normalmente são. “Fica complicado, impossível, pagar 139 dias com três”, ponderou.
Bares e restaurantes querem abrir junto
Com abertura prevista apenas para a segunda fase do protocolo de retomada da PBH, bares e restaurantes da capital buscam na Justiça o direito de voltar a funcionar nesta quinta. Segundo o presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), Paulo Solmucci, o pedido de liminar seria impetrado ainda ontem.
“Esperamos ter o melhor dia do ano, comparando até mesmo com o período anterior ao fechamento”, revelou Solmucci, que ainda contou que tem observado muita vontade das pessoas de voltarem a frequentar os estabelecimentos. O prejuízo até o momento, no entanto, segundo ele, é irreparável.
A proposta enviada à Justiça prevê apenas a antecipação da abertura, sem definir protocolos próprios de distanciamento e higiene. Para o presidente, o que foi definido pela PBH no segundo plano apresentado é satisfatório para os empreendedores, ao contrário do que foi estabelecido pela primeira liminar, assinada no início de julho e derrubada em seguida.
A aposta da associação, agora, para unir retomada e segurança sanitária são as reservas. “Fechamos uma parceria com um aplicativo que vai permitir que o cliente reserve antes de ir ao bar ou restaurante, evitando aquela aglomeração de clientes esperando por lugares, e esperamos também que isso crie uma cultura”, afirmou Solmucci.
A associação ainda assegura que vai trabalhar também com formas de conscientizar tanto os consumidores quanto os comerciantes para as regras impostas, orientando até mesmo que os clientes evitem locais que não cumpram as regras.
Fonte: O Tempo
Imagem: Carlos Eduardo Alvim/TV Globo