Diversidade, Equidade e Inclusão (DE&I) são pautas cada vez mais relevantes para o Marketing moderno. Afinal, tornar o fascinante universo das marcas mais acessível para um número cada vez maior de profissionais e consumidores é um dever que deve ser assimilado pelos CEO’s e C-Levels que se dedicam às diversas disciplinas do Marketing.
A boa notícia é que os executivos brasileiros demonstram ter noções sólidas sobre a importância de dispensar olhares mais atenciosos às políticas de DE&I: 55% dos CEO’s e C-Levels entrevistados pela Data Makers para a pesquisa “DE&I e Líderes de Negócios” classificaram o tema como “extremamente importante para o futuro dos negócios”, enquanto outros 37% declararam que o conjunto de pautas é “importante”.
No entanto, a relação entre a percepção quanto à importância do tema e o conhecimento prático sobre ele apresenta os mesmos problemas identificados pela Data Makers na avaliação da relevância do tema ESG no seio empresarial: 77% dos entrevistados afirmam ter “conhecimento razoável” sobre DE&I, 5% admitem não ter “nenhum conhecimento” e apenas 18% declaram ter “conhecimento total”.
A pesquisa aponta que, de forma geral, os executivos reconhecem que a atenção dada ao tema é insatisfatória. Nesse sentido, mais da metade dos entrevistados afirmaram que a pauta ainda é subestimada no Brasil. Enquanto isso, um terço da amostra considera que o tema DE&I detém o nível de atenção adequado e, do outro lado da moeda, 14% dos respondentes disseram que a pauta é superestimada.
As divergências de opinião quanto ao nível da relevância do tema se diversificam ainda mais quando os cargos dos respondentes se tornam o foco da análise. Nesse cenário, 64% dos CEO’s acreditam que o tema é subestimado e 23% acreditam que o atual nível de atenção é devido. Já entre os C-Levels, 43% acreditam que o tema recebe a atenção que merece, e apenas 41% creem que a pauta DE&I é subestimada.
Existem, também, diferenças na comparação entre o desempenho da própria empresa e a performance das concorrentes. De maneira geral, 40% dos executivos acreditam que a própria corporação está fazendo um trabalho acima da média do mercado, enquanto outros 40% avaliam que o desempenho de suas empresas acompanha a média nacional.
Neste exercício comparativo, enquanto os CEO’s tendem a fazer uma avaliação mais próxima à média do mercado, os C-Levels tendem a fazer avaliações mais próximas aos extremos superior e inferior. Já as diferenças mais significativas vieram da análise do porte das empresas. Neste recorte, 62% dos executivos de grandes empresas apresentaram uma visão mais positiva e avaliaram a atuação DE&I de suas empresas como acima da média, versus 19% dos líderes de pequenas empresas.
Tais percepções parecem impactar diretamente nas maneiras de executar a pauta na rotina corporativa. 48% dos líderes entrevistados classificaram como “bom” o desempenho de suas empresas em DE&I, enquanto 19% foram além e disseram que a performance é “excelente”. No meio da amostra, 24% declararam que o desempenho é apenas razoável, e chegando ao lado mais obscuro dessa linha, 9% admitiram a má performance quanto à pauta.
De acordo com a pesquisa, a noção de “contribuição para a sociedade”, citada por 75% dos respondentes, é o principal motivador para a adoção de ações alinhadas com a essência do do DE&I. Também se destacam razões como “aumento do engajamento dos colaboradores” (69%), reputação corporativa (65%), imagem da marca (62%) e atenção e retenção de talentos (59%).
Para Fábio Santos, CEO da CDN, os números destacam a necessidade da construção de políticas concretas de DE&I, de modo que a prática não descole do discurso. O CEO também chamou a atenção para a importância da abertura de diálogos entre as empresas e todos os seus públicos, o que passa pelo desenvolvimento de uma estratégia de comunicação que dê vazão inteligente a todo esse movimento.
Naturalmente, a adoção de DE&I no seio empresarial esbarra em barreiras massivas. Para 59% dos profissionais entrevistados, a principal dificuldade é encontrar profissionais capacitados para trabalhar nas estratégias de diversidade. Outros problemas identificados pela pesquisa foram a falta de prioridade do tema (48%), falta de comprometimento da liderança (40%), ausência de dados sobre a pauta (21%) e a pressão por resultados de curto prazo (18%).
Sobre as dificuldades apontadas pelos entrevistados, Ricardo Basaglia, CEO da Michael Page, avalia que a ausência de profissionais capacitados para implementar a diversidade é uma preocupação válida no cenário atual, e sugere que a adoção de uma abordagem estratégica, com o desenvolvimento de programas de capacitação para toda a empresa, principalmente para a liderança, pode ser uma poderosa ferramenta para a transformação corporativa.
Perguntados sobre os planos de investimento na área nos próximos 12 meses, 51% dos líderes entrevistados responderam que pretendem manter o nível atual. Nos extremos desta linha, 28% disseram que deverão aumentar os investimentos, enquanto 7% planejam diminuí-los.
Para compensar o predominante cenário de manutenção de investimentos, a grande maioria dos líderes irá se envolver em iniciativas DE&I. Nesse sentido, enquanto CEO’s estão mais propensos a apoiar (51%) e liderar (23%) tais iniciativas, os C-Levels destacam-se pela participação ativa nos projetos (37%).
Finalmente, em uma análise comparativa entre grandes e médias empresas, a pesquisa identificou que os líderes estão mais dispostos a apoiar as iniciativas (57% e 63%, respectivamente), enquanto nas pequenas empresas, a participação direta é a principal forma de colaboração (48%).
Fonte: Mundo do Marketing