Confira as 15 habilidades com maior demanda para 2025, segundo o Fórum Econômico Mundial.
Com a pandemia, foram poucas as pessoas que não tiveram sua rotina de trabalho afetada de alguma forma pela crise de saúde. E a preocupação com o futuro do trabalho se tornou uma pauta urgente na vida de profissionais de todo o mundo.
Foi o que aconteceu com a assistente administrativa Liliane Martins, de São Paulo. Antes, Martins trabalhava há uma década num guichê de análise de crédito de lojas, mais recentemente em uma das lojas Casas Bahia na Grande São Paulo.
O risco de contágio pelo vírus fez a gerência da loja suspender o entra e sai de clientes logo nos primeiros dias de pandemia. O contrato de trabalho de Martins chegou a ser suspenso por 30 dias por causa da mudança abrupta. Hoje em dia, embora a pandemia siga ceifando vidas e atrapalhando todo tipo de planejamento das empresas brasileiras, Martins está com mais esperança sobre seu futuro profissional.
Com as vendas online da Via Varejo bombando na quarentena, Martins fez parte de um grupo de 500 funcionários convidados para trocar os guichês pelo atendimento remoto dos clientes.
Há 12 meses, ela frequentou aulas online na universidade corporativa da Via Varejo (dona da marca Casas Bahia) para aprender a mexer em softwares para atendimento virtual de clientes e recuperar noções básicas de Excel.
“No dia a dia, a gente não se preocupa em aprender novas coisas”, diz. “Mas vieram essas mudanças todas e precisei me preocupar.”
A formação veio em boa hora e Martins não está sozinha nessa empreitada. Segundo pesquisa do IBM Institute for Business Value (IBV), 58% dos profissionais consultados disseram que planejam fazer cursos de educação continuada este ano, principalmente online.
E 25% disseram que suas metas de requalificação, ou reskill, incluíam a inscrição em programas formais de graduação, certificação ou distintivos.
De acordo com o Fórum Econômico Mundial, 50% da força de trabalho do mundo vai precisar de algum nível de requalificação nos próximos cinco anos. Ou seja, novas habilidades vão entrar no radar das empresas e serão exigidas de quem procurar por um novo emprego.
Assim como a funcionária da Casas Bahia, muitos dos profissionais podem precisar de pequenos ajustes e atualizações em seu kit de habilidades para migrar para carreiras mais digitais – e que vão criar mais oportunidades de agora em diante.
No gigante de papel e celulose Suzano, mais de 2.000 funcionários aprenderam conceitos inovadores da gestão de projetos, como design thinking e metodologias ágeis. A formação ajudou a empresa a criar rotinas para minimizar o desperdício de recursos na fabricação de papel.
“Tenho um livrinho com ideias mapeadas de melhorias”, diz o engenheiro Guilherme Randi, recém-formado na universidade e capacitado como cientista de dados pela universidade corporativa da empresa no fim de 2020.
“Eu fui efetivado na área em que estagiei e comecei a cuidar de uma das máquinas. Tive oportunidade para aprender como estagiário, mas quando você é efetivado surgem novas cobranças, como observar a qualidade do papel, a produtividade da máquina e a segurança dos colaboradores. E todo o processo tem muitos dados, quando comecei a atuar como engenheiro, eu vi que a gente perdia muita coisa. Eu tinha perguntas e não tinha uma solução”, fala ele.
O curso de Ciência de Dados com aulas teóricas online junto ao aprendizado prático com um mentor dentro da empresa ajudou a acelerar uma mudança de função para o engenheiro.
Ele continua acompanhando a máquina, mas com capacidade de transformar as variáveis da vida real em algoritmos.
Agora, Guilherme incentiva outros colegas da equipe a entender que problemas podem solucionar com tecnologia e está buscando mais formas de avançar suas competências.
“Agora eu tenho um leque de oportunidades. Quero aprender sobre visão computacional aplicada para soluções de segurança. E talvez aprender sobre redes neurais”
O desejo por continuar aprendendo, o que especialistas da área chamam de lifelong learning, será uma característica cada vez mais valorizada no mercado de trabalho. Com um futuro incerto, é necessário estar atento a novas tendências e conseguir aprender rápido para se adaptar.
Till Leopold, pesquisador do Fórum Econômico Mundial, fala em uma mistura de habilidades técnicas básicas com uma base sólida de soft skills, as habilidades socioemocionais.
“Não é exatamente uma habilidade de programação que vai levar a uma carreira de sucesso. Criatividade, comunicação, resolução de problemas serão habilidades que não mudam e nos fazem humanos melhores. Algum letramento básico de tecnologia e aprender a aprender também serão importantes, só que o essencial é ter uma boa base”, comenta ele.
Essa é a receita que a Accenture tem aplicado para seus 500.000 funcionários em mais de 100 países. No começo de 2021, todos estão fazendo uma trilha de aulas para se atualizar sobre novas tecnologias. Assim, o acesso ao conhecimento é democrático e toda a organização passa a falar a mesma língua.
Na Accenture há 16 anos, a psicóloga Luciana Lutaif acumulou milhares de horas em cursos de gestão nos últimos oito anos. No período, ela saiu de um cargo de gerência para o de diretora de talentos na empresa.
“Fiz toda a carreira de analista, consultora e gerente, mas a passagem para um cargo mais sênior demorou até eu resolver estudar”, diz Lutaif. “Os cursos me ensinaram habilidades de diretoria e, quando veio a promoção, foi um passo natural.”
Tão importante quanto as horas de formação em metodologias ágeis, a diretora vê que uma certificação para que pudesse ensinar seus conhecimentos a outros funcionários teve grande peso na sua última promoção.
“Eu fui vendo como o meu novo skill poderia contribuir para a empresa e transformar o que eu fazia. E o movimento da empresa de reskill provocou esse sentimento de que precisava correr atrás e aprender com as tendências que estão chegando”, fala ela.
Confira as 15 habilidades com maior demanda para 2025, segundo o Fórum Econoômico Mundial:
Fonte: Exame