Diretores de RH do Itaú, da PwC e da Vivo apontam os caminhos para criar uma mentalidade digital nas empresas
Segundo estudo realizado pela Cisco, fabricante de equipamentos de telecomunicações, o Brasil terá quase 200 milhões de pessoas conectadas à internet, o equivalente a mais de 90% da população, até 2023. O número de dispositivos conectados chegará a 755 milhões, no mesmo período.
Os dados mostram que ter um modelo de negócios digital é fundamental para a sobrevivência das empresas, desafio que demanda profissionais com competências específicas. “A necessidade de desenvolver uma mentalidade digital nunca foi tão real e tão difícil”, afirmou Valeria Marretto, diretora de RH do Itaú, em debate realizado durante a Maior live de carreira do mundo, evento gratuito organizado pelo Grupo Cia de Talentos.
Essas habilidades digitais não estão relacionadas a conhecimentos técnicos, mas a capacidades humanas, como colaboração, empatia e resiliência. São habilidades relativamente novas no ambiente de trabalho e a maioria dos profissionais ainda não as desenvolveu, segundo Erika Braga, diretora de RH da consultoria PwC. “Ninguém está pronto”, diz Braga. “Estamos em constante evolução”.
A capacidade de aprender e desaprender, inclusive, é uma das principais competências exigidas dos profissionais digitais.
Autonomia e colaboração
Desenvolver uma mentalidade digital depende, em grande parte, da capacidade de trabalhar em grupo. Segundo Braga, o profissional não precisa saber de tudo, mas deve ser capaz de navegar por estruturas horizontais, ou seja, com pouca hierarquia.
A autonomia é outro componente importante. A transformação digital está muito relacionada à capacidade de inovação das empresas, por isso, os profissionais devem poder tomar suas próprias decisões e ter iniciativa.
Por outro lado, a complexidade das organizações precisa ser considerada. “O gerente de uma agência, por exemplo, não pode estabelecer seu próprio padrão de atendimento”, diz Marretto, do Itaú. Nesse sentido, é importante que a empresa tenha mapeado o papel e as funções de cada colaborador.
Saber lidar com erros
O erro é parte integrante de qualquer transformação digital. Mas não é qualquer erro. “É preciso tolerar os erros e, ao mesmo tempo, ser intolerante com o baixo desempenho”, afirma Fernando Luciano, diretor de talentos da Vivo. Para isso, é importante separar as falhas técnicas das falhas resultantes de processos de inovação.
“Uma coisa é um problema gerado por falta de habilidade técnica ou por negligência, outra é uma boa ideia que deu errado por uma questão imprevisível”, diz Luciano. Para desenvolver uma cultura digital, é fundamental estabelecer o conceito de fail fast, ou seja, testar as hipóteses o mais rápido possível e mudar quando for necessário.
Fazer o que as máquinas não fazem
O avanço das tecnologias de inteligência artificial deve eliminar uma grande quantidade de postos de trabalho. Por esse motivo, o profissional digital precisa desenvolver competências que não podem ser replicadas pelas máquinas. “Nossa maior habilidade, como seres humanos, é a capacidade de relacionar ideias”, afirma Luciano.
Ter empatia, ou seja, saber se colocar no lugar dos outros, no caso das empresas, no lugar do cliente, é a chave para desenvolver essas habilidades humanas. “Na mentalidade digital, o cliente está no centro de tudo”, afirma Braga, da PwC. “Não tem mais essa coisa de oferecer um serviço, construímos as soluções em conjunto”.
Outra habilidade importante é a capacidade de estar sempre aprendendo. Segundo Braga, é fundamental reservar algumas horas do dia ou da semana para leituras inspiradoras. Além de trazer mais conhecimento, esse exercício aprimora o bem-estar.
Fonte: Exame
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