Programa de integridade facilita a captação de recursos, além de prevenir riscos de fraude e corrupção.
Os efeitos econômicos decorrentes da pandemia de covid-19 impactaram o mundo corporativo, trazendo um alerta também aos departamentos de compliance, na medida em que a crise aumenta os riscos de irregularidades.
A preocupação com fraudes e com os desvios de conduta evidenciam a necessidade das boas práticas de governança corporativa, responsáveis por primar e disseminar os preceitos éticos entre os gestores e funcionários das empresas. É o que afirma Zulmir Ivânio Breda, presidente do Conselho Federal de Contabilidade (CFC).
“A contabilidade brasileira está alinhada ao compliance na busca da conformidade e da obediência às leis internas e externas, que tem se tornado cada vez mais importante no comportamento organizacional”, informa Zulmir Breda.
De acordo com o presidente do CFC, a adoção de padrões internacionais no que se refere a legislação e normatização está contribuindo para uma mudança de postura na cultura das organizações brasileiras. “O zelo pela integridade no ambiente organizacional trouxe à tona a questão da ética e o resgate de valores por parte da empresa, algo essencial para sua permanência no mercado, que vem aumentando seu grau de exigência a cada dia”, avalia.
A diretora executiva do CFC, Elys Tevania Carvalho, ressalta que, durante a pandemia, as instituições e os serviços tiveram que se reinventar em relação a seus processos de trabalho. Por isso, de acordo com ela, estes departamentos devem se tornar ainda mais presentes e atuantes, fazendo parte integral do gerenciamento da crise.
Contador tem papel estratégico no compliance das organizações
De acordo com o Panorama dos Programas de Compliance em Empresas de Capital Fechado, documento elaborado pelo Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), 35,6% das empresas pesquisadas possuem uma área de compliance dedicada. Nas empresas com faturamento acima de R$ 1 bilhão esse percentual sobe para 56%. No entanto, a pesquisa aponta que em apenas 30,8% das organizações esta área é vista como estratégica e com influência sobre as decisões da empresa.
“É importante deixar claro dentro do ambiente empresarial que só é possível superar a crise respeitando as regras. Nesse contexto, o profissional da contabilidade tem a expertise necessária para assessorar a organização contra as práticas ilegais e também no resgate dos valores morais e éticos”, reforça a contadora Elys Tevania Carvalho.
Em sua rotina nas empresas, o profissional da contabilidade lida com muitas normas e com um vasto número de informações que serão a base para a preparação de seus registros, relatórios e análises. “Tendo em vista essa natureza, é totalmente compreensível que exista uma cobrança maior quanto a uma conduta ética e exemplar desse profissional. Assim, as informações produzidas devem refletir a visão justa e verdadeira das transações”, observa o presidente do CFC.
Nesta pandemia ficou claro que a disseminação da cultura de compliance é de extrema importância e também um grande desafio. “É preciso que as empresas ressignifiquem suas ações, pois, mais do que nunca, o compliance deverá estar completamente integrado aos seus objetivos de negócios”, conclui Zulmir Breda.
Fonte: Contábeis