A Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), por meio do Sicoob Credifiemg, passou a integrar, oficialmente, a iniciativa Estímulo 2020, associação sem fins lucrativos que tem o objetivo de levantar recursos financeiros para auxiliar, através da concessão de crédito, micro e pequenos empresários a superarem a crise provocada pelas medidas impostas para a contenção ao novo coronavírus.
A princípio, serão disponibilizados R$ 100 milhões em crédito para as pequenas empresas de Minas Gerais, com condições diferenciadas que facilitarão o acesso aos recursos.
Os micros e pequenos empresários de Minas Gerais que quiserem acessar os recursos poderão se cadastrar no site da Estímulo 2020. Haverá uma análise das condições e históricos das empresas. As primeiras concessões serão efetuadas já na semana de 15 a 19 de junho. Os juros serão de 7% ao ano e a carência de três meses. O pagamento será dividido em 15 parcelas.
Serão priorizados os setores mais afetados pela crise provocada pelo Covid-19, como bares, restaurantes e empresas de vestuário, por exemplo. O valor a ser liberado corresponderá a um mês de faturamento da empresa que tiver o cadastro aprovado e será dividido em duas parcelas. Podem solicitar o crédito, empresas de todas as cidades mineiras. A expectativa é que, pelo menos, mil empresas tenham acesso aos recursos.
De acordo com o presidente da Fiemg, Flávio Roscoe, a disponibilização dos recursos é uma medida paliativa para minimizar os efeitos negativos provocados pela crise nas empresas. A medida só foi possível pela parceria firmada entre a Fiemg e a Associação Estímulo 2020, que foi criado em São Paulo, por vários empresários, com o objetivo de arrecadar recursos junto à iniciativa privada para auxiliar os pequenos empresários. O projeto veio para Minas Gerais, através do apoio de grandes empresários mineiros.
“Os recursos captados pelo fundo são disponibilizados para os pequenos empresários que têm dificuldades de acessar o crédito. Com o apoio de diversos empresários mineiros conseguimos bater a meta estipulada e somamos R$ 20 milhões. Além disso, através da Sicoob Credifiemg, decidimos alavancar o recurso. A cada R$ 1 de capital doado, a Credifiemg vai alavancar R$ 4. Com essa iniciativa, saímos do valor de R$ 20 milhões para R$ 100 milhões de crédito que serão oferecidos a baixas taxas para o micro e pequeno empresário”, explicou.
O fundador do RenovaBR e do GK Ventures, Eduardo Mufarej, explica que quando os primeiros sinais da pandemia afetaram o Brasil, ele começou a pensar em formas que poderiam ajudar a mitigar as dores da sociedade. Junto a outros empresários, foi criada a Associação Estímulo 2020, que é um fundo de apoio e estímulo que tem o objetivo de apoiar os empreendedores e pequenas empresas mais afetadas pela crise provocada pelo Covid-19.
A primeira ação foi desenvolvida em São Paulo com apoio de várias empresas, incluindo da mineira, Localiza. Em São Paulo foram arrecadados R$ 20 milhões e o crédito concedido para empresários da região metropolitana da capital paulista. Os pedidos superaram R$ 4 bilhões.
Diante da grande necessidade de crédito por parte dos empresários, a ideia foi ampliar a atuação e o projeto foi apresentado à Fiemg e trazido para Minas Gerais. No Estado, a meta inicial era arrecadar R$ 10 milhões e foram alcançados R$ 20 milhões. A expectativa é que o valor seja ampliado, uma vez que várias negociações estão em andamento e as empresas e pessoas físicas que quiserem doar recursos, podem fazer a qualquer momento.
“Entendemos que os empresários e as pessoas que têm condições financeiras devem ajudar o pequeno empreendedor para que esses negócios não fechem. A sociedade mineira se sensibilizou e superamos a meta. A partir do movimento e trabalhando com a Fiemg, elevamos o projeto em um patamar muito diferente, que irá contribuir para a sobrevivência de muitas empresas, para a geração de empregos e renda”, explicou Mufarej.
Mobilização – O CEO da Localiza, Eugenio Mattar, classifica o programa como moderno, ágil e importante para mobilizar as empresas de primeira linha, criar uma esteira de crédito e mobilizar doações.
“A pandemia causou um caos, mas deixará bons legados. É uma oportunidade para que as pessoas e empresas participem ativamente no apoio público à sociedade. É o exercício de uma cidadania nova que está acontecendo no Brasil. Esperamos que isso não seja só uma ação, mas se torne uma nova era de exercício de cidadania”, disse Mattar.
O CEO da MRV, Rubens Menin, explica que a ajuda financeira para as pequenas e micro empresas nesse momento de crise é fundamental para a manutenção dos empregos e da renda. Segundo ele, em média, cada pequena empresa gera cerca de 20 empregos diretos e 50 indiretos.
“Estamos vivendo uma crise diferente, onde as grandes empresas sofreram muito, mas as pequenas sofrem ainda mais e não têm estrutura para retornar ao mercado. É obrigação das elites contribuir para o desenvolvimento social, temos condições de gerar qualidade de vida para as pessoas e promover a melhoria da sociedade. Este fundo veio no momento certo, quando as atividades estão sendo retomadas e os pequeno e micro empresários precisarão de crédito para manter os negócios”.
Fonte: Diário do Comércio