Embora existam aspectos permanentes que determinam o temperamento e a personalidade – herança genética, por exemplo -, Goleman defende que muitos dos circuitos cerebrais da mente humana são maleáveis e podem ser trabalhados, impactando o nível de inteligência emocional.
Revisar mentalmente as habilidades que ela envolve e perceber em quais precisa trabalhar é o primeiro passo para aumentá-la. O psicólogo defende que o feedback externo também é um ótimo medidor para se orientar e desenvolver a IE.
Como desenvolver a sua IE – 5 práticas
Em um artigo para o Harvard Business Review, o psicólogo Tomas Chamorro-Premuzic, professor de psicologia empresarial na University College London e na Columbia University, além de associado do Laboratório de Finanças Empresariais de Harvard, recomendou cinco passos fundamentais para aumentar a inteligência emocional.
#1 Transformar o autoengano em autoconsciência
A personalidade, e consequentemente a IE, se molda, principalmente, com base na identidade e na reputação, explica Tomas. Para muitas pessoas existe uma disparidade entre os dois, o que pode fazer com que eles ignorem qualquer feedback negativo.
No entanto, a verdadeira autoconsciência consiste em conseguir ter uma visão realista dos próprios pontos fortes e fracos. Isso não vai acontecer sem feedback preciso, diz o psicólogo. Investir em avaliações baseadas em dados, como testes de personalidade e pesquisas de feedback é uma boa.
#2 Transformar o foco em si próprio em foco nos outros
Segundo Tomas, para quem tem níveis mais baixos de IE, é difícil visualizar as coisas pela perspectiva dos outros. Especialmente quando não há escolha certa ou errada. Desenvolver uma abordagem centrada nos outros começa com reconhecimento das forças, fraquezas e valores de cada um.
Em um contexto de trabalho, conversas frequentes com os membros da equipe levarão a um entendimento melhor de como motivar e influenciá-los.
#3 Agir de forma que torne a convivência gratificante
A convivência com pessoas que têm mais altos níveis de IE tende a ser vista como mais recompensadora. De acordo com o psicólogo, os mais “recompensadores” tendem a ser mais cooperativos, amigáveis, confiantes e altruístas.
Tomas diz que é importante garantir, sempre, um nível apropriado de contato antes de pedir ajuda ou passar uma tarefa a alguém. Além disso, procurar compartilhar conhecimento e recursos sem expectativa de reciprocidade.
#4 Controlar “explosões”
No mundo dos negócios, não é bom mostrar frustração sempre que surge um problema inesperado, explica o psicólogo. Então, se você é uma pessoa que tem o que ele chama de “muita transparência emocional”, é melhor se moderar.
Para fazer isso, é preciso perceber que situações tendem a desencadear sentimentos negativos. Detectando seus gatilhos, “você consegue evitar situações estressantes e inibir suas reações”, diz ele.
Procure trabalhar táticas que o ajudem a se tornar consciente sobre suas emoções, em tempo real. Não só sobre a forma que as sente, também em termos de como elas estão sendo vistas pelos outros.
#5 Mostrar humildade
Em questão de carreira, a autoconfiança, em certo grau, é vista como um traço inspiracional. Porém, o psicólogo afirma que os melhores líderes são os que parecem ser humildes. Estes transmitem segurança para a equipe.
“Encontrar um equilíbrio saudável entre assertividade e modéstia, demonstrando receptividade ao feedback e capacidade de admitir os erros, é uma das tarefas mais difíceis de dominar.”
Tomas explica que, no contexto profissional, é importante esconder a arrogância – caso ela exista – e mostrar humildade. Mesmo que ela tenha de ser fingida. Algumas atitudes a se considerar: acabar com o orgulho, escolher bem as brigas e procurar oportunidades para reconhecer os outros.
Soft skills, as habilidades sociais
Soft skills diz respeito às habilidades que lidam com a relação e interação com outros. “Habilidades como resiliência, empatia, colaboração e comunicação são todas competências baseadas na inteligência emocional e que distinguem profissionais incríveis da média”, afirma Daniel Goleman, psicólogo expert no assunto e autor do bestseller Inteligência Emocional.
O especialista, por sua vez, define o termo como “traços e comportamentos que caracterizam nossos relacionamentos com outros”.
As habilidades sociais variam de ser capaz de sintonizar os sentimentos de outra pessoa e entender como cada um pensa até a capacidade de negociação. Todas podem ser aprendidas na vida, contanto que se dedique tempo, esforço e seja perseverante durante o processo.
Por que elas interessam em todos os ambientes profissionais
O interesse pela inteligência emocional no local de trabalho vem do amplo reconhecimento de que essas habilidades diferenciam profissionais e líderes mais bem-sucedidos da média.
Isso é especialmente verdadeiro em funções em que todos têm que ter o mesmo nível técnico: nesses contextos, como as pessoas gerenciam a si mesmos e seus relacionamentos faz toda a diferença.
Fonte: Exame