Inclusão é um termo que costuma aparecer junto com a palavra diversidade. Você mesmo já deve ter escutado a frase “diversidade é chamar para a festa, inclusão é convidar para dançar”, certo?
Pode parecer uma ideia óbvia hoje em dia, mas reforçar a importância dessa dupla de palavras é também destacar uma situação que precisamos mudar urgentemente no trabalho e na sociedade de forma geral: a exclusão de pessoas pertencentes às minorias sociais. Falamos em inclusão porque o que acontece hoje, bem, é o oposto — muitos nem sequer são convidados para “a festa”.
Outros até são convidados, mas, no fim das contas, não conseguem participar de verdade do “baile”. Para que todos possam dançar, é preciso adaptar a pista. Adaptar para que as pessoas se sintam confortáveis naquele lugar, não fiquem deslocadas, estejam em um ambiente seguro e acolhedor, enfim, para que elas, cada uma com a sua particularidade, possam curtir a “celebração”.
Trazendo a analogia para o mundo do trabalho, me refiro à necessidade de adaptar processos e estruturas para, então, proporcionar segurança física e emocional a todos. No caso da diversidade funcional, esse é um problema antigo e, infelizmente, ainda não superado.
Apesar da Lei de Cotas ter completado 30 anos em 2021 e trazido avanços para o cenário no país, ainda falta preencher 47% das vagas previstas por essa lei. E sabe o que é pior? Para os profissionais que conquistaram tais vagas, não necessariamente a situação está ideal. Foram convidados para a festa, mas não necessariamente participam — ou sentem que podem participar — dela.
É que, segundo uma pesquisa do InfoJobs, 78% dos respondentes disseram que líderes e recrutadores já duvidaram de suas credibilidades no trabalho devido às suas condições. Outro levantamento, dessa vez da Santo Caos, revelou que 34% dos PcDs entrevistados se sentem isolados no ambiente de trabalho.
Ainda tem o relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS) que mostra que pessoas com deficiência recebem, em média, salários menores do que outros que estão empregados. Diante desses números, fica a sensação de que estamos organizando festas só para um grupo específico e, veja bem, não era essa a ideia.
Uma festa de sucesso é aquela em que todos, independentemente das suas diferenças e particularidades, podem aproveitar e se divertir juntos, em harmonia. Só que planejar esse “grande evento” não é fácil, eu sei.
Sabe como começar a fazer isso? Fazendo perguntas para quem já deu essa festa e, mais importante, para quem participou dela. Como foi o processo? Quais foram os acertos e os erros? Quanto tempo levou para organizar isso? O que deve ser levado em consideração para incluir todos na dança? Como um grupo pode ajudar o outro a “dançar”?
Existem também várias consultorias e instituições especializadas na inclusão de pessoas com deficiência no trabalho. Peça ajuda de especialistas! Se, ao celebrar um casamento ou aniversário, você contrata serviços especializados, por que seria diferente na hora de promover essa grande festa da diversidade? Não precisamos (nem devemos) fazer isso sozinhos!
Entenda também que esse é um trabalho constante! Quando falamos em gestão de pessoas, nada nunca é estático. Procurar novas práticas de gestão, revisar processos para melhorá-los, escutar os colaboradores para colher feedbacks etc faz parte do dia a dia de quem entende que o mundo do trabalho é vivo e está sempre em transformação — isso implica, claro, em novos e constantes desafios para RH.
A próxima festa pode ser melhor que a anterior e, otimista como sou, acredito que, juntos, podemos fazer uma celebração ainda maior. Um baile, como falava na minha época, onde todos e todas, diferentes e únicos como são, dançam na pista!
Fonte: Exame