Nada de cruzar os braços quando alcançamos a linha de chegada do objetivo.

Quem sempre lutou desde cedo para construir a carreira como profissional ou empreendedor sabe que é uma sensação muito satisfatória colher frutos de suas realizações de alguma forma, já na casa dos 20 ou 30 anos.

São as primeiras conquistas que significaram esforço e persistência, tudo muito digno de comemoração e prestígio.

De toda forma, eu vejo a trajetória profissional como uma longa jornada, passível de altos e baixos, alegrias e frustrações. Nem tudo vai ser linear nesse caminho, nem necessariamente com resultado rápido.

Então, ainda que seja bom ter vitórias profissionais o quanto antes, também é importante a paciência na carreira.

Aprendemos nas aulas de matemática sobre a propriedade comutativa, ou seja, a ordem dos fatores não altera o resultado. É assim também na carreira. Não importa se tudo “deu certo” no começo, pois pode dar errado à frente. Não importa se tudo começou com muita dificuldade, pois pode melhorar. Cada pessoa tem sua história e caminhos; impossível comparar ou racionalizar.

O único ponto em comum que podemos falar sempre é que o que supera todo tipo de obstáculo é a constância, o comprometimento diário de correr atrás dos objetivos e das novas realizações.

Enxergo as conquistas profissionais como um gás para impulsionar a dedicação, pois “com grandes poderes vêm grandes responsabilidades”. Nada de cruzar os braços quando alcançamos a linha de chegada do objetivo.

Mas, da mesma forma, encaro os desafios como trabalho de resiliência, pois são eles que vão exigir estratégias assertivas e busca por soluções viáveis, em tempo hábil. Tudo isso levando consequentemente a novas vitórias.

Maturidade profissional faz diferença

Mas um dos problemas de “vencer cedo” na carreira é se enganar sobre estar pronto em todos os sentidos para o desafio. Podemos ser ótimos tecnicamente, mas ainda pode faltar vivência, experiência de viver mesmo, de lidar com inúmeras situações e variáveis.

Por exemplo, um jovem especialista que se depara com a oportunidade de gerenciar um pequeno time, pode não ter a maturidade necessária para lidar com a diversidade e multiplicidade das questões trazidas pelos liderados.

Os colaboradores vão esperar respostas e soluções vindas do jovem líder, mas a gestão de pessoas envolve muito mais que apagar incêndios de processos.

É difícil reconhecer que algumas conquistas profissionais podem vir na hora errada.

Ao mesmo tempo, talvez nem exista essa questão de “hora errada”. Pois também nesses momentos de dificuldades e despreparo é que buscamos nos superar e nos desenvolver. Requer humildade e reconhecimento de que nunca estaremos prontos, mas sempre na busca ser sermos melhores, um dia de cada vez.

Humildade para continuar aprendendo sempre

O que me parece necessário mesmo é um estudo constante e uma imersão na experiência. Dar a cara a tapa, mostrar que está aberto a aprendizados, reconhecer que precisa de ajuda e a quem pedir socorro, para onde focar suas energias. E estar vulnerável é parte desse processo.

A vulnerabilidade de líderes é algo constantemente subjugado. Por mim, eu prefiro ver o líder vulnerável como aquele que sabe que não pode resolver sozinho e nem deve, uma vez que tem um time justamente por isso.

E esse reconhecimento de potenciais e habilidades dentro de uma equipe requer muita observação, escuta e troca. Algo que um jovem líder pode levar mais tempo para desenvolver. Então, sigo batendo na tecla da paciência.

Conquistas de início de carreira às vezes têm sabor agridoce, pois significam vitória ao mesmo tempo em que são só o início de uma longa e incerta jornada.

Mudanças também são conquistas

Um lado delicado de ter conquistas logo no início da carreira é se sentir restrito em áreas de atuação. Quantas pessoas na casa dos 30 querem mudar de profissão, mas não conseguem por já estarem estáveis em suas especialidades?

Eu me peguei pensando não apenas em quem está começando a encontrar um caminho na carreira, mas também em alguém que até conquistou bastante, mas está querendo se transformar profissionalmente.

O risco de deixar de correr atrás de um sonho ou de uma nova vida é grande quando pensamos que é tarde demais para isso.

Uma transição de carreira agora pode até não ser mais “cedo”, mas nem por isso estamos diante do “tarde”.

Como falei antes, a vida profissional não precisa ser linear, e um profissional não precisa ser vítima de clichês impostos por nossa sociedade. Muitas questões sociais impõem em nós a necessidade de estarmos “resolvidos” antes dos 30, 40, 50.

Experiências nunca são desperdiçadas

Eu prefiro encarar a carreira como uma longa jornada, com caminhos que podem ir se abrindo para novas possibilidades. A questão é nunca se acomodar. A carreira pede recomeços, a vida quer novas etapas, ou seja, transições e transformações são bem-vindas.

Ainda que eu mesmo tenha orgulho das minhas conquistas antes dos 40 – como ver as pessoas que ajudei de alguma forma a desenvolver ou impactar positivamente –, eu tenho percebido muitas pessoas em minha vida se transformando, buscando um caminho mais satisfatório como profissional.

Espero que elas consigam perceber que todas as habilidades e todo o conhecimento adquirido em anos de carreira são alimento para a transformação.

As experiências já adquiridas podem ser adaptadas para uma nova oportunidade de trabalho, ainda que em áreas bem distintas.

Talvez as três coisas mais necessárias sejam estudo, posicionamento e networking.

Com aprendizado, a pessoa se capacita mais para as necessidades da nova carreira. Com a comunicação certeira e a rede de contatos, ela usa seus objetivos enquanto cria relações estratégicas para conquistar oportunidades.

Tenha paciência e constância

Se você é um jovem começando já cheio de conquistas ou um profissional maduro em busca de novidades, há algo em comum aqui: a necessidade de ter paciência e constância.

Todo o caminho profissional, seja com conquistas logo cedo, seja com transformações depois de uma longa jornada, precisa de uma mente focada e uma atitude disciplinada. Fazer o certo, pelas razões certas, sempre!

Fonte: Administradores