Rodrigo Furtado, gestor da XP Long Term, fala sobre o trabalho dos analistas da gestora e as competências fundamentais para exercer a profissão.
Selecionar ações das empresas com maior potencial de valorização da bolsa. A habilidade conhecida como stock picking está entre as características mais importantes de um gestor de um fundo de investimento. Mas como essa seleção ocorre na prática?
Rodrigo Furtado, gestor da XP Long Term, participou do primeiro episódio da série de lives “Operação Stock Pickers”, que foi ao ar nesta segunda-feira (28), e contou um pouco mais sobre os bastidores do processo de escolha desses ativos.
Segundo ele, o grande segredo de boa parte das gestoras de fundos é contar com um time de analistas setoriais que se responsabilizam por acompanhar de perto o desempenho de cada uma das empresas do setor.
“O trabalho do analista é fundamental nesse caso. Pense só: a bolsa brasileira tem quase 400 empresas listadas e precisamos selecionar de 10 a 15 ações que queremos investir. Esse processo pode ser feito de várias formas, mas, no XP Long Term, temos um time de analistas que ficam concentrados em fazer a análise fundamentalista de cada um dos setores, dando munição para a tomada de decisão do gestor”, explica.
Assim, segundo Furtado, é preciso que a equipe de análise funcione de forma bastante integrada para que as melhores decisões possam ser tomadas.
“O analista toma decisões, mas com um conhecimento muito aprofundado sobre as empresas do seu setor. O gestor, no caso, precisa confiar na análise da equipe que ele contratou. Uma asset funciona como um time de futebol, tudo depende do trabalho em equipe”, afirma.
Rodrigo Furtado trabalhou na Asset XP por quase 11 anos e atualmente está estruturando a XP Long Term, gestora de fundos de investimentos do grupo. Ele ressalta que, mesmo atuando como gestor, nunca deixou de ser analista.
“O analista setorial passa 70% do tempo dele focado no seu setor, nas empresas que compõem esse ambiente e apenas 30% focado no macro, enquanto o gestor fica 100% do tempo focado no todo, mas com um nível de superficialidade bem maior também. Por isso é importante que o gestor confie muito nos analistas, mas também não deixe de ter essa veia de análise”, explica.
“Mercado muito fértil”
Durante a live, Furtado também destacou que o momento atual é bastante favorável para quem desejar trabalhar com análise de ações.
“É um mercado muito fértil. Nós estamos vendo hoje um movimento que chamamos de financial deepening (aprofundamento financeiro), que na prática são mais pessoas acessando outros produtos financeiros por necessidade, ou por terem mais conhecimento sobre o assunto. Então, o que estamos vendo é um crescimento desse mercado e, naturalmente, uma demanda por mais analistas”, conta.
Sobre os pré-requisitos fundamentais para se tornar um analista, Furtado destaca a curiosidade e o desejo por conhecimento.
“Todo analista tem que ser curioso e gostar do que faz. O trabalho de stock picking é um trabalho de investigação. As informações estão lá, são públicas, mas muitas vezes estão em um formato muito difícil de ler. Então, a grande característica que na minha opinião define um bom analista é ter a sede de buscar a informação que está além da informação fácil”, afirma.
“Nos últimos 3 anos, tivemos que investir mais na formação de pessoas que iam compor esse time de análise, justamente por estar faltando profissionais da área no mercado. Creio que essa demanda por profissionais de análise é algo que veio para ficar e crescer, ao passo que o mercado cresce também.”
Os próximos episódios da série “Operação Stock Picking” serão transmitidos ao longo dessa semana e trarão mais detalhes sobre a habilidade de stock picking, e como se tornar um analista de ações.
Fonte: Infomoney
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