Morreu nesta terça-feira (28), aos 99 anos, o bilionário Charlie Munger, braço direito do investidor Warren Buffett e uma das grandes mentes do mercado financeiro do século 20.
Munger, mais conhecido como o vice-presidente da Berkshire Hathaway, Inc, nasceu em Omaha em 1º de janeiro de 1924 e iria completar 100 anos no Ano Novo. Em comunicado, membros da sua família disseram que ele faleceu “pacificamente” em um hospital da Califórnia.
A trajetória do bilionário ao lado de Warren Buffet teve início em 1959, quando o conheceu durante um jantar. Na década de 1970, entrou na Berkshire Hathaway, da qual fez parte do conselho até sua morte.
Assim como seu sócio, Munger era conhecido como um investidor pragmático e “um filantropo ativo que vivia de forma relativamente frugal e doava milhões às universidades”, diz a Forbes.
Dentre suas diversas contribuições para o mundo dos negócios, se destaca sua visão sobre um aliado muito importante para a boa gestão: o sistema de incentivos.
Em um de seus muitos discursos, o executivo deixou clara a sua opinião: “Talvez a regra mais importante na gestão seja ‘acertar o incentivo’”.
Suas opiniões sobre esquemas de incentivos foram citadas e parafraseadas diversas vezes, sendo “mostre-me o incentivo e eu lhe mostrarei o resultado” uma das mais famosas. Não está claro, no entanto, onde exatamente ele disse essas palavras.
Em um discurso intitulado A Psicologia do Erro de Julgamento Humano, destacado por reportagem do Money Control, Munger elaborou o assunto, o discutindo sob uma das tendências humanas, que chamou de tendência de super-resposta de recompensa e punição.
Na ocasião, o bilionário discutiu o exemplo da Federal Express, que exigia que todos os pacotes fossem transferidos entre os aviões todas as noites, e isso tinha que ser feito rapidamente.
A empresa tentou todos os métodos possíveis para convencer seus funcionários a realizarem essa tarefa rapidamente, mas nada funcionou até que alguém descobriu uma falha no sistema: os trabalhadores eram pagos por hora, então horas mais longas funcionavam bem para eles.
Quando a FedEx começou a pagar aos funcionários pelo turno e disse que eles poderiam ir para casa quando o trabalho terminasse, todos se mobilizaram para terminar rapidamente.
Munger também ressaltou a importância de tornar o mau comportamento difícil, chamando as pessoas que criam coisas como as caixas registadoras, que tornam o “comportamento desonesto difícil de concretizar”, de “santos eficazes da nossa civilização”.
De acordo com ele, os funcionários poderiam dissuadir as pessoas de se comportarem mal com “antídotos”, como práticas contábeis sólidas, auditorias internas rigorosas e punições públicas severas para “criminosos”, além de rotinas e máquinas de “prevenção de comportamento”, como caixas registradoras.
Para Munger, o capitalismo de mercado livre teve sucesso em grande parte porque não existe qualquer preconceito causado por incentivos. “A maioria dos proprietários capitalistas numa vasta rede de atividade econômica de mercado livre são selecionados pela sua capacidade de sobreviver numa competição brutal com outros proprietários e têm um forte incentivo para evitar todo o desperdício nas operações dentro da sua propriedade”, declarou.
“Substitua esses proprietários por funcionários assalariados do Estado e você normalmente obterá uma redução substancial na eficiência geral, pois cada funcionário que substitui um proprietário está sujeito a preconceitos causados por incentivos, pois determina que serviço prestará em troca de seu salário e o quanto ele cederá à pressão dos colegas que não desejam a criação de nenhum modelo de desempenho forte”, acrescentou.
Fonte: Administradores