Se a pandemia do novo coronavírus conseguiu quebrar a resistência dentro das empresas e forçar a adoção do home office em larga escala, também ocorrerão outras mudanças na cultura empresarial e na forma de trabalho.
Segundo André Souza, CEO da Futuro S/A, a tendência principal é que a atuação da liderança mude. Para o trabalho remoto funcionar, é preciso dar autonomia para os funcionários. Com isso, o gestor que apenas supervisiona e delega tarefas vai perder valor.
“Teremos outro tipo de valor nas empresas. A liderança precisará ser mais complexa, gerar desafios para suas equipes e se conectando mais com a estratégia do negócio”, fala ele.
André Souza tem longa experiência na área de Recursos Humanos, liderando equipes e projetos na América Latina, Estados Unidos e Europa para empresas como Bayer, Coca-Cola Company e Nokia.
“Quando a empresa começa a mergulhar nos dados para tomar decisões, a primeira coisa que deve fazer é a seguinte pergunta: o que a gente quer saber? Quando fazemos perguntas poderosas, podemos combinar dados de forma que geramos insights precisos”, diz ele.
Para ele, a conversa com a gerente do Resultados Digitais será muito interessante pela convergência de ideias dos dois: de um lado, a empresa que nasceu com uma forte cultura de uso de dados e, do outro, Souza traz sua experiência de 20 anos no RH e dos últimos dois anos ajudando empresas a mudaram de mentalidade para o mundo digital.
Souza acredita que as lideranças vão perceber que não necessariamente precisam estar juntos para atuar em conjunto – uma lição que ele aprendeu em 2006, quando trabalhou na Nokia.
“Nem tinham mesas para todos, pois trabalhávamos muito em casa. O trabalho remoto foi muito revolucionário para mim, me ajudou ao longo da jornada a ter uma visão mais moderna da forma de gerir equipes. Liderei projetos globais com a equipe espalhada ao redor do mundo. Eram oito pessoas no projeto, da China, Índia e Europa, e a gente nunca se encontrou pessoalmente, mas criamos um programa que foi implementado em mais de 100 países”, conta ele.
Além da mudança no papel das lideranças, ele vê que a pandemia – e o home office — também mudarão a definição do que é ser um profissional de alta performance.
A medição do trabalho não será a pontualidade que começa o expediente ou a quantidade de horas online: criatividade, qualidade nas entregas e um pensamento intraempreendedor ganharão mais destaque.
“Nesse momento, com o negócio de cabeça para baixo com a pandemia, as empresas estão precisando de ideias novas e loucas, de soluções para novas fontes de rendas, sobre como reduzir custos. Quem tem um DNA mais empreendedor, não que queira abrir uma empresa, mas que quer fazer coisas novas dentro da organização, terá uma ascensão”, diz ele.
Fonte: Exame
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