Não é raro que o modo como você lida com situações de pressão seja investigado durante um processo de seleção.
“Recrutadores identificam na história do candidato momentos em que foram exigidos resiliência e autocontrole para lidar com obstáculos”, explica a gerente de produtos e educação da Fundação Estudar, Anamaíra Spaggiari.
O interesse nas passagens marcantes da vida dos candidatos é medir seu nível de inteligência emocional. Discutido, analisado e estudado desde a década de 1960, o Quociente Emocional (QE) ganhou destaque no mundo do trabalho por ser comprovadamente um fator determinante no sucesso para a esmagadora maioria das profissões. Pesquisa da TalentSmart mostra que a relação entre a inteligência emocional e o salário é direta: a cada ponto adicional no QE representa um ganho de 1,3 mil dólares no salário anual. Isso vale para qualquer área de trabalho seja qual for a região do planeta.
A grande questão é que, após mais de meio século de estudos e pesquisas sobre o tema, só há alguns poucos anos que o desenvolvimento das habilidades sócio-emocionais vem ganhando espaço teórico nos currículos de escolas e universidades. E o movimento ainda é tímido, sobretudo no Brasil, onde a distância entre o conhecimento ensinado nos bancos da escola e a exigência do mercado de trabalho é grande. Na análise da gerente de educação da Fundação Estudar, a adaptação do sistema educacional brasileiro às demandas atuais do mercado de trabalho passa obrigatoriamente pelo aumento de atividades práticas na grade curricular.
Pesquisa realizada pela Fundação Estudar, obtida pelo Site Exame, com 375 universitários e recém-formados com média de idade de 23 anos mostra que 79% sentem a faculdade deixa a desejar em algum ponto, sendo que 87% deles apontam que o que falta é ensino prático e atual. Os dados foram colhidos no ano passado. “Quando envolve prática, vêm os projetos e, com eles, começam as surgir as demandas por habilidades emocionais”, diz Anamaíra. O desenvolvimento de competências sócio emocionais como disciplina formal ocorreria depois que as instituições de ensino elaborassem currículos mais práticos.
Enquanto isso não acontece, cabe aos interessados em desenvolver o quociente emocional de outras formas. Jovens que participam de projetos extracurriculares ou que integram organizações estudantis conseguem, em geral, desenvolver mais seu QE. Entrar para a gestão do centro acadêmico, da atlética, participar de empresa júnior, fazer trabalho voluntário, investir numa experiência de intercâmbio são algumas das indicações. Os desafios dessas atividades são gatilho importante, mas é preciso antes saber mais sobre o que é, de fato, essa habilidade. Anamaíra sugere cinco livros que podem ajudar nesse processo e ela também indica um teste desenvolvido pela Fundação Estudar, para medir o QE.
1 – “Inteligência Emocional”, de Daniel Goleman
É o grande clássico sobre o assunto, publicado pela primeira vez em 1995, nos Estados Unidos. Esse livro mudou a forma como se encara a inteligência introduzindo o conceito de duas mentes, a racional e a emocional, como juntas tem impacto no destino do indivíduo. Reconhecer emoções tem papel central no desenvolvimento da inteligência, já que a incapacidade de lidar com sentimentos pode minar a experiência escolar, acabar com carreiras promissoras e interferir em nossas vidas. O livro também mostra quais cinco habilidades-chave da inteligência emocional e em que medida elas determinam o êxito nos relacionamentos, trabalho e até no bem-estar físico.
2 – Antifrágil, de Nassim Nicholas
O estado de incerteza deve ser desejável e esse livro explica que ele permite a construção de coisas mais concretas, ou seja, menos frágeis e dependentes de estabilidade. A obra analisa inovações que surgiram a partir do método de tentativa e erro. Também há estudos relacionando incerteza e tomada de decisão, política, planejamento urbano, guerra, finanças pessoais, sistemas econômicos e medicina.
Fonte: Exame