Em meio às possibilidades múltiplas que o mundo oferece, é fundamental ter clareza sobre aquilo que não queremos ser e não queremos fazer. De que você já abriu mão para manter sua integridade?
Nas primeiras décadas do século 20, a indústria tabagista vivia um boom econômico. Impulsionada pela mais recente inovação da época, o cinema, os fabricantes de cigarro não podiam reclamar.
Hollywood recebeu rios de dinheiro e seus diretores, atores e atrizes faturaram milhões de dólares mostrando ao mundo que fumar era algo glamoroso.
A indústria da propaganda não poupava criatividade em seus anúncios. Basta jogar no Google para ver como eram os anúncios de cigarro nos anos 1930 e 1940. Você vai encontrar médico receitando cigarro, crianças e até Papai Noel mostrando como fumar era algo legal.
Um século depois, os mais recentes dados mostram que a cada ano morrem cerca de 3,5 milhões de pessoas vítimas do tabagismo. As projeções apontam que em 2030, serão 10 milhões morrendo anualmente.
Mas até a década de 1950 ninguém sabia disso. Foi só nos anos 1960 que começaram as proibições em anúncios. Mesmo assim, até os anos 1990 ainda víamos na TV o cowboy de Marlboro – que, aliás, morreu de câncer de pulmão devido ao fumo.
Qual a conclusão que chegamos? Bom, o que é permitido nem sempre é ético.
A escravidão era permitida por lei aqui no Brasil até 1888. No Reino Unido, até 1975 as mulheres eram proibidas de ter uma conta bancária em seu próprio nome se não pedissem permissão ao marido!
A indústria do cigarro é um desses exemplos. Alguns vão dizer: “mas hoje as pessoas fumam com consciência de que faz mal, é livre arbítrio”.
A indústria sempre negou, mas desde muito tempo sabe que os adolescentes são o foco principal de consumidores. Pois quanto mais cedo a pessoa começa, mais provável é que ela continue fumando pelos próximos 30 anos.
No Brasil, mais de 90% dos fumantes compraram o seu primeiro maço na adolescência.
O que é permitido nem sempre é ético. A reflexão deste texto não é apenas criticar uma ou outra indústria que ainda existe e que faz muito mal às pessoas que não lucram com ela.
Diante desse ideal de ética e de propósito na vida, esse texto é sobre você. E sobre o impacto que você vai causar na vida das pessoas. É um exercício para a sua reflexão individual.
Pense numa decisão que mudou a sua vida de forma significativa. O que aconteceu antes e depois dela?
O que você se orgulha em fazer? Imagine que você vai acordar amanhã e se tornar uma pessoa que faz algo de valor, que faz bem para você e para os outros. Pense, hoje, sobre quais das suas virtudes você exerce no seu trabalho.
A principal comparação que devemos fazer não é em relação aos outros, mas a nós mesmos. Quem é você hoje comparado a quem era dez anos atrás? Em que aspectos você evoluiu desde então? E agora, no que você precisa evoluir?
Pense em pessoas que você admira e no que você poderia fazer para potencializar esses mesmos atributos em você.
Em meio às possibilidades múltiplas que o mundo oferece, é fundamental ter clareza sobre aquilo que não queremos ser e não queremos fazer. De que você já abriu mão para manter sua integridade?
Defenda o que você acredita. Se posicionar no mundo e expor o que você pensa são atos de coragem. Se você tem enfrentado dilemas éticos no trabalho e na vida pessoal, reflita sobre o seu próximo passo.
Fazer o que lhe cabe é a atitude mais importante e decisiva da vida.
Por Thiago Godoy
Fonte: Infomoney