A indústria de aparelhos elétricos, eletrônicos e similares de Minas Gerais encerrou 2021 com resultados positivos. A estimativa é que o faturamento do setor tenha avançado cerca de 10% sobre 2020. A demanda forte proveniente dos setores de mineração e siderurgia contribuiu para o avanço no Estado. A alta poderia ter sido ainda maior, caso o setor não tivesse enfrentado a falta e o encarecimento de matérias-primas. A pandemia de Covid-19 gerou uma desorganização nas cadeias produtivas globais e, desde 2020, as empresas enfrentam dificuldades na aquisição de componentes e matérias-primas em função da falta destes itens no mercado.
Em nível nacional, o faturamento da indústria eletroeletrônica foi estimado em R$ 214,2 bilhões em 2021, crescimento, em termos reais, de 7%. O resultado ficou 6% superior ao obtido em 2019.
O presidente do Sindicato da Indústria de Aparelhos Elétricos, Eletrônicos e Similares do Estado de Minas Gerais (Sinaees-MG) e diretor regional da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), Alexandre Magno D’assunção Freitas, explica que no Estado o crescimento foi superior à média nacional, mas ainda está um pouco inferior aos resultados de 2019.
“Em 2021, o setor eletroeletrônico de Minas Gerais teve um crescimento acima da média nacional. Nosso levantamento inicial aponta para alta de 10% sobre 2020. Ainda não superamos, mas o resultado está bem próximo ao de 2019”.
No Estado, Freitas explica que a demanda elevada pelos produtos siderúrgicos e da mineração fizeram com que o setor investisse mais, o que aumentou a demanda pelos produtos eletroeletrônicos, contribuindo, assim, para o resultado positivo em 2021.
“O crescimento está ligado à mineração e à siderurgia, que foram setores que não pararam. Houve investimentos no aumento de capacidade de produção para atender a demanda, que cresceu internamente e no mercado externo. Isso fez com que a indústrias, principalmente, as do setor elétrico aumentassem a produção de equipamento para atender a estes setores, que puxou também a curva de crescimento para cima”.
Mesmo com resultado positivo, o setor enfrentou gargalos que impediram uma expansão maior. De acordo com informações da Abinee, devido aos impactos da pandemia de Covid-19, desde 2020, as empresas registram dificuldades na aquisição de componentes e matérias-primas em função da falta destes itens no mercado.
No caso específico de semicondutores, por exemplo, existe uma crise mundial de abastecimento. Conforme sondagem realizada pela Abinee, cerca de 70% das empresas do setor, que utilizam esses componentes, apontaram dificuldades na aquisição destes itens. Esses problemas vêm causando impactos na atividade da indústria eletroeletrônica, como atraso na produção e entrega.
Com a oferta menor e demanda elevada, os preços dos insumos foram alavancados, o que também impactou na margem e no faturamento do setor. A desvalorização do real frente ao dólar também gerou maior custo, já que a maior parte dos insumos do setor são importados.
“Nosso crescimento em Minas Gerais não foi maior devido à falta de matéria-prima, que estamos sentindo desde 2020. Em 2021, houve redução do problema, mas ainda não foi solucionado. Tivemos aumento expressivo dos custos, principalmente, com as chapas de aço. Isso prejudicou muito o crescimento do setor. O aumento dos insumos pesa na formação de preços e houve dificuldades em repassar para o consumidor. Se não fosse a falta de matéria-prima e aumento dos preços dos insumos, o setor cresceria mais, com toda certeza”, disse.
Freitas explica que o bom desempenho do setor também se deve ao otimismo dos empresários, que se mantiveram ativos e investindo, e às ações das entidades como o Sinaees-MG, Abinee e Fiemg.
Segundo ele, através de trabalhos a níveis estadual e federal foi possível conseguir dos governos políticas públicas e ações que mantiveram o ambiente de negócios saudável para que as empresas continuassem produzindo.
Cautela
Para 2022, as estimativas são mais cautelosas e a expectativa é que o setor fique estável na comparação com o ano passado.
“Este ano, o dólar tende a permanecer alto e teremos o período eleitoral e, por isso, a perspectiva é manter o faturamento de 2021 em 2022. O que será um ganho. Não esperamos para 2022 o mesmo crescimento aferido em 2021”.
Fonte: Diário do Comércio