Reconhecido como o principal polo de inovação do mundo, o Vale do Silício (Califórnia – Estados Unidos) é o ambiente dos sonhos para qualquer novo empreendedor. Afinal de contas, estamos falando de uma região que abriga os headquarters de algumas das maiores empresas da atualidade, como Amazon, Google e Uber, e outras centenas de startups que nem conhecemos, mas que estão movimentando bilhões de dólares por todo o mundo.
Sendo assim, a dúvida é: o que o Vale do Silício faz de diferente e que pode ser replicado para o nosso ecossistema empresarial? Responder essa pergunta, evidentemente, está longe de ser uma tarefa simples. Ainda assim, é possível dizer que sem a junção de tecnologia, investimento e visão aberta à inovação nenhuma empresa do Silicon Valey teria sucesso.
Para o vice-presidente de Operações da Squadra Tecnologia, Romulo Cioffi, replicar o Vale do Silício no Brasil – ou em qualquer parte do mundo – depende de uma soma de fatores, tais como a mudança de mindset e orientação à tecnologia, que permitam a transformação e o avanço. O próprio polo norte-americano nos ensina isso, ao mostrar que qualquer empresa independente do setor ou área de atuação, hoje, é uma companhia de tecnologia. Quer exemplos? A Netflix e o Uber podem não ser fornecedores de TI, mas elas precisam pensar a transformação digital e a evolução de seus sistemas como parte vital para o desenvolvimento de seus negócios.
Não por acaso, pesquisas do Gartner indicam que a aplicação de programas de digitalização dos processos e serviços está nos planos de quase 80% dos Chief Executive Officers (CEO) globais, com a tecnologia sendo o ingrediente principal ou uma condição básica em todas as 10 maiores prioridades para os próximos anos. Em outras palavras, a tecnologia deve ser vista como o impulsionador que simplificará ou guiará os esforços das operações para o futuro, permitindo que a real inovação aconteça.
Para alcançar esse resultado, no entanto, as lideranças executivas dessas novas companhias devem ter acesso a um contexto que busque replicar as condições a que as companhias do Vale estão expostas, ou seja, um ambiente aberto à inovação, com condições atraentes para a aplicação de novos investimentos, políticas públicas alinhadas às demandas do mercado e um ecossistema capaz de estimular a concorrência interna e o crescimento de novas empresas.
A principal lição do Vale do Silício para as startups do Brasil é justamente a formação desse ecossistema de colaboração e desenvolvimento contínuo. “É preciso pensar em como podemos aplicar esse modelo de pensamento aqui, criando condições mais favoráveis para os empreendedores e usando as inovações disponíveis (da tecnologia e do mercado) a nosso favor”, afirma Cioffi.
Essa é uma necessidade que fica clara, principalmente, quando avaliamos os números do Vale do Silício de forma mais atenta. Hoje, dos mais de 390 unicórnios (startups com valor estimado acima de US$ 1 bilhão) existentes em todo o mundo, 109 são da região da Baía de São Francisco (sendo que 30 destes negócios alcançaram esse nível em 2019). O que mostra bem a capacidade de atração dos investidores e a existência de um ambiente propício à geração de valor.
Portanto, outra lição recorrente do Vale do Silício é que quem teve sucesso em uma startup (ou empresa) reinveste em outras startups. A evolução do ecossistema é precisa ser encarada como uma iniciativa de mão dupla, em que todos têm seu papel: o investimento em uma nova ideia melhora a sociedade e, ao mesmo tempo, abre a chance da companhia encontrar novas possibilidades de negócios e pessoas.
Novos profissionais – Neste ponto, segundo Cioffi, outra lição da região que abriga o Google e a Amazon é a ampla presença de universidades, com jovens de mente aberta e visões de mundo diferente. A formação de novos profissionais é um ponto essencialmente importante para entendermos como aplicar a tecnologia para a transformação do mundo. Principalmente agora, em uma era na qual as empresas precisam estabelecer um propósito claro para a orientação de seu rumo estratégico, buscando e contando com colaboradores que realmente agregarão expertise, pensamento inovador e visão social à empresa. Por isso, saber contratar as pessoas certas e alinhadas ao propósito é uma competência chave para o sucesso dos negócios no mundo atual e algo que as empresas do Vale do Silício acentuam a cada dia.
Entre os principais aprendizados dos grandes nomes do Silicon Valley, portanto, está a necessidade de transmitir os aprendizados com o mundo. A colaboração e o compartilhamento são pontos muito importantes no mundo atual, e as companhias devem garantir que suas grandes conquistas e experiências de seus negócios retornarão à sociedade, impactando a vida das pessoas. A vida dos empreendedores é cercada por desafios. Crescer e inovar, contudo, são duas demandas que precisam fazer parte, sempre, das missões diárias. É necessário continuar aprendendo.
A disponibilidade de sistemas e modelos de computação estão à disposição para serem usados e apoiarem essa jornada. São esses recursos, afinal, que podem ajudar os empreendedores a garantirem mais inteligência e eficiência às ofertas e ao próprio modo de operação de seus negócios. É preciso avançar nesse estágio o quanto antes, pois empresas do mundo inteiro estão disputando o mesmo espaço. A inovação não está restrita ao Vale do Silício, e é hora de nosso ecossistema corporativo local também avançar nesse processo. As organizações que querem sobreviver ao futuro com bons resultados não têm tempo a perder. Suas estratégias e ações devem começar agora.
Fonte: Diário do comércio
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