Abrir um negócio próprio se tornou uma alternativa muito buscada durante a crise econômica causada pela pandemia. No entanto, muitos empreendedores não conseguem enxergar uma evolução em seus empreendimentos, causando insegurança ao dar continuidade nessa empreitada.
Para Danilo Mendes, empresário e engenheiro especialista em administração industrial e gestão de empresas, em muitos casos esse cenário acontece pela falta de conhecimento prático por parte dos empreendedores gestores.
“Quanto mais praticamos algo, mais nos tornamos capazes de resolver determinados problemas. Devorar os principais livros sobre técnicas de futebol, estudar questões fisiológicas dos maiores jogadores e ler sobre os treinos físicos que eles realizam não transformará ninguém em um jogador de futebol. Por outro lado, aquele que joga ou treina um pouco todo dia, acumulará uma boa quantidade de habilidade prática, que é o que traz resultado efetivo. Quando um ser humano faz repetidamente uma tarefa, permite que o cérebro mude sua estrutura para tornar aquilo mais natural”, revela.
De acordo com o empresário, para empreender não basta contar apenas com as competências técnicas, tão presentes em cursos e formações tradicionais que o mercado está acostumado a oferecer, mas também com as competências comportamentais.
“Em cursos é possível obter muita informação sobre determinados assuntos, mas isso, por si só, não garante resultado. A capacidade de aplicar da melhor forma tudo o que foi aprendido depende de um comportamento adequado para cada situação e, para isso, existem novos temas de cursos e formações. Para saber qual é o mais adequado, é preciso avaliar alguns pontos como, momento, perfil, competências, pontos de melhoria e ramo de atuação”, pontua.
Mendes afirma que atualizar-se é algo imprescindível, ainda mais em um mundo hiper conectado e com uma quantidade enorme de dados e informações gerados a cada dia. “Os mercados estão todos conectados. Uma notícia pode afetar as economias no mundo todo. Muitas das profissões que existirão em cinco anos sequer são imaginadas hoje e a inclusão digital criou uma concorrência global. Portanto, a busca por melhorias e inovação devem ser constantes em toda a equipe, em todos os níveis, desde gestores, até colaboradores. Estar em contato não só com a sua área de especialidade, mas também com outras que ajudam a potencializar o próprio negócio se tornou essencial”, relata.
Recentemente, a popstar Anitta foi convidada para dar aulas em uma universidade e virou alvo de críticas. Para o especialista em gestão de empresas, a cantora é um fenômeno em diversos aspectos, inclusive empreendedorismo. “Não é à toa que ela foi convidada para compor o conselho de administração de uma das maiores fintechs brasileiras. Ela assumiu a gestão da própria carreira tomando decisões estratégicas ao emplacar diversos hits, seus videoclipes têm milhões de visualizações e ela conta com fãs pelo mundo inteiro, marcando presença internacional. Anitta com certeza tem muito a ensinar sobre empreendedorismo e seus resultados falam por si só. No entanto, muitas críticas surgem sem que as pessoas ao menos saibam o conteúdo e a forma como ela ensina. Para os que não conhecem as outras capacidades da cantora, é difícil associar a imagem de funkeira à de professora”, declara.
De acordo com Mendes, o principal risco para empresários é esperar um sinal de alerta para começar a estudar e se atualizar. “Muitos esperam uma crise para arrumar o que precisam, mas pode ser tarde demais. O mercado tem cada vez menos espaço para amadorismo e as margens estão cada vez mais apertadas, então qualquer deslize pode custar caro e comprometer o negócio. Gestores e profissionais que querem se destacar precisam estar sempre em contato de conteúdo do seu meio, e relacionados direta ou indiretamente às suas atividades, seja através de cursos, treinamentos, podcasts, livros, audiobooks e outras modalidades que possam agregar uma forma de conhecimento”, finaliza.
Fonte: Diário do Comércio