A inadimplência está recuando em Minas Gerais. Em julho, no comparativo com igual mês do ano passado, houve redução de 1,65% no número de endividados no Estado. Na passagem de junho para julho, a retração foi de 1,18%. Quanto ao número de dívidas em atraso, a queda foi de 4,54% na comparação do mês passado com o mesmo período de 2016. Na relação julho/junho, a retração foi de 1,23%. Os dados constam do Indicador de Inadimplência do Conselho Estadual de SPC de Minas Gerais, divulgado ontem pela Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL-BH).
O presidente do SPC Brasil, do Conselho Estadual de SPC de Minas e da CDL-BH, Bruno Falci, atribui o recuo da inadimplência à redução do consumo e também à liberação do dinheiro das contas inativas do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). “Os consumidores reduziram as compras e privilegiaram o pagamento dos atrasados”, resume. Além disso, a queda da inflação e a redução dos juros estão facilitando a negociação da liquidação de débitos.
Segundo Falci, no momento de expansão da economia, várias pessoas que não estavam acostumadas com o crédito abusaram das compras e acabaram com o nome negativado. Com a retração econômica, alguns consumidores passaram por uma educação financeira “forçada”. “Percebemos que os consumidores estão mais atentos ao que podem gastar. Pesquisas da CDL apontam que as pessoas estão dando preferência a pagamentos à vista. É uma forma de não correr o risco de endividamento”, disse.
Quanto à faixa etária, em julho na comparação ao mesmo mês do ano anterior, o número de inadimplentes mais jovens, com idade entre 18 e 24 anos, teve queda de 27,96%. Essa característica é atribuída ao fato de esse público estar demorando mais a entrar no mercado de trabalho e, sem ter renda, não consegue consumir. Já as pessoas acima de 50 anos registraram a maior concentração de endividados (18,06%). Isso ocorre porque nessa faixa etária estão os responsáveis financeiros pelas famílias.
No aspecto gênero, a queda no número de dívidas foi maior entre os homens (5,25%), que entre as mulheres (4,38%), na comparação anual.
Empresas – A inadimplência das empresas em Minas registrou alta, mas em ritmo menos acelerado. Na comparação julho 2017/julho 2016, o aumento no número de pessoas jurídicas devedoras foi de 5,5%. Em julho do ano passado, o crescimento foi de 14,42%. Na passagem de junho para julho, a alta foi de 0,07%. No mesmo período de 2016, o crescimento havia sido de 1,03%.
Por setor, a inadimplência, na comparação anual (julho17/julho 2016), foi a seguinte: serviços (+8,99); comércio (+4,54%); indústria (+4,27%); agricultura (-0,55%) e outros tipos de estabelecimentos (-8,86%).
Quanto ao número de dívidas em atraso das empresas, houve aumento de 3,57% em julho, na comparação com igual mês de 2016. Em julho do ano passado, esse índice alcançou elevação de 16,77%. Na comparação julho/junho, o crescimento foi de 0,07%. No mesmo período de 2016, havia sido de 1,29%.
O freio no ritmo de endividamento das empresas decorre, segundo Falci, da melhoria de indicadores econômicos, como juros e inflação. Ainda de acordo com o presidente da CDL-BH, a recuperação da empresa é mais complexa e, por isso, mais lenta. Além disso, a retomada depende da melhoria da economia e da volta do consumo. “A retomada poderia estar ocorrendo de maneira mais ágil se não fossem os últimos escândalos políticos”, pondera Falci.
Fonte: Diário do Comércio