Conforme o esperado por especialistas, Belo Horizonte fechou 2017 dentro da meta de inflação estabelecida pelo governo federal. No ano passado, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) na capital mineira apresentou variação positiva de 3,94% e foi o menor registrado nos últimos 11 anos, ficando atrás somente do indicador de 2006 (3,74%). Os alimentos foram essenciais no processo de desaceleração do IPCA nos últimos 12 meses, tendo mostrado, em alguns casos, expressivas reduções de preços.
Os dados da inflação, assim como da cesta básica, confiança do consumidor e taxas de juros do município, no último ano, foram divulgados ontem pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, Administrativas e Contábeis de Minas Gerais (Ipead), da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). A coordenadora de pesquisa e desenvolvimento da entidade, Thaize Vieira Martins Moreira, avalia que o resultado do índice que mede o custo de vida da população em Belo Horizonte se mostrou bastante favorável à economia local.
“A inflação na Capital está abaixo do centro da meta (do governo), que é de 4,5%, o que é um resultado bem satisfatório para a economia. É uma das coisas que incentivaram até as decisões do Banco Central de reduzir a taxa Selic”, diz Thaize Moreira, ao se referir à influência do comportamento do IPCA, de modo geral, nos diversos cortes promovidos na taxa básica de juros, que terminou 2017 a 7% ao ano.
Dentre os 11 itens agregados que compõem o IPCA, os alimentos in natura (-13,88%) e os alimentos de elaboração primária (-3,49%) foram os que tiveram as maiores quedas de preços e, consequentemente, mais contribuíram para segurar a inflação na capital no último ano. Ainda entre os alimentos, os produtos que se destacaram foram o feijão carioquinha (-36,96%), a maçã (-29,82%) e o açúcar cristal (-22,69%).
Por outro lado, entre os itens não alimentares, os produtos administrados – representados por gastos com transporte, energia elétrica, combustíveis, entre outros – foram os “vilões” de 2017. Com uma alta de 6,74%, eles responderam por uma participação de 40,86% na variação do IPCA da Capital no ano. A gasolina foi o produto que, individualmente, apresentou o maior peso para a inflação neste caso, com um aumento de 13,69%, seguida por plano de saúde (13,55%) e seguro de veículos (27,68%).
O combustível, aliás, figurou constantemente entre as maiores contribuições mensais para a inflação ao longo do último ano. Em dezembro, de acordo com a Fundação, não foi diferente. A gasolina registrou alta de 4,15% no município e teve o segundo maior impacto na variação do mês, que fechou com IPCA de 0,60%.
“Esses reajustes (na gasolina) vêm de uma mudança na política adotada pela Petrobras, em que ela anuncia reajustes que podem ser diários no valor dos combustíveis, para tentar equilibrar com os preços internacionais. Mas para o orçamento familiar, a gasolina é um item que pesa bastante, e não foi à toa que ela foi destaque no ano”, analisa a coordenadora da Fundação Ipead.
Cesta básica – Além da inflação menor, o custo da cesta básica em Belo Horizonte no ano passado também ajudou a diminuir a pressão sobre o orçamento do consumidor. Em 2017, os gastos de um trabalhador adulto com alimentação recuaram 7,70%. O valor da cesta em dezembro foi de R$ 383,22 e representou 40,90% do salário mínimo.
Na passagem de novembro para dezembro, a cesta básica, no entanto, registrou variação positiva de 0,58%. Os produtos que tiveram maior aumento nos preços foram a banana caturra (17,94%), a manteiga (3,53%) e a batata inglesa (3,80%).
“A queda acumulada é uma notícia que alivia um pouco o bolso dos consumidores, considerando que a cesta básica em dezembro de 2017 fechou o ano custando R$ 383,22, enquanto em dezembro de 2016 havia uma cesta de R$ 415,18. Então, essa é uma boa notícia para os consumidores”, conclui.
Fonte: Diário do Comércio