A chegada de uma nova geração ao mercado de trabalho é frequentemente considerada impactante. Repletos de energia e vontade de construir o novo, de agregar ideias revolucionárias aos métodos e rotinas replicados por longos períodos, muitos dos jovens profissionais que passam a ingressar no mundo corporativo trazem essas características em comum.
De acordo com o Great Place to Work, as gerações Y (millenials) e Z já representam 60% da força de trabalho global. E como não poderia ser diferente, as lideranças devem estar preparadas para gerir equipes cada vez mais diversas e heterogêneas.
“Conflitos geracionais sempre existiram. O que vemos agora é a chegada de uma nova população economicamente ativa que já foi alfabetizada na era digital, o que não aconteceu com as gerações anteriores, que ainda carregam muitos pensamentos e crenças analógicas”, avalia Heloísa Capelas, escritora, palestrante e uma das maiores especialistas do país em autoconhecimento e comportamento humano. “Para que se alcance um equilíbrio entre todos, os líderes, por muitas vezes mais velhos, devem estar abertos para as novidades, quebrar antigos paradigmas que não fazem mais sentido e enxergar todas as possibilidades que a juventude tem a propor. Millenials e geração Z trazem, inclusive, outras prioridades, como a qualidade de vida, jornadas de trabalho flexíveis e muita, muita saúde mental”, complementa.
Tendo essa gestão de mudança comportamental e de crenças como um dos principais desafios, a especialista pontua que a inteligência emocional pode ser a chave para que as lideranças consigam lidar com as diversas gerações, entendendo seus interesses e ideias sem colocar todos os anos de trabalho, aprendizados e conquistas em risco.
“É preciso desenvolver a capacidade de ouvir, legitimar o pensamento do outro e aceitar que os erros podem continuar acontecendo, seja aderindo às ações que sempre deram certo ou seguindo novas ideias. Para isso, a inteligência emocional é fundamental, independentemente do contexto. O líder precisa estudar, ficar bom naquilo que faz, compreender o sistema que ele lidera, mas, antes de tudo, ele precisa ter consciência de si, de seu papel e de como ele impacta as pessoas. A inteligência emocional nos autoriza a existência e nos ajuda a permitir que o outro também vivencie essa experiência, para que juntos façamos um bom trabalho”, explica.
Autora do livro Inovação Emocional, Heloísa Capelas evidencia a importância desse processo para que a evolução possa de fato acontecer, inclusive, no que diz respeito às relações de trabalho. “A inovação traz a capacidade de correr riscos e nada nos impede de errar de jeitos diferentes do que foi feito no passado, até porque é assim que aprendemos. Inovar emocionalmente é isso, é dar um novo significado a uma boa conversa, é o respeito pelo sênior e pelo júnior, é poder olhar para essa juventude com muito respeito e dignidade, sabendo que são eles que vão herdar o mundo. E eles vão fazer do jeito deles, sim. Ainda bem”, conclui a especialista.
Fonte: Portal Administradores