Reforma Tributária: o novo sistema fiscal brasileiro e os impactos técnicos para empresas e contadores
A Reforma Tributária, aprovada pela Emenda Constitucional nº 132/2023, representa uma das maiores transformações do sistema fiscal desde 1988. Seu principal objetivo é simplificar, tornar mais transparente e modernizar a tributação sobre o consumo, substituindo um modelo fragmentado e cumulativo por um sistema mais racional e alinhado a padrões internacionais
O novo modelo substitui cinco tributos; PIS, Cofins, IPI, ICMS e ISS, por dois Impostos sobre Valor Adicionado (IVA) de competência compartilhada:
Esse modelo, chamado IVA Dual, funcionará com não cumulatividade plena, garantindo crédito integral do imposto pago nas etapas anteriores e eliminando o chamado “efeito cascata”.
A base de cálculo do IBS e da CBS será o valor total da operação, abrangendo bens e serviços, físicos ou digitais.
O crédito tributário será amplo, automático e irrestrito, incidindo inclusive sobre consumo, serviços essenciais e ativos imobilizados.
Essa mudança reduz litígios e interpretações divergentes, tornando o sistema mais previsível e neutro economicamente.
A implementação ocorrerá de forma gradual entre 2026 e 2033:
Durante a transição, empresas precisarão operar com sistemas duplos de apuração, exigindo ajustes tecnológicos e contábeis.
As alíquotas do IBS e da CBS serão uniformes para todos os setores, evitando distorções.
A Administração Tributária Nacional Integrada centralizará arrecadação, compensação e fiscalização.
O crédito será preservado mesmo em caso de inadimplência do fornecedor, trazendo maior segurança jurídica.
A alíquota total estimada do IVA Dual é de aproximadamente 25%, variando conforme a composição entre os entes federativos.
O novo sistema exigirá ampla adequação operacional, incluindo:
Essas mudanças demandam investimentos em tecnologia e capacitação técnica.
O contador assume papel central na transição, atuando não apenas no cumprimento de obrigações, mas como gestor tributário estratégico.
Entre as competências exigidas estão:
A preparação antecipada será essencial para reduzir riscos e garantir conformidade.
Alguns setores e regimes terão tratamento diferenciado:
Essas exceções visam equilibrar competitividade e justiça fiscal.
A Reforma Tributária inaugura uma nova era para o sistema fiscal brasileiro.
Embora a transição envolva desafios técnicos e culturais, o modelo promete simplificação, previsibilidade e redução de litígios, fortalecendo o ambiente de negócios e a competitividade do país.
Mais do que uma mudança legal, representa uma mudança de mentalidade, onde a gestão tributária se torna estratégica, tecnológica e orientada à eficiência.
Fonte: Contábeis