Ainda que pesquisas mostrem que sucessos extraordinários quase sempre envolvem algum grau de sorte, ainda é preciso que as pessoas sejam capazes de tirar vantagem quando a sorte sorrir para elas.
É por isso que, para perguntas sobre qual atributo desempenha o maior papel no sucesso, as respostas costumam ser as mesmas: talento, esforço, habilidade, tolerância de risco e, principalmente, inteligência.
Existem, no entanto, várias formas diferentes de inteligência. A cristalizada, como é chamado o conhecimento acumulado, é apenas uma delas.
Há também a inteligência fluida, descrita pelo escritor Jeff Haden em artigo escrito para a Inc. como a capacidade de aprender e reter novas informações e usá-las para resolver um problema, aprender uma nova habilidade e lembrar de memórias existentes e modificá-las com novos conhecimentos. Ela é, basicamente, a capacidade de aplicar a inteligência.
Segundo Steve Jobs, fundador da gigante da tecnologia Apple, “uma coisa engraçada sobre ser brilhante é que todos te colocam nesse caminho de se formar na escola, ir para a universidade. Mas o segredo é viver uma série de experiências que servirão de repertório ao tentar resolver um problema ou lidar com alguma questão de forma única. Você precisa ter diferentes experiências para fazer conexões inovadoras, você não pode ter a mesma vivência que todo mundo”
Assim, quanto mais experiências uma pessoa vive, mais chances ela tem de fazer novas conexões que a façam mudar sua maneira de pensar. “O que você precisa fazer é conseguir experiências diferentes. Para fazer conexões inovadoras, para conectar duas experiências, você não precisa ter o mesmo conjunto de experiências que todos os outros… ou fará as mesmas conexões”, disse o executivo.
Melhorar a inteligência fluída, de acordo com Haden, não é algo fácil. Famosos jogos cerebrais, como palavras cruzadas e Sudoku, não tornam ninguém mais inteligente de fato. Um estudo publicado na revista Behavioral and Brain Sciences em 2007, por exemplo, mostra que a atividade do cérebro até aumenta após semanas jogando, mas o efeito não é permanente.
Pelo contrário, a resolução daquela questão específica é aprendida, mas a inteligência não aumenta, uma vez que o cérebro não precisa mais trabalhar tanto.
Nos negócios, as coisas funcionam de forma similar. Aprender como usar um novo sistema como redigir propostas pode melhorar a inteligência fluída, até que esta habilidade seja dominada. Quando isso acontece, o cérebro não precisa mais trabalhar tanto, fazendo com que todo aquele novo músculo mental de inteligência fluida conquistado comece a atrofiar.
A solução, então é, depois de dominar alguma coisa, quando ela se tornar não apenas fácil, mas confortável, tente dominar outra coisa. Desta forma, existem dois ganhos: um fluxo constante de novas informações e habilidades que aumentam o conhecimento cristalizado, mas também garantem que o cérebro permaneça forte e preparado para forjar novas conexões neurais, o que torna o aprendizado ainda mais fácil.
Existe ainda um terceiro benefício. Quanto mais conhecimento cristalizado uma pessoa possui, mais ela poderá aproveitar o poder do aprendizado associativo, relacionando algo novo com algo que já conhece.
Segundo pesquisas, a aprendizagem associativa, tanto por causa da familiaridade quanto pelo contexto mais amplo, faz com que as pessoas aprendam mais rápido e retenham mais informações.
Essa, para Haden, é a receita. Aprender como fazer algo. Preparar os músculos neurais. Colocar esse conhecimento ou habilidade no bolso. E aprender a fazer outra coisa.
Aprender constantemente como ser um empreendedor melhor não apenas aumentará as chances de alguém ter sucesso, como também melhorará sua inteligência cristalizada e sua inteligência fluida, o que tornará maior a probabilidade de sucesso, independentemente da maneira com que ele é definido.
Fonte: Administradores