Nos últimos anos, vimos as empresas apostando, cada vez mais, em formatos diferenciados para impulsionar seus negócios e o desempenho de seus colaboradores. Seja por meio de cursos técnicos, mentorias ou workshops, tudo acaba sendo utilizado como uma maneira de engajar os funcionários.
Com a evolução da tecnologia e as diversas possibilidades oferecidas para o mercado atualmente, a prática de open innovation vem ganhando força entre as corporações, como uma forma de estratégia empresarial, já que o processo tem foco no colaborativo entre os funcionários — especialmente porque o conceito exige trocas entre as pessoas para que, juntas, possam cocriar soluções de alto impacto para as marcas.
Nesse sentido, o conceito de liderança ambidestra vem ganhando destaque ao longo dos anos e eu diria, inclusive, que a força da transformação digital — principalmente na última década — contribuiu para que o foco nesse tipo de gestão ganhasse mais tração. Mas se engana quem pensa que esse é um conceito novo, pois lá atrás, em 1976, Robert Duncan o utilizou pela primeira vez, em The ambidextrous organization: Designing dual structures for innovation, para abordar a questão.
De maneira simples e prática, a liderança ambidestra refere-se à habilidade de algumas corporações de investir capital humano e recursos em projetos pioneiros e inovadores, sem se descuidarem da gestão eficaz das operações e negócios tradicionais já em andamento.
Além disso, o conceito ambidestro busca valorizar a alta eficiência operacional dos colaboradores, uma vez que esses líderes estão constantemente abertos às novidades do mercado e destacam as soluções inovadoras no momento da tomada de decisões.
Particularmente, eu sempre acreditei na importância dessa capacitação, pois é imprescindível que os executivos, principalmente os especialistas focados na área de startups, conheçam esse universo para enfrentar os desafios do cotidiano.
Mas é claro que ainda existe um trabalho grande a ser feito em treinamento de lideranças ambidestras, especialmente porque é fundamental contarmos com gestores e equipes capazes de lidar com as incertezas, complexidades e paradoxos que a gestão da inovação exige.
No entanto, eu diria que é uma questão de sobrevivência ter essas habilidades, pois o atual cenário do país exige que os profissionais estejam antenados às movimentações de seus segmentos. Afinal, quem não se atualiza acaba ficando para trás. E é justamente nesse sentido que as lideranças ambidestras “caem como uma luva”.
Isso, porque a gestão permite ao líder descobrir as metas e objetivos ideais, assim como adotar um fluxo de trabalho mais eficaz. Dessa forma, como resultado, há uma melhoria no desempenho dos colaboradores e, consequentemente, nos ganhos da empresa. Assim, todas as partes são beneficiadas.
Vale destacar que, justamente por serem inovadores, os líderes ambidestros estão sempre buscando novas soluções para que o negócio cresça de forma dinâmica, criativa e competitiva. Do lado profissional, observo que o mercado está mais aberto para pessoas que estejam dispostas a se reinventar.
Claro que todo o dinamismo do mundo corporativo exige que tenhamos um mindset aberto para vivenciar novos desafios e aprendizados. Pensando nisso, acredito que o conceito ambidestro contribui para que os profissionais fiquem mais atentos às movimentações e compreendam a importância de se manterem atualizados.
De acordo com o estudo Future of Jobs 2020, realizado pelo Fórum Econômico Mundial, aproximadamente 94% dos líderes desejam que seus colaboradores busquem novas competências que os ajudem na rotina de trabalho até 2025. Isso nos mostra que se manter atualizado está se tornando um requisito para se permanecer ativo no mercado de trabalho.
Além disso, o sucesso de qualquer organização depende de colaboradores preparados e qualificados para assumirem as suas funções. Para isso, as companhias também passaram a investir na educação de seus funcionários.
Segundo dados do estudo global Top 5 priorities for HR leaders in 2022, publicado pela consultoria Gartner, 17,7% das empresas entrevistadas acreditam que a educação corporativa é, atualmente, a maior prioridade, e 76,5% buscam ou pretendem realizar investimentos nessa frente.
Para as empresas que querem começar um programa de inovação aberta, duas dicas que sempre compartilho: olhar para dentro, capacitando e criando uma cultura aberta à inovação, e olhar para fora, fomentando e colaborando com o desenvolvimento do próprio ecossistema. Isso, porque é impossível tentar fazer open innovation sem mudar seus paradigmas de gestão.
* Bruno Rondani é CEO e fundador da 100 Open Startups.
Fonte: Administradores