Forma de gestão imprescindível para o futuro, a liderança compassiva tem os pés bem firmados em mudanças que precisam ser feitas no presente. Para se tornar o líder que escuta com atenção, compreende com respeito, reconhece a importância da empatia e tem a colaboração de sua equipe como prioridade para chegar a bons resultados, é necessário refletir sobre seis competências essenciais ao novo CEO: humanidade, presença, coragem, inclusão, interconexão e compaixão.

1. Humanidade

Este é um primeiro passo e, por isso, importante e decisivo. Para exercer a liderança compassiva, é preciso sair do ego e identificar-se com a própria humanidade para deparar-se com a humanidade do outro.

O líder não é ser isolado em suas escolhas e decisões. Ao contrário, é parte do todo. E isso, justamente, é ser humano. Mas para atingir este estado de compreensão se faz necessário trabalhar a autoconsciência.

Ser autoconsciente consiste em observar as emoções e sentimentos, respeitando o que a intuição traz de benéfico. Neste sentido, conseguir parar antes de esboçar qualquer reação diante de um desafio, e mesmo uma provocação, é o grande segredo.

Se a insegurança for um obstáculo no meio do caminho, há uma técnica simples que compartilhamos aqui para dissipar aqueles pensamentos sabotadores que afloram em situações de estresse, brigas e conflitos:

• Pense na situação;
• Faça três respirações para estabilizar e regular as emoções;
• Reflita se a insegurança advém de algum viés inconsciente guardado dentro de si;
• Enfrente tudo o que vier e verifique se as emoções que sente não são padrões automatizados. E transforme uma resposta reativa em uma reação mais coerente e compassiva;
• Os resultados serão surpreendentes.

2. Presença

Esta segunda habilidade essencial do líder compassivo vem para mostrar que ser multitarefa está longe de ser produtivo. Pelo contrário. Todo excesso de informação gera distração, estresse e ansiedade.

A liderança compassiva faz com que o gestor seja 100% presente e aja de maneira equilibrada para o melhor desempenho.

Neste sentido, a meditação mindfulness é uma grande aliada na prática de se manter presente no momento. Como prática meditativa contemplativa multissensorial pode ser realizada enquanto se está sentado, em pé, deitado, durante as alimentações, caminhando ou até em posturas suaves de alongamento.

3. Coragem

A liderança compassiva exige coragem.

Professora e pesquisadora da Universidade de Houston, nos Estados Unidos, Brené Brown é uma referência no assunto. Para ela, os empecilhos que se opõem à gestão compassiva são a autocrítica, a expectativa da aceitação por parte do outro, o desejo de pertencer o tempo todo, a impermanência no presente e o não ouvir o próprio coração.

Dentro e fora do mundo corporativo, frequentemente se busca aceitação, pertencimento e reconhecimento. Mas aqueles que só dizem “sim” podem levar o gestor a se perguntar: “Será que esta pessoa que concorda sempre com tudo não tem criatividade e amor-próprio?”.

Corajosamente, é preciso coerência consigo mesmo neste caminho da liderança compassiva.

4. Inclusão

A quarta habilidade essencial ao líder do futuro é a inclusão.

A inclusão vai além da empatia. A liderança compassiva pressupõe não apenas sentir o que o outro sente, mas, efetivamente, ser facilitadora para incluir pessoas diversas, respeitando suas necessidades e seus interesses nos ambientes organizacionais.

Para incluir, verdadeiramente, é preciso ter coragem para seguir os valores em que acreditamos e estarmos dispostos a testar novos modelos.

A inclusão é, de fato, um exercício diário que consiste em saber conduzir conversas difíceis, trabalhar a imparcialidade, e não o julgamento, aceitar e estar a serviço do outro.

5. Interconexão

Da consciência de estarmos ligados e alinhados em uma rede vem a interconexão e a certeza de que a liderança compassiva requer a entrega às nossas inteligências física, mental e espiritual.

Quando compreendemos que tudo faz parte do todo nesta dimensão interconectada, permitimos que a realidade de nossa alma também esteja presente. Além do tato, paladar, olfato, da visão e audição, é preciso que sejamos atentos à intuição, à percepção, à sensibilidade, à sincronicidade, à inspiração, à voz que vem do coração para nossas tomadas de decisão.

Não são raras as vezes em que entramos em uma reunião e nos sentimos fisicamente mal. Também não é exceção quando tomamos uma decisão que contraria um “sexto sentido” que nos apontava outro caminho.

6. Compaixão

Chegamos à compaixão, a sexta habilidade essencial do líder compassivo.

Esta habilidade requer, primeiramente, que nos tratemos com mais gentileza, dizendo a nós mesmos que “está tudo bem”.

Muitas pessoas ainda acreditam que a autocrítica e a dureza com os próprios erros e fragilidades é algo bom e que ter autocompaixão é o mesmo que sentir pena de si mesmas. Na verdade, esmiuçar o fracasso, punir-se diante de uma falha e se culpar não farão de você uma pessoa melhor. Pelo contrário, essas atitudes alimentarão a sensação de “não ser bom o bastante”.

Ao invés de ter uma atitude autopunitiva, enxergue-se como um bom amigo. Pratique a autocompaixão. Ela é o segredo para termos resiliência. Veremos que é possível encarar os erros com um olhar otimista e curioso, para tentarmos novamente, ainda com mais entusiasmo.

E mais uma vez: tenha a certeza que o líder compassivo que você almeja ser no futuro se firma nas transformações do presente.

Por Ligia Costa

Fonte: RH pra Você