A Corporate Knights, publicação canadense especializada em responsabilidade social e desenvolvimento sustentável, divulgou em janeiro deste ano sua tradicional lista The Global 100 Difference, que reúne as empresas com melhores práticas de sustentabilidade corporativa no mundo. Entre os destaques, estão corporações da França, Finlândia e Bélgica.
A publicação destaca indicadores que norteiam o desenvolvimento sustentável e que são acompanhados anualmente pelo Fórum Econômico Mundial de Davos. Entre os indicadores, estão energia, emissões de carbono, consumo de água, resíduos sólidos, capacidade de inovação, pagamentos de impostos, a relação entre o salário médio do trabalhador e o do CEO, planos de previdência corporativos, diversidade e o percentual de mulheres na gestão.
No Brasil, as empresas mais desenvolvidas já começaram a considerar a política de sustentabilidade em seus planejamentos estratégicos, mas ainda existe um longo caminho a percorrer. “A liderança sustentável ainda está muito ligada à natureza. Precisamos desmitificar isso, trazendo o conceito mais amplo do tripé da sustentabilidade. As empresas precisam gerar valor para as pessoas e manter o equilíbrio da sustentabilidade, seja com ações voltadas ao meio ambiente, ao aspecto econômico ou ao social”, afirma a especialista em sustentabilidade Roseli Capudi, palestrante da Fadel.
Liderança sustentável
Na chamada Era da Urgência, as organizações estão cada vez mais prementes e atentas ao mercado, em busca de novas tecnologias e inovação. Neste caminho, estão os líderes formais e não formais que precisam estar alinhados ao propósito das empresas em busca de melhores resultados. Eles devem se perguntar quais impactos as empresas em processo evolutivo estão causando no meio ambiente, na economia e na sociedade. “O verdadeiro líder é aquele que sabe identificar pessoas certas e conduzi-las aos lugares certos. Este reconhecimento passa pela capacidade de observação e total atenção às pessoas, ao que chamo de Consciência Responsável”, afirma Roseli.
Em uma organização, a definição de diretrizes sustentáveis eleva seu nível competitivo. É necessário dedicar tempo para investir em planejamento estratégico, para evitar desperdício, ações desfocadas e retrabalho. “Construir um planejamento sustentável facilita a administração dos negócios e permite o exercício de olhar a empresa de dentro para fora e de fora para dentro, preparando-se assim para os altos e baixos do cenário sócio, político e econômico”, explica Roseli Capudi.
Na definição do Instituto Ethos, o negócio sustentável e responsável é a atividade econômica orientada para a geração de valor econômico-financeiro, ético, social e ambiental, cujos resultados são compartilhados com os públicos afetados. Sua produção e comercialização são organizadas de modo a reduzir continuamente o consumo de bens naturais e de serviços ecossistêmicos, a conferir competitividade e dar continuidade à própria atividade.
Por outro lado, de nada adianta construir belos planos se não for para alimentá-los. Rever permanentemente as estratégias e ajustar as rotinas fazem com que a empresa busque a melhoria contínua e, assim, possa crescer de forma mais sustentável. Um líder sustentável atua sob os seguintes valores: respeito às pessoas, equilíbrio econômico e atenção ao meio ambiente. Sem isso, as ações gerenciais não se fundamentam, e a liderança se enfraquece.
Aplicando conceitos na prática
Segundo Roseli Capudi, para que a sustentabilidade se torne uma realidade efetiva nas empresas, é importante começar a incluir a disciplina na grade curricular de escolas técnicas e universidades, a fim de preparar líderes conscientes e responsáveis. A liderança sustentável pode ser praticada por todo tipo de empresa, seja ela pequena, média ou grande. Existem ferramentas que dão embasamento técnico para práticas sustentáveis. As ações devem ter um propósito.
A gestão sustentável envolve os colaboradores, capacita o time e todos se beneficiam do projeto. “Quando as pessoas sabem os porquês das suas ações tudo fica mais fácil – existe crença e envolvimento mútuo”, diz Roseli Capudi, que é graduada em administração de empresas e capacitação em Responsabilidade Social Empresarial e Projetos Sociais pela Universidade Federal do Rio de Janeiro.
“Temos que olhar para frente e ver o mundo dos negócios como oportunidade de exercer o papel de cidadão responsável. Manter o equilíbrio de uma organização é um desafio constante que requer além do conhecimento técnico, uma construção de respeito e confiança com todos os atores envolvidos”, conclui a palestrante.
Fonte: Administradores
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