Como saber o grau de cada empresa nessa nova onda.
Seja pelo modismo, pela pandemia, pela reflexão do público ou pelo acesso maior à informação, os últimos dois anos foram cruciais para tornar a sigla ESG a nova queridinha do mercado financeiro e corporativo. A sigla que remete aos princípios de Meio ambiente, Responsabilidade Social e Governança corporativa é falada a cada momento de lugares diferentes e atrelada às mais variadas áreas profissionais e profissões, trazendo à tona uma possibilidade de lucro para investidores, empresas e profissionais que surfarem nessa nova onda politicamente correta.
Por mais que seja um tema de grande importância para o mundo, quem se envolve com o assunto deve se precaver, principalmente pela falta de métricas padronizadas que é algo responsável por atrair charlatões, falsos conhecedores e ainda empresas que dizem praticar o que nem sabem do que se trata.
Para tentar facilitar isso, descrevo a seguir uma teoria pessoal que retrata os estágios de maturidade das empresas quanto as agendas ESG. Essa teoria demonstra algumas condutas comuns dos dias de hoje, trazendo a luz o entendimento prévio das realidades ESG para as empresas e inclusive algumas ideias de como pode-se evoluir seu grau de maturidade através de ações concretas e eficientes.
Maturidade A – O Marketing/ESG: Esse estágio de maturidade é o mais perigoso de todos. A empresa entende que estar nas mídias usando a sigla ESG é uma forma de mostrar ao seu público engajamento. A grande preocupação é que a partir do momento em que você fornece publicação de um tema no qual você nem sabe o plano de ação a seguir, sua rotina para a criar um stress interno no ambiente de trabalho, levando em grande parte das empresas a cometer Greenwashing (lavagem verde, conhecido por publicações fake sobre os temas ESG). A empresa que pensa em ir por esse caminho, deve antes de tudo aconselhar-se com profissional conhecedor do mercado e desde já colocar em mente que a publicação de ações ESG é o último passo, visto que antes disso existe muito trabalho a ser feito das portas para dentro.
Maturidade B – O Meio Ambiente/ESG: Esse grau de maturidade avança um pouco além da maturidade A, porém, também oferece riscos. A empresa que entende que ESG é só tomar medidas ambientalmente corretas está muito enganada. O tema é muito mais evoluído do que isso e tem como proposta mostrar que a Governança, os meios social e ambiental devem andar juntos e focar esforços somente na vertente ambiental, mostrará aos stakeholders completo desconhecimento do tema e levantará riscos aos acionistas, que precisam antes de tudo de uma empresa sustentável para poder investir. Para empresas que estão nesse nível de maturidade, a sugestão é implementar um comitê interno com representantes das três vertentes do tema e criar meios de escutar os anseios dos stakeholders envolvidos. Isso é necessário para entender os pontos importantes para as partes interessadas na sua empresa e saber que ações devem ser tomadas em cada um dos temas.
Maturidade C – O Financeiro/ESG: Outro grau de maturidade comum dentro das empresas atualmente é o Financeiro/ESG. Algumas empresas estão entendendo que o ESG é somente uma estratégia de engajar investidores e por isso define a estratégia no mercado financeiro. A vantagem dessa estratégia perante as outras é que normalmente a área financeira faz muito benchmarking com outras empresas e escuta seus acionistas que costumam informar seus anseios e com isso, fazem a empresa “cair na real” com mais velocidade. Para essas empresas a sugestão é muito parecida com a maturidade B. Instituir comissões internas de trabalho para realizar o levantamento de riscos e fomentar as ações de escuta das partes interessadas. Os braços devem trabalhar muito das portas para dentro e os ouvidos devem estar muito atentos das portas para fora.
Maturidade D – O natural/ESG: Esse grau de maturidade é um dos mais evoluídos. As empresas nesse perfil são aquelas que naturalmente realizam ações contundentes nos temas sociais, ambientais e de governança mesmo que sem de fato estabelecer uma agenda ESG. Essas empresas demonstram com naturalidade fazer frentes de trabalho que atendam às necessidades dos stakeholders e com isso o stress do esforço excessivo para fazer as atividades não existe. Para esse perfil de empresas a sugestão é colocar no papel tudo o que faz e assumir compromissos públicos com as partes envolvidas. Isso demonstra a retidão da gestão e faz com que os investidores tenham mais confiança de aportar seus investimentos.
Maturidade E – O ESG/ESG: Esse talvez seja o grau de maturidade de excelência em ESG. As empresas que estão nesse nível, já publicam seus compromissos, cumprem com as demandas necessárias e ainda possuem uma agenda ESG clara e em funcionamento. Existem poucas empresas que chegaram até esse grau de maturidade e mesmo as que conseguiram a façanha, o desafio pela frente é muito grande para manter frente às demais diante de tentações de desvios para obter resultados mais rápidos. Para as empresas que estão nesse nível de maturidade, a sugestão é tornar isso público, apresentar sua consistência ao mercado e mostrar seu engajamento ao mundo. Além de servir como referência para quem ainda não chegou lá, essas empresas são o holofote do investidor pelo seu baixo risco de escândalos e além disso se tornam fortes o bastante no mercado para tornar-se preferência do consumidor.
Para o investidor, entender os tipos de maturidade das empresas é primordial para evitar trocar “Gato por lebre”. Para o profissional, entender cada uma das realidades é uma forma de conseguir entender que o trabalho é árduo e demorado, portanto, tentar pular etapas é um caminho ruim e sem volta. Investir em frentes ESG será uma nova realidade comum no mundo corporativo, portanto fazer certo agora, será ter uma reputação sólida em um futuro que será marcado pela competitividade.
Fonte: Administradores.com