A empresa Meta divulgou um relatório sobre a evolução das regras de privacidade de dados nos ambientes digitais.
Produzido em parceria com a Deloitte, o estudo “A Marketer’s Guide to Privacy-Enhancing Technologies” traz detalhes sobre as atuais demandas e possíveis mudanças relacionadas à privacidade dos usuários.
Além disso, fornece sugestões de como as empresas podem se preparar para as novas políticas de compartilhamento e armazenamento de dados.
O relatório também oferece insights importantes sobre como otimizar a coleta e o uso dos dados sem perder o potencial para expandir seu público.
O futuro da privacidade de dados são as Privacy-Enhancing Technologies (PETs) — em português, “tecnologias de aprimoramento de privacidade”.
As PETs são tecnologias que permitem coletar, processar, analisar e compartilhar informações preservando a privacidade e confidencialidade dos dados.
De acordo com o relatório, os ecossistemas de publicidade digital têm adotado as PETs porque essas tecnologias permitem aumentar a proteção de dados dos usuários sem causar fricção na jornada do consumidor.
Explico: dados pessoais são informações valiosas para que as empresas possam identificar perfis de comportamento e buscar oportunidades para apresentar seus produtos ou serviços de maneira personalizada.
Entretanto, a coleta de dados exige consentimento do usuário, o que pode causar um ruído na jornada de compra, já que o consumidor precisa autorizar o uso de seus dados em troca do que a empresa tem a oferecer (conteúdos, experiências ou produtos, por exemplo).
Um exemplo prático é o preenchimento de um formulário em uma landing page para receber um e-book em seu endereço de e-mail.
Nesse cenário, há algum tempo tem acontecido mudanças graduais, mas significativas. Uma delas é o fim dos third-party cookies.
Os profissionais de marketing precisarão se readequar para coletar os dados que precisam, ao mesmo tempo em que respeitam os limites do consentimento e da privacidade de sua audiência.
E aqui entram as PETs: essas tecnologias fornecem uma proteção robusta e confiável se combinadas com uma boa governança de dados e são uma ótima opção para estratégias digitais, pois evitam processos engessados de coleta e consentimento de informações.
O relatório também detalha os espectros da privacidade de dados dentro de uma organização e onde as PETs se encaixam nesse contexto:
De um lado, temos o espectro organizacional, em que a privacidade de dados recai sobre operações da empresa relacionadas à governança, ao consentimento de dados primários, à pseudo anonimização, entre outros. Do outro lado estão as PETs, que envolvem técnicas e tecnologias de proteção de dados.
O relatório enfatiza que é importante combinar os dois espectros (organizacional e tecnológico) para ter uma proteção de dados mais completa.
Implementar tecnologias de aprimoramento de privacidade é e continuará sendo um desafio nas empresas.
O relatório traz uma reflexão sobre a dificuldade em adotar soluções inovadoras e inteligentes em um panorama de recessão global. O caminho mais lógico para as empresas é continuar investindo nas táticas tradicionais que mais geram retorno sobre investimento.
Destaco este trecho do relatório que resume esse desafio e sinaliza um primeiro passo para superá-lo:
“A privacidade de dados pode ser vista pelas organizações mais como uma barreira do que um facilitador. Essa percepção pode fazer com que as marcas evitem contribuir com as soluções de privacidade. Essa narrativa só pode ser mudada com educação”.
De fato, construir um ambiente seguro de manejo de dados exige mais do que o mero conhecimento genérico sobre as tecnologias e recursos disponíveis: é necessário um entendimento mais profundo sobre a importância do tema, e isso só pode ser feito com campanhas de educação dentro das organizações.
Os profissionais de marketing têm um papel fundamental nesse processo. Nossos objetivos continuarão os mesmos (atrair, educar, engajar e converter potenciais clientes), mas lidar com uma grande quantidade de dados ficará cada vez mais complexo e desafiador.
Aqui destaco as recomendações do guia para se preparar para esse cenário.
1. Invista na educação sobre privacidade de dados
Saber o que são as PETs e sua importância é o primeiro passo na criação de um ambiente seguro para dados. Todos dentro de uma empresa (do estagiário à diretoria) devem ter entendimento sobre as estratégias de privacidade de dados e a relação destas com o posicionamento da marca.
2. Entenda onde seu negócio está hoje
Aqui entra uma pergunta fundamental: “sua empresa está consciente das mudanças nas regras de privacidade de dados?”. Além disso, saber quais dados a organização utiliza, como eles são coletados e protegidos vai determinar os próximos passos nas estratégias de confidencialidade.
3. Faça sua estratégia de dados tão colaborativa quanto seu negócio
Construir e aplicar uma estratégia de privacidade de dados não deve ser responsabilidade apenas dos times que são mais impactados por ela, como Marketing e Produto. Ter uma sinergia entre estes grupos e os de TI e jurídico, por exemplo, tornará as ações de privacidade mais efetivas.
4. Aprimore seus recursos de consentimento e privacidade de dados
Garantir a privacidade de dados vai muito além de um texto de consentimento em formulários de páginas web. Governança de dados, políticas de privacidade e investimento em tecnologia são os recursos necessários para construir um sistema confiável para coleta e manejo de informações no meio digital.
5. Faça parcerias e experimentos
Para construir uma arquitetura de proteção de dados utilizando as PETs é necessário contar com uma consultoria especializada. Realizar testes e experimentos com soluções de aprimoramento de privacidade também é recomendado.
Além disso, o benchmarking com outras empresas pode ser interessante para entender como elas protegem seus dados e de terceiros, adaptando o que fizer sentido para a sua realidade.
Em um contexto complexo de manejo de informações, o principal desafio do marketing digital é alcançar novos clientes e criar experiências cada vez mais personalizadas, aliadas à uma governança de dados eficiente.
As PETs sinalizam um caminho, como detalha o relatório da Meta, mas é preciso investir na educação dentro das empresas sobre a seriedade com que a privacidade de dados deve ser tratada nas organizações.
Quanto mais soluções para otimizar a privacidade de dados em uma empresa, menores as chances de lidar com crises de vazamento de informações. “É melhor prevenir do que remediar”, certo?
Fonte: Rock Content