Tecnologia que une o mundo físico ao digital abre caminhos para a “Era da Imersão”, e faz empresas correrem em busca de profissionais qualificados
Quando a televisão se popularizou na década de 1950, a maior previsão de supostos especialistas era a de que o novo aparelho substituiria o rádio, meio de comunicação dominante desde 1920. Não foi o que aconteceu. Atualmente, três em cada cinco pessoas escutam rádio em 13 regiões metropolitanas do Brasil, de acordo com uma pesquisa da Kantar Ibope Media.
O mesmo receio aconteceu com a chegada da internet, entre os anos 1980 e 1990. Para boa parte das pessoas, era óbvio: a web acabaria com a televisão. Hoje, além da população que escuta rádio, o Brasil também conta com 96% de domicílios que possuem uma TV, segundo dados mais atualizados do IBGE. No fim, todo mundo consome todas as mídias.
A mudança principal — e não prevista — foi a integração entre elas, afinal, é possível ouvir rádio e assistir TV na internet, assim como é normal acessar sites a partir de QR Codes na tela do televisor, por exemplo. Ao longo desses mais de 100 anos, a lição a se aprender com a história é de que os meios de comunicação não só coexistem, mas, principalmente, evoluem. Qual será, então, a próxima evolução?
Metaverso é a nova internet?
Para quem imaginou que passaríamos anos sem uma tecnologia revolucionária, se enganou: a tendência da vez é o metaverso. O termo surgiu ainda na década de 1990, mas ganhou relevância a nível global quando, no final de 2021, o Facebook alterou o seu nome para “Meta” e se declarou uma empresa de metaverso.
Seguindo os padrões históricos, a ideia de que ele é a nova internet já se fixou. Mas não é bem assim. Para ser considerado como uma “nova internet”, o metaverso precisaria apresentar um novo padrão de conexão. No entanto, o sistema está muito mais relacionado à capacidade de imersão que oferece aos usuários.
Por definição, o metaverso é a junção do mundo físico com o digital. Trata-se de um novo formato de plataforma que serve para criação de aplicativos e ferramentas de interação social. É um ambiente virtual que simula o mundo real, onde as pessoas são representadas por seus avatares. Nada mais é do que um mundo alternativo que os usuários podem acessar através de vários dispositivos e plataformas diferentes.
Para que serve o metaverso
Falando assim, é fácil pressupor que o metaverso seja um jogo online em que cada participante tem um avatar. Não deixa de ser verdade, mas apenas parte dela. Essa ideia de que o metaverso é um jogo é muito simplista diante do potencial da tecnologia.
Baseado em realidade aumentada, virtual e mista, o metaverso apresenta um mundo de possibilidades com foco total na imersão. A tecnologia usa dispositivos e sistemas como óculos de realidade virtual, além de realidades aumentada, mista e virtual para fazer com que os usuários se sintam cada vez mais dentro dos mundos digitais e para que o mundo físico tenha uma interação realística com o virtual.
Para ficar mais claro, vamos a alguns exemplos. Imagine que você contratou um arquiteto para projetar a sua casa. Na entrega, o profissional te convida a entrar no ambiente vazio e utilizar um óculos de realidade virtual para enxergar todos os móveis e objetos projetados no lugar, exatamente como eles ficarão.
Na área da saúde, estudantes de medicina podem usar óculos inteligentes para projetar um corpo nas aulas de anatomia e acabar com a necessidade de cadáveres. Mas além das aplicações técnicas, o metaverso será utilizado no nosso dia a dia e vai se tornar tão importante quanto o nosso celular (isso se não substituí-lo).
Pense no seguinte cenário: utilizando um óculos de realidade aumentada, você encontra alguém na rua e automaticamente já aparecem na sua frente o telefone, o e-mail e o perfil dela nas redes sociais. E antes que você se pergunte como alguém vai usar um óculos de realidade virtual enorme na rua, vale ressaltar que toda a tecnologia está muito no início.
Ou seja, os óculos atuais podem ser comparados aos computadores que ocupavam uma sala inteira quando a internet surgiu. Esses dispositivos serão muito otimizados até se tornarem um item prático do dia a dia, assim como, com o tempo, o computador virou um pequeno celular em suas mãos. Ou seja, em breve, o metaverso vai mudar o modo como experimentamos o mundo, das compras ao trabalho.
Empresas buscam especialistas em metaverso
Parece tudo muito futurístico, mas tudo já está acontecendo e essa é a ambição das grandes empresas que estão investindo muitos bilhões de dólares no metaverso. Para se ter uma ideia, em 2021 o metaverso movimentou US$ 13 bilhões; em 2022, os investimentos já passam dos US$ 120 bilhões.
Segundo os maiores bancos e instituições financeiras do mundo, o mercado do metaverso pode representar uma oportunidade de receita de até US$ 13 trilhões. E não são apenas empresas de tecnologia que apostam na nova tendência. Afinal, não são apenas as bigtechs que usam a internet, a maioria absoluta das empresas fazem uso do sistema.
E é essa mesma lógica que explica porque a busca por profissionais não está limitada ao setor de tecnologia. O metaverso precisa sim de programadores para desenvolvê-lo em sua estrutura, mas as empresas precisam de especialistas que saibam como inserir os negócios nesse novo ambiente. E esse especialista é o Digital Manager.
Fonte: Exame