A Fundação João Pinheiro (FJP) divulgou nesta segunda-feira (18) o resultado do Produto Interno Bruto (PIB) mineiro no segundo trimestre e, tecnicamente, o Estado não se encontra mais em recessão.
Com a alta do indicador em 1,7% de abril a junho, na comparação com os primeiros três meses de 2017, Minas Gerais cresceu pelo segundo trimestre consecutivo, deixando a condição desfavorável para assistir ao início da aguardada recuperação econômica.
“O resultado foi tão bom que a gente sai daquele termo técnico de ‘recessão’ – que são dois trimestres seguidos de queda -, passa a ter uma recuperação já demonstrada e, além disso, a gente tem um reflexo no mercado de trabalho. No mercado mineiro, por exemplo, de janeiro a junho, tivemos 53 mil postos de trabalho criados, além dos que foram desligados”, avalia o pesquisador da FJP Glauber Silveira.
Em valores correntes, o PIB mineiro no segundo trimestre totalizou R$ 145,8 bilhões. O resultado positivo no confronto com os primeiros três meses do ano (1,7%) foi puxado, principalmente, pela evolução do setor serviços, que expandiu 0,5% e gerou R$ 85,3 bilhões em riqueza para o Estado no período.
O crescimento dos serviços, responsáveis por quase 65% da composição do PIB em Minas Gerais, teve influência da melhora no comércio: no mesmo intervalo, o segmento subiu 1,4%. Na análise da FJP, a liberação do saque de contas inativas do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) pelo governo federal ajudou a estimular o consumo devido à injeção de renda extra na economia.
Ainda no confronto com o trimestre anterior, a agropecuária – que de janeiro a março havia subido 8,5% – surpreendeu no segundo trimestre e recuou 0,2%. O desempenho negativo foi justificado, entre outros, pela menor produção do café arábica, que não foi totalmente compensada pela alta da safra de cereais. No mesmo caminho, a indústria amargou retração de 0,1%, resultante do menor nível de atividade na extrativa mineral (-4,9%) e na energia e saneamento, que caiu 3,0%. De abril a junho, agropecuária e indústria geraram, respectivamente, R$ 13 bilhões e R$ 30,2 bilhões para o Estado.
Em relação ao segundo trimestre de 2016, o PIB mineiro também cresceu: 0,6%. Nesta base, o setor que apresentou maior contribuição foi a agropecuária, com elevação de 4,7%, seguida de serviços (0,4%). A indústria, que gradativamente vem diminuindo o ritmo de queda, ainda registrou retração de 2,3%.
Revisão – No evento de apresentação dos números, ontem, a Fundação João Pinheiro anunciou a revisão do PIB do primeiro trimestre. Ao invés da estabilidade (0,0%) apurada preliminarmente na comparação com o trimestre anterior (out-dez/2016), a entidade identificou um crescimento de 0,5% nesta base. A alta, somada ao resultado positivo do segundo trimestre, possibilitou a saída de Minas (que vinha de oito trimestres consecutivos de queda) da condição de recessão.
Os pesquisadores da FJP, no entanto, ainda tratam a situação da economia mineira com certa cautela. De acordo com Silveira, para ter certeza de que a recuperação do Estado é sustentável, é necessário pelo menos quatro trimestres seguidos de crescimento. O pesquisador destaca também a importância do desempenho da indústria dentro desse processo.
“O crescimento sustentável depende ainda do crescimento industrial. Nesse segundo trimestre, o setor industrial ainda não tem um desempenho tão favorável, mas se a gente pegar as taxas anteriores e perceber que ele caiu tão pouco agora, já é um sinal positivo também para a economia mineira”, destaca.
Projeções – No acumulado em 12 meses, o PIB mineiro registra queda de 0,8%. De janeiro a junho, porém, o indicador aponta elevação de 0,2% na produção de riquezas do Estado. A expectativa da Fundação é de que Minas Gerais encerre 2017 com crescimento, com uma taxa semelhante à projetada para o Brasil para o ano: 0,5%. O PIB nacional no primeiro semestre foi de 0,0%.
Fonte: Diário do Comércio