Prêmio Péter Murányi reconhece e premia trabalhos que, de forma inovadora e prática, contribuem para a melhoria da qualidade de vida das pessoas.
Um nanoscópio desenvolvido na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) conquistou o Prêmio Péter Murányi 2024. A premiação, que tem foco em ciência e tecnologia, anunciou os três vencedores na última semana. O projeto da universidade mineira foi agraciada em primeiro lugar com um prêmio de R$ 250 mil.
Intitulado “Nanoscópio: a ampliação da realidade através da ciência e da tecnologia”, o projeto, liderado pelo professor Ado Jorio de Vasconcelos do Departamento de Física, teve como meta a concepção e fabricação de um nanoscópio (dispositivo óptico capaz de gerar imagens na escala do nanômetro, ou seja, mil vezes menor que o metro) para aplicação na nanotecnologia.
Dentre as utilizações do instrumento, destaca-se a investigação de materiais bidimensionais, como o grafeno, e de materiais relevantes para o setor agroindustrial, como os biocarvões. O dispositivo, já patenteado e com a tecnologia concluída, está pronto para ser transferido para a indústria.
O Prêmio Péter Murányi, estabelecido em 1999, é uma iniciativa anual com o propósito de reconhecer e premiar projetos que, de maneira inovadora e prática, contribuem para a melhoria da qualidade de vida.
Nesta edição, 144 trabalhos indicados por 78 instituições nacionais foram avaliados. Os três primeiros finalistas recebem uma premiação de R$ 250 mil, além de troféu e certificado de reconhecimento público.
A iniciativa ‘Reator sustentável’, da Unicamp, ficou em segundo lugar e consiste na pesquisa de eletrodos de óxidos metálicos e células solares, visando aplicações na purificação da água ou na conversão de gás carbônico (CO2) utilizando energia solar. Em terceiro lugar ficou o projeto “Tecnologia para combate à evasão escolar” da Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB).
Nanoscópio: a ciência e a tecnologia ampliando a realidade
A UFMG reuniu pesquisadores dos programas de pós-graduação em Física, Engenharia Elétrica, Ciência da Computação e Inovação Tecnológica, além de profissionais de Matemática Computacional, Química, Engenharia Mecânica, Engenharia de Produção e Arquitetura para o desenvolvimento do nanoscópio.
O processo teve início em 2011, com uma tese sobre o tema, que na época recebeu grande reconhecimento. Dez anos depois, em 2021, um artigo publicado na revista Nature explicou como o equipamento poderia ser utilizado para extrair informações sobre as estruturas vibracionais e eletrônicas do grafeno, sendo essencial para compreender suas propriedades, incluindo a supercondutividade.
“A descoberta atesta a importância do papel que o nanoscópio terá para a pesquisa em diversos campos. A transferência da tecnologia renderá frutos para a ciência, em escala global, para a UFMG e para o Brasil”, afirmou na publicação.
No último ano, a versão comercial do equipamento desenvolvida pela empresa FabNS, sediada no Parque Tecnológico de Belo Horizonte (BH-TEC) e fundada por ex-alunos da UFMG, foi exportada para a Alemanha, um centro de excelência em instrumentação científica.
Fonte: Diário do Comércio