O feedback é uma ferramenta poderosa em ambiente corporativo. O recurso de estímulo e direcionamento é capaz de promover mudanças drásticas no engajamento e na produtividade de um colaborador, tanto para o bem quanto para o mal.
De acordo com Lucas Oggiam, diretor de empresas, “o gerente que pouco ou não se comunica com sua equipe tem grandes chances de ser mal avaliado ou ficar muito afastado de seu time. Isso é péssimo para o desenvolvimento de carreira dele e de sua equipe. Um líder precisa sempre apontar para seus comandados o que está errado e como fazer para melhorar, como também elogiar. Um funcionário que não recebe feedback tende a estacionar na carreira e muitas vezes sentir-se desmotivado, primeiro sinal para queda de produtividade ou busca de novos desafios em outra empresa”.
Contudo, apesar do impacto que a comunicação entre líder e liderado pode promover, aplicar o feedback não é tão simples e tampouco tão óbvio quanto soa parecer. Por conta disso, a Muta, ecossistema digital de soluções empresariais, incluiu um “detox” em seu sistema de feedback, um mecanismo para tornar a prática mais humanizada e eficiente. Vamos entender melhor o conceito.
A transformação do Feedback
Segundo Rachel Frota e Clarissa da Rosa, sócias da Muta, é essencial, primeiramente, quebrar a imposição presente nos feedbacks atuais. O momento, que deveria representar uma troca entre a liderança e o colaborador, é muitas vezes encarada como uma “lavagem de roupa suja”, na qual o gestor expõe falhas, apresenta cobranças e mantém um foco maior no que está dando errado ao invés de também considerar e enfatizar os pontos positivos. A consequência é um funcionário menos engajado, com a motivação em baixa e mais ansioso. “O feedback em nenhuma circunstância deve ser um processo que cause medo”, pontua Rachel.
A Muta trabalha com foco na inteligência emocional, tanto de sua equipe de trabalho quanto de seus clientes. As sócias reforçam que tanto lideranças quanto o RH precisam ter ciência da influência que possuem e do impacto que podem causar, o que é ainda mais evidente no período de pandemia que o país enfrenta. Em razão disso, a empresa tem um trabalho de desenvolvimento de soft skills, apostando em líderes com abordagem humanizada.
“O processo do feedback detox e de um trabalho humanizado em si consiste em você, como líder, estabelecer um laço de confiança com os seus liderados. Para isso é preciso desenvolver uma comunicação sutil, acolhedora e empática. É preciso enfatizar que todos têm o seu valor. O conceito do detox surgiu porque, diante de todo o nosso processo de imersão, de compreensão da nossa e de outras empresas, de nos comunicarmos com públicos diferentes, notamos que a valorização do colaborador é uma ‘compra coletiva’. O recurso foi moldado a partir de análises e coletas de dados que mostram como as pessoas são impregnadas a se sentirem julgadas e oprimidas com o feedback tradicional”, esclarece Clarissa.
Ou seja, o detox é uma “desintoxicação” do formato atual. Um trabalho que consiste, também, em abordagens que respeitam a particularidade de cada indivíduo, uma vez que algumas pessoas têm mais facilidade do que outras para lidar com críticas – mesmo construtivas – e com a percepção de que há pontos que precisam evoluir. Compreender a resiliência de cada um é parte importante no processo, para que a comunicação flua e não seja nociva.
“É fundamental que as pessoas consigam praticar o feedback. O próprio formato atual, de primeiro elogiar e depois criticar, começa, aos poucos, a ficar em desuso, porque é mecanicista. E o princípio do feedback está exatamente em não ser uma troca mecânica. Há circunstâncias, inclusive, em que o feedback pode ser somente positivo, não havendo a necessidade de ser construtivo, ou seja, de moldar comportamentos. Uma outra situação que justifica o detox é que muitos líderes se distanciam completamente do que é o feedback ao tentar aplicá-lo, tornando-o engessado e incômodo, além de pouco humano”, explica Rachel.
Outro ponto importante é o da adaptabilidade. Para Clarissa, tratar o recurso com maior leveza é torná-lo mais orgânico na vida das pessoas. O líder precisa treinar a sua abordagem e se adaptar ao ambiente e à sua equipe, e não somente o contrário – toda a equipe se adaptar ao líder.
“Estamos falando de relações. Elas precisam ser tratadas com respeito, com a capacidade de se colocar no lugar do outro. Eu sou igual ao outro, independente da minha função”, comenta Clarissa. “As soft skills não devem ser desenvolvidas só pela gestão. O gestor sabe a ferramenta de feedback, mas o liderado não. Ele só é treinado quando ele chegar na liderança, um gap que precisa mudar e que causa desencontros”, finaliza Rachel.
Fonte: Rh pra você
Imagem: Monsterstudio – Freepik.com