A literacia e a proficiência digital há muito que deixaram de ser uma espécie de “bónus” curricular ou uma competência crítica estritamente associada às profissões tecnológicas. Independentemente da sua função ou área de negócio, é hoje exigido a todos os profissionais um leque mínimo de competências digitais essenciais para operar com fluidez em ambiente digital e remoto – quer ao nível de novos dispositivos eletrônicos, redes, cibersegurança, marketing digital, redes sociais, e-commerce, análise de dados, edição digital de imagens e vídeo, tecnologia Cloud, entre outras.
A pandemia acabou por impulsionar a importância do desenvolvimento destas competências digitais. Mas mais do que isso, revelou uma enorme lacuna de competências para além do digital, competências sociais, emocionais e comportamentais (soft skills) que nenhuma tecnologia, dispositivo ou aplicação consegue (para já) substituir. Falamos de colaboração remota, comunicação digital, agilidade e adaptabilidade, criatividade e sentido de inovação, espírito de iniciativa e empreendedorismo, organização eficaz do trabalho e capacidade de aprender a aprender – competências que começam já a tornar-se ativos escassos e muito procurados, merecendo por isso a nossa aposta coletiva.
Estudo internacional “Transformation, Skills & Learning”
A reinvenção obrigatória das organizações passa hoje pela reinvenção dos postos de trabalho e por colocar as competências (digitais e soft skills) ao serviço da atualização das novas formas de trabalhar e dos novos modelos de negócio. É isso que revelam os dados do estudo internacional “Tranformation, Skills & Learning”, apresentado este ano pela CEGOC e para o qual foram entrevistados 1.783 colaboradores e 254 Diretores e Responsáveis de RH/L&D de organizações europeias.
A pesquisa mostra precisamente que a transformação digital está a acelerar, o desenvolvimento de competências está a tornar-se cada vez mais estratégico, a necessidade de consolidar competências sociais e digitais está a aumentar e, para encarar este novo cenário, os colaboradores estão cada vez mais envolvidos na sua formação. Assim, os Diretores de RH reconhecem que as competências utilizadas em 45% das profissões existentes nas suas organizações poderão tornar-se obsoletas nos próximos 3 anos. 77% dos colaboradores partilham desta opinião e consideram que as transformações digitais podem alterar por completo a sua forma de trabalhar, enquanto que 27% temem mesmo que a digitalização leve à extinção dos seus postos de trabalho.
Tendo em conta esta nova realidade, o desenvolvimento de competências é a primeira “alavanca” ativada por 75% dos departamentos de RH para lidar com o impacto das transformações tecnológicas – estes responsáveis consideram que as Soft Skills (34%) e as competências digitais (35%) precisam ser rapidamente reforçadas. Preocupados com o futuro, também os colaboradores veem na formação a melhor solução para promover a sua empregabilidade: 90% estão dispostos a aceder a percursos de aprendizagem por conta própria para responderem eficazmente às mudanças nas suas profissões e no mercado de trabalho, 71% aceitariam frequentar uma formação no seu tempo livre e 45% admitem até vir a financiar parte da sua formação, se necessário.
A crise pandémica obrigou-nos a uma reflexão profunda em torno da importância do desenvolvimento e atualização dos nossos conhecimentos e práticas de trabalho – um incentivo tão repentino como inesperado, mas que serviu para encorajar e otimizar a nossa vontade coletiva de aprender, como forma de nos adaptarmos a esta nova realidade e encararmos o futuro com confiança… e munidos das competências necessárias.
Fonte: Cegoc