A participação das mulheres como empreendedoras e no mercado de trabalho das micro e pequenas empresas foi alvo de levantamento realizado pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de Minas Gerais (Sebrae Minas) para o Dia Internacional da Mulher, comemorado ontem (8). Segundo a pesquisa, baseada em dados do Portal do Empreendedor, nos últimos cinco anos, o número de mulheres Microempreendedoras Individuais (MEI’s) mais que dobrou no Brasil. Em 2013, o número de formalizadas que trabalhavam por conta própria era de 1,3 milhão e saltou para 3 milhões em 2018, um aumento de 124%.
Dados da Receita Federal mostram ainda que, até fevereiro deste ano, dos cerca de 6,3 milhões de MEI’s no País, 48% eram mulheres. O Rio de Janeiro é o estado em que elas são a maioria (51%), e, em Minas Gerais, dos mais de 736 mil formalizados, 47% eram mulheres, somando aproximadamente 347 mil empreendedoras em todo o Estado.
Para o analista do Sebrae Minas, Breno de Oliveira, o crescimento do empreendedorismo no País, em geral, está relacionado com o cenário econômico dos últimos anos, uma vez que o aumento do desemprego reforça a necessidade de empreender.
A pesquisa Global Entrepreneurship Monitor 2016, coordenada no Brasil pelo Sebrae e o Instituto Brasileiro de Qualidade e Produtividade (IBQP), mostra que 48% das mulheres empreenderam por necessidade, em comparação a 37% dos homens, e, na avaliação de Oliveira, essa motivação pode ser uma das causas do aumento do número de MEI’s do sexo feminino.
“O contexto econômico levou tanto mulheres quanto homens a empreenderem por necessidade nos últimos anos, e isso se torna uma condição de sustento, para se manter. No entanto, uma parcela maior de mulheres empreendeu por necessidade e não por oportunidade, e esse fator pode ter sido determinante para o aumento das microempreendedoras registradas no período”, explicou o analista.
Mercado de trabalho – Em relação ao mercado de trabalho das Micro e Pequenas Empresas (MPE’s), levantamento do Sebrae Minas, feito com base em dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), mostra que dos mais de 8 milhões de demitidos pelas MPE’s em 2017, 39,8% eram mulheres.
No mesmo período, foram admitidas 4,3 milhões de mulheres, cerca de 39,3% dos contratados pelas MPE’s no ano passado. Em Minas Gerais, o número de contratações (411.626) também superou o de desligamentos (403.089), registrando um saldo positivo de 8.537 empregos em 2017.
Apesar do aumento da participação das mulheres no mercado de trabalho das MPE’s, a desvantagem salarial ainda é uma realidade. Segundo dados do Caged, as mulheres contratadas em 2017 ganhavam, em média, R$ 1.281, cerca de R$ 150 a menos que os homens. O maior contraste foi entre as mulheres demitidas que tinham o ensino superior completo, que chegavam a ganhar, aproximadamente, R$ 1.161 a menos que os homens na mesma situação.
Em Minas, a diferença salarial é ainda maior. As mulheres admitidas ganhavam, em média, R$ 163 a menos que os homens e as demitidas tinham um salário cerca de R$ 180 menor que o do sexo masculino.
“Em períodos de expansão econômica, essa diferença de rendimento tende a diminuir, mas há também a questão cultural e a discriminação. Fatores como a afastamento durante a maternidade e ausências no trabalho devido à carga extra de trabalho em casa ainda são levados em conta. Por mais que a mulher seja maioria no País, no mercado de trabalho ela ainda é minoria e, à medida que elas ocupem mais postos de trabalho, esperamos que essa diferença salarial diminua”, comentou Oliveira.
Fonte: Diário do Comércio